Museu Dolores Olmedo
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- joaquimnery
- 26 de novembro de 2019
- América Destaques México
01.11.2019
México, a Cidade dos Museus
Um dos motivos que nos impulsionou à viagem para o México foi a história de Frida Kahlo. Quando fizemos o roteiro, decidimos assistir mais uma vez ao filme Frida e ficamos ainda mais encantados com a história da artista plástica mexicana. Como tínhamos poucos dias dedicados à Cidade do México e um deles seria dedicado ao Dia dos Mortos, decidimos ir direto para o Museu Frida Kahlo. Cometemos um erro fatal. Não compramos os ingressos com antecedência e decidimos arriscar.

Pegamos um UBER para o Museu e no caminho o motorista do aplicativo nos convenceu a mudar de planos. Como saímos tarde do hotel, teríamos grandes filas para comprar os ingressos e perderíamos uma boa parte de um dia precioso e escasso para a nossa viagem à Cidade do México. A sugestão do motorista foi seguir direto para o Museu Dolores Olmedo.

A Cidade do México é muito grande e os engarrafamentos são brutais. O Museu Dolores Olmedo fica no subúrbio de Xochimilco, um pouco além do bairro de Coyoacán, onde está o Museu Frida Kahlo. O argumento do motorista do aplicativo era que a maior coleção de obras de Frida Kahlo e Diego Rivera da Cidade do México fica no Museu Dolores Olmedo e não no Frida Kahlo. No Dolores Olmedo as filas seriam menores. Visitaríamos o Museu e as obras de Frida e depois voltaríamos para Coyoacán, onde arriscaríamos a chance de conhecer o Museu Frida Kahlo. A Cidade do México é a cidade dos Museus. Possui centenas deles, com os temas mais variados possíveis. É preciso escolher alguns e planejar o que ver.
O Museu Dolores Olmedo
Fizemos isso. Fomos até o Museu Dolores Olmedo em Xochimilco. A fila era menor, mas também existia. A Cidade do México estava lotada por conta do feriado do Dia dos Mortos. O Museu Dolores Olmedo fica numa bela propriedade do século XVII, em Xochimilco, a Hacienda Finca Noria. Doada ao governo do México em 1994, pela milionária Dolores Olmedo, amiga pessoal e mecenas de Diego Rivera.

A mansão onde fica o Museu Dolores Olmedo possui belos jardins, que por si só, já justificariam uma visita. Logo na entrada havia uma exposição de “Las Catrinas”, com uma ambientação em lugares típicos da Cidade do México. La Catrina foi o nome dado aos esqueletos bem-vestidos desenhados pelo artista José Guadalupe Posada que ajudou a fomentar a fascinação mexicana pela morte.

Outro destaque dos jardins do Museu Dolores Olmedo são os animais soltos no jardim. Em especial os pavões bastante coloridos e é a criação de cachorros mexicanos, os Xoloitzcuintle ou Pelado Mexicano. É um cachorro sem pelos, que já habitava a América. Mais especificamente a região do México, antes dos europeus chegarem por aqui. Os xoloitzcuintle estavam pintados de caveiras, numa alusão ao Dia dos Mortos.

O acervo de Diego Rivera
O Museu possui 137 obras de Diego Rivera, 25 de Frida Kahlo, além de outros artistas mexicanos e mais de 600 objetos pré-colombianos da Meso América. Todo o acervo pertencia à Dolores Olmedo e foi doado ao Estado.

Diego Rivera foi o maior de todos os artistas mexicanos e o de maior reconhecimento internacional. A coleção de Rivera abrange várias fases do artista, uma série de autorretratos e estudos para os seus grandes murais.

A obra-prima “O Matemático” é de 1919 e foi considerada por Rivera como uma das suas telas mais importantes. Nela estão evidentes as influências dos mestres europeus do pós-impressionismo e do cubismo do início do século XX. Diego viveu na Europa no início do século XX, onde conviveu com os artistas europeus da época, como Picasso e Gaudí.

Dentre os destaques das obras de Diego Rivera estão os retratos da própria Dolores Olmedo e da sua filha adolescente. Nessas telas ele já impõe muitas cores e um toque de modernidade às telas.

As obras de Frida Khalo
Dentre as obras de Frida Kahlo do Museu Dolores Olmedo destacam-se: A Coluna Quebrada de 1944. Uma obra impactante que mostra a espinha dorsal de Frida Kahlo representada como uma coluna jônica quebrada, com o seu corpo aberto, numa alusão às sequelas do acidente de bonde que sofreu em 1925. Frida tem um olhar penetrante e algumas lágrimas nos olhos. A tela é de uma representação intensa da sua dor e sofrimento.

O “Hospital Henry Ford” de 1932 é outra obra-prima de Frida Kahlo. É um autorretrato em que a artista tenta representar o horror do aborto que sofreu naquele hospital americano. Na imagem Frida está deitada numa cama de hospital e os elementos que caracterizam o aborto aparecem na tela.

O “Dimas Morto aos 3 anos de idade” é uma tela que representa um costume tradicional do México. Vestir os pequenos defuntos com as roupas do santo preferido. Nesse caso Dimas está vestido como São José e trás a seu lado tudo que ele precisaria ter numa outra vida que viria.

No “Autorretrato com um Macaco” Frida coloca cores vivas e fortes e elementos com os quais gostava de conviver.

Xochimilco
Saímos do Museu Dolores Olmedo e seguimos até o Atracadero Nativitas em Xochimilco, para registrar o colorido dos barcos e balsas decorados que atendem a turistas e moradores que visitam Xochimilco.

Tínhamos pouco tempo para ver os barcos de Xochimilco, pois ainda queríamos arriscar o Museu Frida Kahlo, nem que para isso tivéssemos que esperar muito tempo na fila. Pegamos um UBER e voltamos para Coyoacán, onde fica o Museu Frida Kahlo. Chegamos lá, por volta do meio dia e não conseguimos mais ingressos. A solução seria voltar no dia seguinte. Foi o que fizemos.

- A Coluna Quebrada
- Atracadero Nativitas
- Autorretrato com um Macaco
- Cachorro Mexicano
- Cidade do México
- Coyoacán
- Dia dos Mortos
- Diego Rivera
- Dimas Morto
- Dimas Morto aos 3 anos de idade
- Dolores Olmedo
- Frida Khalo
- Hacienda Finca Noria
- Hospital Henry Ford
- José Guadalupe Posada
- La Catrina
- México
- Museu Dolores Olmedo
- Museu Frida Khalo
- O Matemático
- Uber
- Xochimilco
- Xoloitzcuintle
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.