O maravilhoso Oásis de Ziz
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- joaquimnery
- 20 de junho de 2018
- África Destaques Marrocos Super Destaque
06 de abril de 2018
Estávamos na estrada em direção ao Deserto do Saara, o destino era a cidade de Erfoud. Cruzamos a Cordilheira do Médio Atlas através da magnífica Garganta do Rio Ziz. Logo adiante o rio se deita numa grande barragem. A Barragem de Addakhill, do Rio Ziz, uma obra faraônica para regularizar parte do curso do rio e viabilizar projetos de irrigação nessa borda do deserto.

Logo depois da barragem chegamos a Er-Rachidia, a última grande cidade na direção do deserto. A cidade foi fundada nas margens do Rio Ziz, durante o período da ocupação francesa, quando serviu de base militar para a Legião Estrangeira, que controlava a partir daí as revoluções dos berberes e tuaregues contra os franceses. Ainda hoje possui uma forte presença militar.

Na beira da estrada no Médio Atlas passamos por uma floresta de cedros onde existem macacos residentes e cães selvagens que são alimentados por turistas e viajantes. De repente chegamos na borda do maravilhoso Oásis de Ziz, onde aparece um dos maiores palmeirais do Marrocos. A imagem é impressionante e consegue emocionar.

O Rio Ziz passa pequenino no meio do palmeiral e nos faz imaginar a importância histórica que teve ao alimentar as caravanas de mercadores que vinham do interior da África até a costa do Marrocos. Os destaques ficam para as tâmaras grandes e saborosas. Apesar do fluxo intermitente, a água está sempre presente no subsolo.

O Rio Ziz nasce no Médio Atlas, segue em direção ao Saara, no sul do Marrocos, se encontra com o Rio Rheris, perto de Merzouga e formam o Rio Daoura que se perde pelas areias do Deserto no Saara Argelino, nas dunas douradas de Merzouga. A sua trajetória incluindo o Daoura, chega a 450 km de extensão.

Nesse trecho, o Oásis de Ziz recebe o nome de Tafilalt e é considerado como um dos maiores do mundo. É o mais importante dos oásis do Saara Marroquino. Sempre foi um local de comércio da “Rota do Sal” entre o norte e o extremo sul do Marrocos. Por aí passavam o ouro, especiarias, sal, armas, tecidos, escravos e marfim que faziam o comércio entre a África Negra do Sudão, Mali, Niger e Golfo da Guiné até o Mediderrâneo.

As caravanas saiam de Tafilalt e Tombuctu carregadas de tecidos, armas e especiarias e voltavam com sal, ouro e marfim. As caravanas levavam 60 dias de viagem através das dunas do deserto até o destino final.

No final da tarde chegamos a Erfoud e seguimos para o excelente Hotel Xaluca, uma espécie de resort no meio do Deserto, que pertence a um grupo espanhol.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.