A Garganta do Salto do Tigre
- 1940 Views
- joaquimnery
- 14 de maio de 2011
- Ásia China Destaques
11.04 – Shangri-lá – Lijiang
Saímos pela manhã deixando Shangri-lá para trás. O destino era a estrada que leva a Lijiang. No caminho passamos por vilas agrícolas e fazendas. Nesta região mais árida predomina uma atividade rural mais pobre, com muitas pastagens para Yak.

Após duas horas de viagem, numa boa estrada, entramos no Parque Nacional Garganta do Salto do Tigre, um vale fechado, em forma de garganta no Rio Yang Tsé. O Yang Tsé é o terceiro maior rio do mundo e totalmente chinês. Nasce na região do Tibete, nas encostas do Himalaia e corre no sentido do leste até Xangai na costa da China.

Nesse trecho ele ainda é pequeno, mas já mostra a sua força. Forma uma garganta cercada por picos com cerca de 4.000m de altitude. A garganta tem uma profundidade de vale de aproximadamente 500m.

O nome (Garganta do Salto do Tigre) foi assim batizado depois que um tigre fugindo dos seus caçadores, saltou de um lado a outro da garganta.

No alto da garganta descemos uma escadaria de 600 degraus para chegarmos mais perto dela. O pior é que tivemos que subir de volta. Foi puxado, mas vale a pena.

Almoçamos num restaurante de beira de estrada na vila do Salto do Tigre. O restaurante era assustador, pobre, sujo, mas no final a comida foi agradável e surpreendeu (peixe escolhido vivo na hora, salada de milho e cogumelos bem preparados) Ufa!!!!

Seguimos viagem por uma estrada que acompanha o vale do Yang Tsé, passando por vilas agrícolas com plantações cada vez maiores. A região é muito fértil e os campos maravilhosamente cultivados. Tínhamos deixado o nosso guia para trás em Salto do Tigre, porém nos encontramos com um novo guia numa parada programada no meio da estrada.

Fizemos uma primeira parada em Shigu Village, uma vila de predominância da etnia Naxi.

Caminhamos pelas ruelas da cidade. Os Naxi são descendentes de nômades tibetanos, têm forte influência matriarcal, sobretudo na língua. Por exemplo, os substantivos viram superlativos, quando associados à palavra “fêmea” e diminutivos ao se acrescentar “macho”, assim uma “pedra fêmea” é uma pedrona e uma “pedra macho” é um pedregulho.

Os homens se dedicam a atividades menos importantes e à música. A música Naxi combina ritual taoísta, cerimonial confuciano e poesia. É executada por instrumentos como flauta, tubos de bambu, alaúdes e citara.

Em Shigu Village existe um monumento em homenagem ao Exército Vermelho, que passou por aí na época da “Longa Marcha” liderada pelo Mao Tsé Tung em 1934, que fugindo do exército de Chiag Kai-shek, percorreram 9.500 km em um ano. A marcha, mesmo sem sucesso estratégico foi um sucesso psicológico e consolidou a liderança de Mao sobre os comunistas chineses.

Saímos de Shigu Village e seguimos pela estrada que leva a Lijiang. Agora a estrada sobe a montanha, fazendo curvas acentuadas, quando ganha altitude volta ao planalto extremamente fértil, com áreas agrícolas deslumbrantes, onde planta-se de tudo, num mosaico colorido de culturas.

Chegamos a Lijiang no final da tarde. A cidade já impressiona vista da estrada. Fica no meio de um vale. Fomos direto para o hotel e tivemos a grata surpresa de ver que ficava dentro da “Old Town” de Lijiang, uma das mais famosas da China.

Saímos à noite para passear na Cidade Antiga, onde existem centenas de lojas vendendo de tudo e restaurantes diversos. Jantamos por aí.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.