Os Elefantes do Deserto
- 3316 Views
- joaquimnery
- 29 de maio de 2012
- África Destaques Namíbia
No segundo dia em Damaraland, saímos pela manhã bem cedo para um jornada longa. O nosso objetivo era encontrar os elefantes do deserto. Sabíamos que era uma tarefa difícil, pois a informação que tínhamos era de que nesse período, mais seco, os elefantes estavam migrando para as montanhas em busca das poucas chuvas e encontrá-los não seria tarefa fácil.

No caminho paramos para entender a origem do nome Damaraland. Essa é a região endêmica de um arbusto chamado “damara”, que aqui aparece por todos os lados. A damara serve de suporte alimentar e medicinal para várias espécies, como o Orix e o Kudu, que ao se alimentarem da damara, têm uma proteção natural contra determinados parasitas. As damaras são tóxicas para o homem.

O nosso caminho passava por grandes extensões de rios secos. Na área aberta avistamos alguns Orix, o antílope característico do Deserto da Namíbia.

Para diminuir o impacto da viagem em busca dos Elefantes do Deserto, Anthony, o nosso guia, parava com frequência para nos dar aulas de botânica, mostrando as plantas típicas da região.

Fizemos um longo caminho. Passamos por inúmeros vales e leitos de rios secos, subimos e descemos montanhas, passamos por várias comunidades onde, com frequência parávamos para atualizar as notícias sobre onde estariam os Elefantes do Deserto.

Foram 5h de caçada por mais de 90 km de estradas de pedra e montanha. Frequentemente víamos pegadas dos elefantes, o que reforçava a ideia de que estávamos no caminho certo. Enquanto as pegadas existissem, não pensamos em desistir.

Por volta do meio dia, Anthony avistou o grupo. Eram aproximadamente 7 elefantes que faziam parte de um grupo de 15, mas nesse momento estavam divididos.

Os elefantes do deserto são animais perfeitamente adaptados a essa região do Deserto da Namíbia. Enquanto que em outras regiões os elefantes bebem muita água, todos os dias e em grande quantidade. Os elefantes do deserto podem ficar até 5 dias sem beber água.

Dentre as adaptações que desenvolveram, os elefantes do deserto são mais preservacionistas. Nas outras regiões os elefantes destroem a vegetação nativa com grande voracidade. Aqui, caso eles derrubem uma árvore, eles comem todas as folhas, preservando mais a vegetação.

São mais claros que os elefantes de outras áreas e mais enrugados, como se tivessem o couro mais castigado pelas intempéries do deserto.

Valeu a pena a “caçada”.

Voltamos para o acampamento. Mais três horas de viagem por estradas de pedras soltas e muito sacolejo na Land Rover.

À noite choveu no deserto e tivemos uma noite agradável, diferente da anterior.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.