Havana Velha
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- joaquimnery
- 10 de setembro de 2019
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25 de agosto de 2019
Saímos pela manhã para um city tour pela cidade de Havana que começava coma a visita a Havana Velha. Deveria durar o dia inteiro e passar pelos principais pontos turísticos da cidade. Começamos com um passeio de charrete pelas ruas estreitas do Centro Histórico, nos mesmos locais por onde havíamos passado caminhando no dia anterior. Foi bom ter essa nova experiência em Havana Velha, sobretudo por conta de estarmos acompanhados por um guia que nos encheu de conteúdos históricos e culturais.

O Parque Central
Saimos do Hotel Kempinski através do Parque Central, no limite entre Havana Velha e o Centro Havana. Entre o Edifício do Capitólio e a região do Prado. A praça cheia de palmeiras é cercada por edifícios monumentais e históricos, como o Hotel Inglaterra, um prédio histórico, de 1875, construído em estilo neoclássico, mas com forte influência mudéjar e o Hotel Iberostar Parque Central, do outro lado da praça.

O Parque Central é cercado pelos carrões cubanos dos anos 50, que se tornaram uma marca para o país. No meio da praça, uma estátua do herói nacional José Martí, que liderou Cuba na luta pela independência, no final do século XIX.

Ao lado do Hotel Inglaterra fica o Gran Teatro de La Habana, o mais belo edifício dos entornos e uma das maiores casas de ópera do Mundo. A fachada é maravilhosa e ricamente decorada.

Ao lado do Parque Central fica o Capitólio, um dos mais belos edifícios de Havana, em estilo neoclássico, com elementos art déco. É um dos símbolos arquitetônicos da cidade. Foi inaugurado em 1929, pelo ditador Gerardo Machado. É uma imitação do Capitólio de Washington, nos EUA. Funcionava como sede do governo até a Revolução de 1959. Hoje está sendo restaurado para retomar a função de sede do governo cubano. O domo central possui 92 metros de altura. É ainda mais alto que o de Washington.

As Praças de Havana Velha
A charrete nos deixou na Praça São Francisco, que fica ao lado do porto de Havana. Durante o período colonial era um dos pontos mais agitados da cidade. Era daí que os galeões carregados de ouro e prata saiam em direção à Europa. No meio da praça fica a Fonte dos Leões, que imita a famosa fonte do Palácio de Alhambra, em Granada, na Espanha. Essa fonte abastecia os navios que seguiam para a travessia do Atlântico.

Na Praça São Francisco ficavam os prédios da alfândega e da Bolsa de Valores de Havana. Hoje são prédios de escritórios de empresas estrangeiras que operam em Cuba. Num dos lados da Praça São Francisco, fica a Basílica Menor de São Francisco de Assis, do século XVI.

A segunda praça que visitamos foi a Praça da Catedral, identificada pela grande Catedral de San Cristóbal, construída em 1748. Possui uma bela fachada barroca. Foi declarada monumento nacional. Em 1998 foi visitada pelo Papa João Paulo II, que esteve em Cuba. Esse evento teve um grande significado na história recente do país, pois significou o início de uma aproximação da Ditadura Fidel Castro com a Igreja Católica.

Nos arredores da praça aparecem mulheres em trajes coloniais que costumam ler a sorte e tirar fotografias com os turistas, em troca de uma gorjeta.

Numa das laterais da praça, aparece o Museu de Arte Colonial, de 1720, com uma grande exposição de móveis e objetos coloniais. Mobílias feitas com madeira tropical, vitrais e porcelanas europeias de alta qualidade estão expostos ali.

O Palácio dos Marqueses de Águas Claras da segunda metade do século XVIII, é um belo edifício, que funciona hoje como restaurante.

A mais charmosa das praças de Havana é a Praça Velha, construída em 1559. A praça foi totalmente restaurada. Possui edifícios de quatro séculos diferentes, com fachadas imponentes e bastante decorados. No meio da praça, algumas esculturas modernas completam o seu charme.

Seguimos até a Praça de Armas, uma das mais importantes de Havana Velha. A Praça de Armas é cercada por edifícios barrocos. Muitos deles já foram restaurados. Possui um grande jardim central, onde artistas de rua costumam se apresentar.

Um dos edifícios mais importantes da Praça de Armas é o Palácio de los Capitanes Generales, um belo palacete barroco do século XVIII, que já foi a residência do governador e que hoje em dia sedia o Museu de la Ciudad. Na frente do Palácio, o destaque fica para uma rua de madeira. Um capricho de Havana Velha.

Na outra esquina da praça fica o Castelo da Força Real, uma fortificação do século XVI, feita para proteger a cidade dos ataques de piratas.

A Santeria
Cuba foi uma colônia espanhola e a Espanha um dos países mais católicos do mundo. A presença, e forte influência da população de origem africana, que significava quase a metade da população cubana, acabou empurrando os cubanos, cada vez mais para as religiões animalistas de origem africana. A perseguição imposta pelo regime da Revolução Cubana à Igreja Católica, fez com que muitos cubanos abandonassem as suas convicções religiosas cristãs.

Atrás do Castelo da Força Real aparecem algumas árvores gigantes, as ceibas. São árvores sagradas para as religiões africanas e nativos da América Central. Na base dessas árvores costumam ser depositados oferendas para os santos, com restos de animais sacrificados nos cultos religiosos.

A “Santeria” surgiu no período colonial como prática levada pelos escravos africanos. Hoje ainda é muito popular entre os cubanos e o sincretismo religioso, muito forte. Os Deuses africanos são identificados com santos da Igreja Católica, da mesma forma que na Bahia. Obatalá, Oxum, Iemanjá e Xangô, são alguns dos deuses mais populares de Cuba.

Paramos para almoçar no meio da rua, numa das ruelas de Havana Velha. O restaurante chama-se Cinco Esquinas. Fica no meio da rua e numa situação de convergência de cinco esquinas do centro histórico de Havana.
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.