CHEGANDO AO PARAÍSO PERDIDO, MONTE RORAIMA – por Maíra Nery
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- joaquimnery
- 3 de agosto de 2017
- Roraima
3º Dia de trilha
Levantamos as 05:30 da manhã para nos preparamos para, finalmente, subir ao Monte Roraima. Apesar da trilha ser muito mais íngreme do que as anteriores, no fim das contas, foi menos cansativa. Grande parte dela é dentro da mata, então a sombra ajuda bastante.

O Monte Roraima é o Tepuy mais alto da Venezuela e possui 32 km² de extensão. Na base do Monte Roraima, a altitude é de aproximadamente 1.800 m. Para chegar ao topo, caminhamos cerca de 5 km e subimos mais 1.000 m de altitude.
Olhando para cima , do acampamento base, parece quase impossível chegar lá em cima por aquele paredão de pedra imponente. De baixo, é possível ver a trilha que percorreremos ao longo da muralha e a ansiedade só aumenta.

Começamos a subida pouco antes das 7:00 da manhã. A trilha em si já é um presente a parte: a primeira etapa, toda dentro da mata. Tivemos sorte de não ter chovido e o caminho estar seco. Quando chove, nosso guia nos disse que a subida é praticamente por meio de um rio.

Mais ou menos na metade do caminho temos nosso primeiro contato com o Monte Roraima. Nesse lugar há uma pequena queda d’água que utilizamos para reabastecer o cantil. Toda água que bebemos durante os 7 dias de trilha, pegamos dos córregos.

É nesse ponto, quando podemos tocar o Monte Roraima pela primeira vez, é que pedimos “permiso” à montanha para subirmos. Toda preparação, todo caminho, toda paisagem, todo respeito que indígenas e guias têm pelo Monte e pela natureza comovem. Oração feita, permissão solicitada, é hora de continuar pela parte mais íngreme da trilha.

Antes de atingir o topo do Monte, passamos por baixo de uma cachoeira intermitente que existe no Roraima: ‘Paso de las Lágrimas’. Como pegamos um período que havia chovido pouco, ela estava quase “sem lágrimas” e passamos com muita tranquilidade, para minha tristeza e alegria da Dani!

Quatro horas de caminhada e finalmente chegamos e entramos no Paraíso Perdido. A vista lá em cima é incrível!

Não só a vista do horizonte impressiona, mas também do Roraima em si. Algo completamente diferente do que já tinha visto. A formação rochosa preta, por conta de uma bactéria presente no ambiente, com inúmeras pedras, nos mais inusitados formatos e os inúmeros declives é vista por toda extensão do Roraima. A sensação é de ter voltado no tempo de retornado a origem da Terra.
Pausa para admirar a vista, fotos e lanche, não necessariamente nessa ordem, partimos por mais 40 min de caminhada até nosso primeiro hotel: Sucre. O Monte Roraima tem vários “hotéis” que são os sítios propícios para montar acampamento. Quando chegamos no Sucre, nosso acampamento já estava montado. Banho gelado enquanto o corpo está quente, almoço e descanso para o próximo dia, quando começaríamos a explorar o Roraima.

A ideia de subir o Monte Roraima surgiu de fazer algo completamente diferente do que estávamos acostumados, e a viagem realmente proporcionou isso: desconectar do mundo e conectar-se com a natureza, ou como disse o sábio Luizito, conectar-se com o mundo de verdade.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.