Hórus, o Deus Falcão
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- joaquimnery
- 14 de julho de 2019
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24 de junho de 2019
No segundo dia do cruzeiro subindo o Rio Nilo, atravessamos as eclusas de Esna. As eclusas foram construídas como consequência da represa Latópolis, de 1906, que por sua vez objetivava regularizar a vasão, garantindo o fluxo contínuo das águas do rio em direção ao baixo curso e ampliar as áreas de irrigação nos entornos da represa. O navio aportou em Esna, onde passamos a noite.

Os Cruzeiros pelo Rio Nilo começaram a ser realizados desde o século XIX. Ricos viajantes europeus e americanos desembarcavam em Alexandria e subiam o rio em barcos a vapor ou a vela. Paravam no Cairo para uma visita de vários dias às atrações da cidade e às Pirâmides de Gisé. Depois seguiam viagem subindo o curso do Nilo até Aswan. Um barco a vapor poderia levar 3 semanas e um barco a vela até 3 meses subindo o rio.

Ao longo da jornada, os viajantes iam visitando as recém descobertas maravilhas do Egito Antigo. Muitas ruínas ainda estavam iniciando o processo de exploração quando essas viagens começaram. Thomas Cook, o fundador do turismo moderno, foi fundamental no desenvolvimento dessas viagens. Houve época em que todos os vapores pertenciam a ele.

A saga de Osíris
No dia seguinte seguimos de Esna para Edfu, onde fomos conhecer o Templo de Hórus dedicado ao filho de Osíris com Isis. Edfu era um local sagrado para os egípcios antigos, pois segundo uma lenda militar, foi aí que aconteceu a batalha entre Hórus, o Deus Falcão e o seu tio Seth, o Deus do Caos, que assassinara cruelmente o seu pai, Osíris.

Osíris foi o Deus que ensinou os egípcios a viver, rezar e cultivar os grãos. Ele foi assassinado por Seth, seu irmão, que esquartejou o seu corpo e espalhou as partes por todo o Egito. Isis, a sua esposa, recolheu os pedaços do corpo de Osíris e com a ajuda do Deus Anúbis, da mumificação, o reconstituiu como a primeira múmia que existiu. Isis conseguiu ressuscitar Osíris e concebeu um filho seu. Hórus, que vingaria o pai numa terrível batalha contra Seth. Osíris, de volta á vida, desceu ao mundo subterrâneo e se tornou o juiz dos mortos.

Essa lenda serviu de inspiração e está contada na excelente música “Faraó”, do grupo Olodum.
https://www.youtube.com/watch?v=5cSpCMwlNhk
O Templo de Hórus ficou soterrado por quase 2 mil anos. É relativamente recente para os padrões egípcios. Foi construído por Ptolomeu III, em 236 a.C., e é o maior e mais bem preservado dos templos ptolomaicos. Apesar de recente, ele imita projetos faraônicos muito mais antigos e por isso é tão importante.

A dinastia ptolomaica governou o Egito de 303 a.C. a 30 a.C. Tiveram uma forte ligação com os gregos e mais tarde com os romanos. O primeiro Ptolomeu foi um dos generais de Alexandre, o Grande, da Macedônia.

Duas grandes estátuas de Hórus, em granito negro, marcam a entrada do templo, que levam a um amplo pátio interno com colunas. No interior do santuário existe uma miniatura da barca sagrada de Hórus.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.