A CAMINHO DO MONTE RORAIMA – por Maíra Nery
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- joaquimnery
- 30 de julho de 2017
- Brasil Roraima
A ideia de conhecer o Monte Roraima veio de uma revista da TAM de uns dois anos atrás, mas somente se materializou em 2016. A reportagem encantou e a vontade de ir ficou adormecida. Como dizem, tudo acontece no tempo certo. E sem dúvida essa viagem não poderia ter acontecido em melhor hora: grupo, guias, tempo, tudo convergiu para que a viagem fosse inesquecível.

O Monte Roraima está situado entre o Brasil, Venezuela e a Guiana, sendo que 80% deste pertence a Venezuela. A subida se dá pelo lado Venezuelano, onde o acesso é mais fácil, daí a necessidade de cruzar a fronteira.
Com 32 km de extensão, o Monte Roraima constitui o que os indígenas venezuelanos chamam de Tepuy, formação rochosa e chapada bem característica na região. Ao lado esquerdo do Monte Roraima, está o Tepuy Matauy, mais conhecido como Kukenán, nome da queda d’água intermitente que brota em uma de suas paredes quando chove. Durante a trilha até a subida do Monte os dois tepuys proporcionam uma vista espetacular.

Ao todo, foram 12 dias de viagem, 9 dias de trilha. Saímos de Brasília para Boa Vista, no dia 02 de outubro, domingo de eleições. Em Boa Vista, tudo fechado em razão da votação, o que nos fez ficar pelo hotel. Ficamos hospedados no Hotel Aipana, hotel onde aconteceria o briefing antes de partir para Venezuela.
No segundo dia, pela manhã, durante o briefing, foram esclarecidos pontos importantes da expedição, como alimentação, acampamento, banho, contratação de carregadores e detalhes sobre o dia a dia da trilha. Nesse momento que conhecemos nossos companheiros de aventura. Ao todo, éramos 9 pessoas e um único objetivo: desconectar-se da cidade, conectar-se da natureza e superar limites.

Logo no início da tarde partimos para Pacaraima, à 150 km de Boa Vista, fronteira do Brasil com a Venezuela, onde faríamos o câmbio e a imigração. Tínhamos que chegar antes da 16:00 na cidade uma vez que a fronteira estava fechando uma hora mais cedo em razão da crise econômica e política enfrentada pelo país.

Imigração bem tranquila, hora de trocar reais por bolívares. Não existe uma agência de câmbio. Este é feito no meio da rodoviária. A agência liga para a pessoa responsável pelo câmbio e ela chega com, literalmente, sacos de dinheiro. A desvalorização da moeda venezuelana é absurda e as notas são de baixo valor, o que obriga as pessoas a andarem com sacos de dinheiro, principalmente na fronteira, onde não há opção de pagamento com cartão de crédito.

De Pacaraima, cruzamos a fronteira e chegamos a Santa helena de Uarén, onde passamos a noite. Ficamos hospedamos no hotel Anaconda. O hotel, aparentemente, foi um resort de luxo, mas hoje se encontra um pouco descuidado. Recomendações de não sair do hotel atendidas, em razão da violência, nos preparamos para sair bem cedinho no dia seguinte, quando partiríamos para trilha.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.