DUBLIN, A GRANDE FOME E O TRINITY COLLEGE
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- joaquimnery
- 23 de dezembro de 2018
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- Europa Irlanda
18 de setembro de 2018
Numa das esquinas da Stephen Plaza, em Dublin, existe um memorial, que lembra os mais de um milhão de irlandeses que morreram na epidemia de fome que o país viveu entre 1845 e 1852. O Famine Memorial, de 1967, esculpido por Edward Delaney é um ponto de reflexão no Parque.

A fome na Irlanda no século XIX foi um dos marcos mais importantes da história do país, pois acirrou ainda mais a rivalidade com os ingleses. Na época, a Irlanda era uma colônia inglesa, ao lado da ilha da Grã-Bretanha. Os ingleses fecharam as portas da sua ilha maior e não permitiram a entrada dos irlandeses, nem saíram em socorro dos vizinhos. O saldo disso tudo foi um milhão de mortos de fome e um milhão de migrantes que fugiram da fome da Irlanda para os Estados Unidos e Canadá. A população da Irlanda sofreu uma redução de aproximadamente 25% da que existia antes da epidemia.

Existe um outro Memorial à Fome em Dublin. Fica na Custom House Quay, em Docklands. Esse Famine Memorial é um conjunto de estátuas esculpidas pelo artista irlandês Rowan Gillespie e foi doado à cidade em 1997 pelo governo canadense.

O Memorial representa um conjunto de homens mulheres e crianças esquálidas, esfomeadas e caminhando em direção ao porto, onde buscavam uma alternativa de sobrevivência, fugindo do país. São esculturas comoventes, impactantes, que passam uma expressão de sofrimento e dor comuns àquela época.

Seguimos andando da Stephen Plaza até o Trinity College, a famosa Universidade da Irlanda. O Trinity College foi implantado pela Rainha Elizabeth, em 1592, com o objetivo de dar uma alternativa de qualidade para o ensino universitário a jovens protestantes irlandeses, que não eram autorizados a estudar em escolas católicas, e como solução, iam para a Inglaterra em busca de um ensino de qualidade. Seguiu assim como uma escola protestante e se transformou ao longo do tempo, numa das melhores universidades da Europa.

Os católicos não permitiam que os seus filhos estudassem na Trinity College e aqueles que insistiam em se matricular nessa Universidade, eram praticamente excomungados. Os conflitos entre católicos e protestantes começaram com a implantação da Igreja Anglicana na Inglaterra, pois a influência da Igreja Católica continuou muito forte na Ilha da Irlanda, um dos lugares mais católicos do mundo.

O interior do campus é muito bonito, com prédios históricos imponentes e muitas esculturas espalhadas pelos jardins lotados de jovens sedentos pelo saber. São ao todo, 32 mil alunos e aproximadamente 1500 professores.

O maior tesouro do Trinity College porém, fica na Old Library, é Livro de Kells, o mais importante manuscrito feito na história da humanidade. O Livro de Kells conta passagens da Bíblia, sobretudo do Velho Testamento, foi todo feito a mão, em couro de bezerros, por monges da Idade Média

Além do Livro de Kells, na Old Library fica o Long Hall, uma imensa galeria onde estão mais de 200 mil livros armazenados com todo o cuidado que um tesouro precisa ter. É considerada a biblioteca mais deslumbrante do mundo.

Saímos da Trinity College e seguimos andando pela Grafton Street, a mais importante rua de pedestres de Dublin, com comércio de luxo, artistas de rua e uma multidão caminhando por aí.

Seguimos de volta até a região do Temple Bar, dessa vez procuramos pelo Trip Advisor, um bom restaurante italiano nas proximidades e encontramos o excelente Rosa Madre, era tudo o que precisávamos para fugir um pouco da “muvuca” dos pub’s irlandeses.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comment (1)
mariel
24 dez 2018Nossa, que obra