O Vale dos Reis
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- joaquimnery
- 9 de julho de 2019
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23 de abril de 2019
Estávamos em Luxor. Depois de fazer um voo de balão sobre o Vale do Rio Nilo e sobre as ruínas da Necrópole de Tebas, chegou a vez de irmos até lá. Seguimos com o grupo do navio para o Vale dos Reis, localizado na margem oeste do Rio Nilo, onde o sol se põe e onde os mortos deveriam ser enterrados. A margem oeste é dedicada aos mortos. Os Templos mortuários onde os funerais eram preparados e as grandes Tumbas ficavam aí.

O Vale dos Reis foi a Necrópole dos Faraós. O local escolhido para abrigar dezenas de túmulos do Médio e Novo Império do Egito Antigo. Alguns nobres também tiveram a honra de serem enterrados aí. As mulheres dos Faraós estão enterradas no Vale das Rainhas, alguns quilômetros mais a sul. A única exceção foi para a Rainha Hatshepsut, esposa de Tutmósis II. A mulher que por mais tempo reinou no Egito Antigo e construiu o seu túmulo separado das outras esposas dos faraós.

O formato de pirâmide das montanhas ao lado do Vale dos Reis pode ter sido decisivo na escolha desse local para as Tumbas dos faraós. Antes do período do Novo Império, os faraós eram enterrados em grandes pirâmides, como as de Gisé, que deveriam estar concluídas antes da morte do Faraó.

A partir de Tutmés I (1500 a.C.), essa tradição mudou, pois os Faraós passaram a escavar seus túmulos nas montanhas de Tebas, preferindo as áreas próximo ao Rio Nilo. A partir dele, os outros faraós passaram a utilizar também o Vale dos Reis.

Para enganar os ladrões de túmulos, os reis tebanos os escondiam no fundo dos montes vizinhos á necrópole. Já foram encontrados 63 túmulos no Vale dos Reis, eles são identificados por uma sequência alfanumérica, vão do KV 1 ao KV 63. O primeiro foi o de Séti I, encontrado pelo explorador Giovanni Battista Belzoni, em 1817. A partir daí, o Vale dos Reis passou a ser intensamente pesquisado pelos arqueólogos europeus. Os túmulos eram gigantescos. Possuíam uma câmara funerária, que continha o sarcófago, além de outros salões onde eram guardados, tudo aquilo que o Faraó iria precisar para a sua vida além da morte.

Os túneis que levam às câmaras mortuárias são ricamente decoradas por murais com escritas em hieróglifos, cenas do quotidiano e imagens sacras em todas as paredes dos túmulos.

Como o Egito não possuía recursos nem conhecimento técnico para comandar as explorações arqueológicas, esse trabalho foi financiado e executado por arqueólogos europeus, que recebiam como pagamento, algumas das ricas peças retiradas dos sítios arqueológicos locais. Esse é um dos motivos da existência de peças egípcias espalhadas por museus no mundo inteiro.

O Túmulo de Tutancâmon
Quando os arqueólogos chegavam aos túmulos havia um sentimento de frustração, pois todos eles tinham sido saqueados pelos trabalhadores que ajudaram na sua construção e sabiam a localização exata, ou pela população local, ao longo de séculos seguidos da Antiguidade. A maioria dos túmulos estavam vazios. Sem os tesouros.

Essa história mudou em 1922, quando o arqueólogo britânico Howard Carter fez uma descoberta sensacional. O túmulo absolutamente intacto do Faraó Tutancâmon (1341 a.C a 1323 a.C). Pouco se sabia sobre Tutancâmon, pois foi um Faraó que morreu com 19 anos, muito jovem e reinou por pouco tempo. Talvez por esse motivo a sua Tumba tenha sobrevivido aos assaltantes de túmulos do Vale dos Reis.

Os Faraós eram enterrados em meio a tesouros espetaculares. O túmulo de Tutancâmon mostrou aos arqueólogos como deveriam ser os outros túmulos encontrados, antes de serem pilhados pelos assaltantes. O magnífico tesouro de Tutancâmon foi retirado do seu túmulo e se encontra hoje, em exposição no Museu do Cairo.
A Maldição do Faraó
A descoberta dessa Tumba veio acompanhada pela lenda da Maldição do Faraó o que aumentou em muito a fama do Vale dos Reis e Tutancâmon se tornou o Faraó mais conhecido pelos ocidentais, apesar de ter reinado por apenas 9 anos. A Maldição do Faraó diz que qualquer pessoa que viole a múmia de um Faraó do Egito Antigo morrerá em breve. Alguns membros da equipe de arqueólogos de Howard Carter que desenterraram a múmia do Faraó Tutancâmon morreram de causas sobrenaturais alguns anos depois da descoberta, o que contribuiu para aumentar a fama da “maldição”.

Alguns historiadores dizem que Howard Carter encontrou na entrada da antecâmara, uma escrita em argila que dizia: “A morte vai atacar com seu tridente, aqueles que perturbarem o repouso do Faraó”. Não existe comprovação científica desse fato.

Visitamos as tumbas de Ramsés IV, Ramsés III, Tutancâmon e Amen Khopshef, filho de Ramsés III. O Túmulo de Ramsés IV, da 20ª Dinastia foi parcialmente desfigurado por inscrições gregas e coptas. Possui algumas belas cenas do “Livro dos Mortos”. O Livro dos Mortos era uma coletânea de feitiços, fórmulas mágicas, orações e hinos que poderiam ajudar os mortos na sua viagem para o outro mundo. O sarcófago cor de rosa é enorme e possui entalhes de Isis e Néftis. Nut que representa o céu e as estrelas, é um dos destaques, no teto azul.

A maioria dos Deuses egípcios representam fenômenos da natureza e da existência humana. Os principais Deuses egípcios são: Amon, o grande Deus de Tebas. Anúbis, com cabeça de chacal é o Deus do embalsamento. Hórus, Deus com a cabeça de um falcão e identificado com os Faraós. Isis, a Deusa da magia. Nut que representa o céu e as estrelas. Osíris, Deus do mundo subterrâneo. Rá, o Deus sol. Seth, Deus do caos.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.