Os murais de Diego Rivera
- 10902 Views
- joaquimnery
- 1 de dezembro de 2019
- América Destaques México
01.11.2019
O Zócalo
Nessa manhã tentamos conhecer o Museu Frida Kahlo, mas não conseguimos, pois não compramos ingressos antecipados e quando chegamos por lá, já não havia mais disponibilidade. Deixamos o Museu de Frida para o dia seguinte e pegamos um UBER direto para a Plaza de la Constitución, ou Zócalo, a praça mais central e importante da Cidade do México. Qualquer deslocamento na Cidade do México pode demorar bastante. A cidade é muito grande e os congestionamentos de trânsito são comuns.

Em várias cidades do México existem Zócalos. São, em geral, as praças mais importantes de cada cidade e sempre ao lado das catedrais. Assim é o Zócalo da Cidade do México. Uma das maiores praças públicas do Mundo. É um grande calçadão, com uma bandeira enorme do México no centro, e cercado por vários prédios públicos importantes. Dentre eles, a Catedral Metropolitana, o Palácio do Governo e as ruínas do Templo Mayor dos astecas. Nessa época do ano, o Zócalo estava enfeitado com uma série de oferendas em homenagem ao Dia dos Mortos.

Como já tínhamos visitado a Catedral Metropolitana no primeiro dia da viagem, deixamos esse final de tarde para visitar as outras atrações da praça. O Palácio Nacional, o Templo Mayor e as oferendas do Dia dos Mortos que enfeitavam o centro da praça nesse período.

O Palácio Nacional
O Palácio Nacional fica no local onde, no passado, estava localizado o Palácio do Imperador Asteca, Montezuma e que depois foi a residência do conquistador espanhol Hernán Cortés.

O atual Palácio renascentista começou a ser construído em 1562, para servir de residência para os vice-reis do México e funcionar como sede do governo. Hoje abriga os gabinetes do Presidente da República e do Ministro das Finanças, mas a sua principal importância turística está nos maravilhosos murais pintados pelo artista mexicano Diego Rivera. Os murais ficam nos entornos da grande varanda que circunda o primeiro andar do edifício, voltados para o pátio central, além da escadaria principal que dá acesso a essa varanda.

Diego Rivera
Diego Rivera foi um dos maiores pintores mexicanos. Viveu de 1886 a 1957. Viveu uma vida entre a arte, a política e a boemia. Teve quatro casamentos, dentre eles o mais conturbado, com a artista plástica, Frida Kahlo, o seu grande amor. Estudou artes na Europa no início do século XX quando teve a oportunidade de conviver com os pintores europeus da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e Antoni Gaudí, que influenciaram bastante a sua obra.

Dedicou-se sobretudo à pintura de murais. Acreditava que a pintura de telas era uma atitude burguesa e exclusivista. Rivera era um comunista declarado. Realizou gigantescos murais contando a história política e social do México. Alguns desses murais ficam aí no Palácio do Governo. Contam a história do país, a vida e o trabalho do povo mexicano.

Um dos trabalhos mais polêmicos de Rivera foi o mural do Rockfeller Center em Nova York. Diego foi contratado para fazer o mural desse símbolo do capitalismo americano, mas no mural fez uma dura crítica ao sistema capitalista, incluindo a imagem de Lênin e uma apologia ao sistema comunista da União Soviética, na sua arte. O mural foi destruído e Rivera perdeu o contrato, mas ganhou ainda mais fama. A artista Frida Kahlo foi a terceira e mais duradoura esposa de Diego Rivera. Ficaram casados de 1929 até a morte dela em 1954. Rivera morreu em 1957.

Os murais de Diego Rivera do Palácio Nacional foram pintados entre 1929 e 1935. Eles homenageiam a turbulenta história mexicana desde a antiguidade e povos pré-hispânicos até as previsões de prosperidade futurista divulgadas pela Revolução de 1910.

Depois de visitar os murais de Diego Rivera do Palácio Nacional, seguimos em direção às ruínas do Templo Mayor, dos astecas, que fica ao lado. Não ficamos animados para entrar, pois tínhamos uma agenda importante para a noite.

Entre a Catedral e o Templo Mayor existiam muitas manifestações culturais associadas ao Dia dos Mortos e às culturas da meso-américa. Grupos indígenas faziam rodas de danças e rezas para os turistas e isso animava a praça.

A Lucha Libre
Voltamos para o hotel e seguimos para o compromisso da noite. Uma apresentação de Lucha Libre na Arena México. Um dos esportes mais prestigiados pelos mexicanos. A principal arena de Lucha Libre da Cidade do México é a Arena México, com capacidade para 16 mil pessoas. Existem outros espaços menores para assistir a apresentações de Lucha Libre, como a da Arena Coliseo.

Como tínhamos comprado os ingressos com antecedência, chegamos quase na hora do espetáculo começar. A entrada é caótica e bastante movimentada. Existem várias lutas numa única noite. Algumas individuais e outras coletivas com grupos de até três lutadores contra outros três. Eles sempre fazem o jogo do bem contra o mal. Quando o espetáculo começa, a torcida participa com euforia, gritando e xingando sem parar.

O espetáculo é um pouco de luta, esporte e teatro, mas os lutadores se envolvem e dão o máximo das suas performances. A torcida não consegue parar em momento algum. Existem os bons, os maus e os juízes. Todos participam do espetáculo. A torcida faz o seu papel à parte. Gritos, risadas descontroladas, xingamentos. Tudo faz parte do espetáculo. Os lutadores sempre usam máscaras e elas são vendidas na Arena ou nas bancas da periferia do ginásio. Saímos antes da luta terminar, para pegar um UBER com mais facilidade. Voltamos para o hotel e jantamos novamente no Restaurante Le Maison do Hotel Marriot Reforma.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.