10 de março de 2017
O nosso principal objetivo em visitar o Panamá era conhecer o Canal, que liga o Pacífico ao Atlântico. Quando planejamos a viagem para Cancun, a melhor opção aérea foi com a Copa Airlines, companhia panamenha, vimos nisso uma oportunidade para realizar esse sonho. Definimos ficar dois dias na Cidade do Panamá e cumprir essa etapa obrigatória na vida de um viajante pelo mundo.
Contratamos um tour no hotel, para uma visita guiada ao Canal do Panamá, além disso terminaríamos a manhã em um passeio panorâmico pela Cidade do Panamá e finalizaríamos na parte antiga da cidade, conhecida como “Casco Viejo”.
Seguimos direto para a Eclusa de Miraflores, na região do Canal. São 12 quilômetros desde o nosso hotel, na zona hoteleira da Cidade do Panamá. Chegamos no Canal e fomos para o Centro de Visitantes, onde pudemos presenciar alguns navios atravessando a Eclusa de Miraflores e as manobras de abertura e fechamento das comportas, bem como a variação do volume de água dentro dessas eclusas.
O Panamá é um pequeno país localizado na América Central. Apelidado de “Ponte das Américas”, pois possui a formação geográfica de um istmo. Uma estreita faixa de terra interligando dois blocos continentais. É no Panamá, que o istmo fica mais estreito. No local onde foi construído o Canal a faixa de terra possui apenas 77 quilômetros separando o Oceano Atlântico do Pacífico.
Antes da existência do Canal do Panamá, qualquer navio que precisasse fazer a viagem da costa leste para a costa oeste dos Estados Unidos, obrigatoriamente dava a volta no extremo sul da América do Sul, no perigoso Cabo Horn, através da Passagem de Drake e do Estreito de Magalhães. O canal diminuiu imensamente o tempo dessa travessia e a distância, em aproximadamente 13 mil milhas. Esse foi o motivo que justificou o esforço gigantesco para a construção do Canal. Um navio que levava meses para ir de Nova York a São Francisco, passou a fazer a mesma viagem em aproximadamente 9 horas. Entre o tempo de espera e o cruzamento do Canal, pode levar de 20 a 30 horas.
O Canal do Panamá é artificial, possui aproximadamente 80 quilômetros de extensão. É fundamental para o comércio internacional. A ideia para a sua construção ganhou força após a inauguração do Canal de Suez, em 1869, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e possibilitando a integração do Oceano Atlântico ao Oceano Índico.
A França, através da Companhia Suez, de Ferdinad de Lesseps, que construiu o Canal de Suez, decidiu tentar construir o Canal do Panamá a partir de 1880. Após 20 anos de trabalho e de investimentos vultuosos, abandonou o projeto por falta de recurso, problemas de engenharia e assustada pela grande quantidade de mortos vitimados por doenças tropicais, em especial a malária e a febre amarela, que vitimou cerca de 20 mil pessoas.
Em função dos entraves colocados pelo governo colombiano para a construção do canal, os Estados Unidos começou a financiar grupos separatistas, interferindo na geopolítica do Panamá, que se separou da Colômbia em 1903 e possibilitou o início das obras no ano seguinte. O projeto foi retomado pelos Estados Unidos, em 1904, após a independência do Panamá, que levou dez anos para a conclusão da obra. Foi inaugurado oficialmente em 15 de agosto de 1914.
O canal passou a pertencer aos Estados Unidos, que detinha também, o controle sobre as suas margens. Adquiriram a posse da faixa ao redor do Canal, incluindo uma distância de 5 milhas para cada lado. Toda a área era uma base militar norte americana. Após conflitos envolvendo militares americanos e estudantes panamenhos, foi assinado um acordo em 1977, o Tratado Torrijos-Carter, onde a zona do Canal passaria por uma administração conjunta entre os dois países, até 1999 e a partir daí, finalmente seria gerenciado e operado pelo governo do Panamá, através da Autoridade do Canal do Panamá, uma agência do governo. Com a passagem do Canal para os panamenhos eles herdaram também uma completa infra-estrutura de ferrovia, rodovias, duas hidrelétricas, uma base aérea, e vilas militares.
O Canal do Panamá foi uma das maiores e mais difíceis obras de engenharia já realizadas no mundo até então. Como o território do Panamá é montanhoso, foi necessário escolher cuidadosamente o seu trajeto. Mesmo assim, ele somente se tornou possível através de um engenhoso sistema de eclusas e construção de lagos artificiais.
Os navios saem do Oceano Atlântico, sobem eclusas, onde são elevados a 26 metros de altura, até chegar ao nível do Lago Gatun. Um lago artificial criado para diminuir o esforço na construção do Canal e nas escavações. Depois de atravessar o Lago Gatun, os navios descem uma eclusa até o Lago Miraflores, também artificial, localizado a 16 metros de altura, e seguem viagem por mais canais e eclusas até chegar ao Oceano Pacífico.
A eclusa mais estreita do Canal original possui uma largura de 33,5 metros, o que condicionou, durante muito tempo, a indústria naval a construir navios com largura máxima de 33 metros, para que eles pudessem passar pelo Canal do Panamá. Esse padrão é denominado Panamax. Largura de 32,3 metros, comprimento de 294 metros e calado de 39,5 metros.
Com o surgimento dos superpetroleiros e supernavios de carga, o Canal do Panamá passou a viver um novo desafio. Aumentar a largura e profundidade para possibilitar navios maiores. A partir de 2007, começou a construção de um novo canal, inaugurado em 2016, com a passagem do supercargueiro Cosco Shiping Panamá, de bandeira chinesa. Esse novo canal possibilita a passagem de navios com até 49 metros de largura e 366 metros de comprimento, abrindo novas e gigantescas possibilidades para o Canal do Panamá. Os atuais navios que podem passar por esse novo e mais largo canal, são chamados de Post-Panamax.
O pedágio cobrado para os navios que atravessam o Canal do Panamá é a principal riqueza do país. Hoje, passam aproximadamente 15 mil navios por ano. O pedágio é calculado em função do peso e das dimensões do navio.
Além de visitar o Canal, quem vai ao Centro de Visitantes de Miraflores, pode assistir a um filme que mostra e conta as histórias da construção do Canal do Panamá, além de visitar exposições sobre biodiversidade do local, fotos da época da obra, etc.
O Canal do Panamá não é nenhum “espetáculo”, é a MAIOR EXPLORAÇÃO do planeta já criada pelo homem.
O Canal do Panamá não é nenhum “espetáculo”, é a MAIOR EXPLORAÇÃO do planeta.
Olá!
Muito bom esse post. Muito esclarecedor, uma verdadeira aula. Obrigada. Abraços. Ângela Antunes.
Muito bom texto, adorei!! Dá pra sentir mesmo a sua paixao ao descrever cada momento da sua viagem e nos deixa com uma vontade imensa de seguir os seus rastros rsrs parabéns Joaquim!!!