Igreja e Convento de São Francisco de Assis, em Salvador
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- joaquimnery
- 29 de setembro de 2019
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18 de maio de 2019
O Cruzeiro de São Francisco
Estávamos no centro histórico de Salvador, no Terreiro de Jesus. Anexo ao Terreiro fica o largo da Igreja e Convento de São Francisco. Uma grande cruz na entrada do largo anuncia a chegada a um lugar especial nessa parte da cidade. O Cruzeiro de São Francisco foi erguido entre 1805 e 1808, numa peça única de pedra calcária. Compõe com harmonia o conjunto arquitetônico do largo. A presença de cruzeiros é uma característica típica das igrejas franciscanas.

Essa é uma das áreas mais movimentadas do Centro Histórico. A presença de vendedores ambulantes, artistas de rua e baianas vestidas com trajes típicos que vendem lembranças da Bahia, sobretudo fitas do Bonfim, é comum no largo do Cruzeiro de São Francisco.

A Igreja de São Francisco
Chegamos até o Convento e Igreja de São Francisco de Assis. Um lugar que considero especial por vários aspectos. No início da minha vida profissional, cheguei a ser guia da igreja por dois anos seguidos e trago memórias boas dessa época. Aprendi a admirar a Igreja de São Francisco como uma rara obra de arte do barroco brasileiro. Chegava a passar horas sentado nos bancos da igreja, buscando encontrar novos detalhes no trabalho espetacular dos entalhes barrocos banhados a ouro.

O conjunto é Patrimônio da Humanidade e tombado pelo IPHAN. Foi erguido nos séculos XVII e XVIII e é considerado uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. Uma obra-prima do barroco brasileiro. A decoração da Igreja é suntuosa, com predominância de entalhes folheados a ouro. Todo o seu interior é ricamente decorado. Estima-se que tenha sido usado uma tonelada de ouro na decoração do interior da igreja.

O Convento é anterior à Igreja. Foi fundado pelos franciscanos e data de 1585. A obra da Igreja começou no final do século XVII e somente foi concluída no final do século XVIII. Os franciscanos disputavam com os jesuítas a preferência dos fiéis e isso era traduzido em igrejas cada vez mais pomposas.

No interior da Igreja as imagens em policromia são de uma riqueza de obras sacras inigualável. Muitos dos trabalhos em madeira são feitos de jacarandá esculpido. O maior destaque fica para a imagem do São Pedro de Alcântara esculpida pelo artista baiano Manoel Inácio da Costa. Uma obra prima da arte sacra brasileira.

Outro destaque da Igreja é a portaria que dá acesso ao convento. O teto possui uma pintura em perspectiva feita por José Joaquim da Rocha. Os turistas adoram observar a forma como a pomba do Espírito Santo parece se mover em todas as direções à medida em que eles se deslocam ao redor da sala.

O belo conjunto de azulejos portugueses que reveste o claustro e a sacristia reproduz cenas bíblicas e da vida de São Francisco de Assis. Encontrei amigos da época em que fui guia de turismo e matei a saudade da Igreja de São Francisco.


A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
Ao lado da Igreja de São Francisco fica outra maravilha do barroco brasileiro. A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco com a sua fachada espetacular e que também é Patrimônio da Humanidade da UNESCO. Chegou a ser indicada como uma das Sete Maravilhas do Brasil. A igreja é do século XVIII e foi construída pela Ordem Terceira de São Francisco. A fachada ricamente decorada em alto relevo é a sua principal riqueza.

Nessa mesma época, a fachada espetacular foi coberta por argamassa com o objetivo de esconder o rico trabalho dos entalhes na pedra considerado fora de moda na época. A fachada barroca foi esquecida pelo tempo. Em 1932, foi redescoberta por um acidente, quando um eletricista fazia trabalhos no lugar e um pedaço do reboco caiu. A partir daí, todo o reboco de argamassa foi retirado e o esplendor da fachada barroca voltou a aparecer.

O interior da igreja foi refeito no século XIX, em estilo neoclássico com talhas douradas ao redor.

Um dos destaques da igreja fica para o conjunto de azulejos portugueses que rodeiam o pátio interno. O desenho dos azulejos representa a paisagem de Lisboa antes do terremoto que destruiu totalmente a cidade em 1755.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.