O Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe
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- joaquimnery
- 24 de novembro de 2019
- América Destaques México
31.10.2019
A Virgem de Guadalupe
Esse era o nosso primeiro dia inteiro no México. Saímos do Parque Arqueológico de Teotihuacan e seguimos direto para o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, o segundo santuário mais visitado do mundo e o maior da América Latina, perdendo apenas para a Igreja de São Pedro em Roma. O Santuário recebe cerca de 20 milhões de visitantes por ano. A Virgem de Guadalupe é a padroeira do México e de toda a América Latina, tendo sido consagrada com esse título, pelo Papa João Paulo II em 1979.

De acordo com os relatos históricos do México, a Virgem apareceu no alto da Colina Tepeyac, em 1531, no mesmo local onde anteriormente era adorada a deusa-mãe pagã, Tonantzin. A Virgem de Guadalupe possuía uma pele morena, como os astecas da região e apareceu milagrosamente para o índio Juan Diego, que orava e sofria por causa de uma doença de um tio seu. A Virgem teria pedido a Juan Diego que fosse até o bispo e contasse sobre a sua aparição e que pedisse a construção de uma igreja naquele local.

O Bispo, a princípio não acreditou no relato do índio Juan Diego. Foi necessário uma mensagem mais objetiva da Virgem de Guadalupe para o Bispo do México. Nossa Senhora continuou aparecendo para o índio Juan Diego e insistindo na mensagem sobre a construção da igreja. Foram ao todo quatro aparições.

Após a última aparição da Virgem a Juan Diego, ele retornou ao Bispo e quando abriu o seu poncho, a imagem da Nossa Senhora estava impressa nele. A impressão da imagem da Virgem de Guadalupe no poncho do índio Juan Diego foi a prova definitiva da sua aparição. Esse fato criou uma grande comoção no povo mexicano, que de imediato construiu uma igreja no local da aparição.

O poncho e a imagem pintada nele existem até os dias atuais e continua exposto no santuário. Estudos feitos no poncho do índio Juan Diego revelaram que a pintura não foi feita por materiais existentes na natureza, nem fabricados pelo homem. O poncho já dura quase 500 anos sem perder a qualidade da sua imagem.

A aparição de Nossa Senhora de Guadalupe ajudou a igreja católica a fazer a transição da idolatria entre a religião primitiva dos astecas e o catolicismo. Em 1539, mais de 8 milhões de astecas já tinham sido batizados e abraçado a fé católica. Guadalupe, na língua asteca significa, “a Perfeitíssima Virgem que esmaga a deusa de pedra”. Em todo o país existem santuários dedicados à Virgem de Guadalupe. A sua adoração está intimamente relacionada com as religiões pagãs do México. O culto à Virgem de Guadalupe é a mais forte tradição cristã do México e uma das mais importantes festas nacionais.

As Capelas do Santuário
No alto da colina Tepeyac fica uma pequena Igreja, a Capilla del Cerrito, que faz parte do complexo do Santuário, que possui várias outras igrejas. Existe uma grande escadaria de acesso que é também utilizada pelos peregrinos. Na frente da capela, um mirante com uma bela vista de todo o complexo.

Na parte de trás da Basílica, descendo da Capilla del Cerrito, existem belos jardins no Parque das Oferendas e um grande monumento à Virgem de Guadalupe e a sua relação com os índios mexicanos.

A Capilla dos índios, Capela dos Índios, fica no local onde supostamente o índio Juan Diego viveu desde quando teve o primeiro encontro com a Virgem de Guadalupe, até a sua morte em 1548. É a mais antiga das igrejas do complexo. Noventa por cento dos mexicanos se dizem católicos, mas a religião incorporou vários elementos dos cultos nativos. O índio Juan Diego foi canonizado em 2002 e se tornou o primeiro santo católico, índio, americano.

A Capilla del Pocito ou Capela do Poço foi projetada no final do século XVIII e é um dos mais belos exemplares do barroco mexicano. Foi construída no século XVIII, no local do suposto quarto aparecimento da Virgem de Guadalupe. No interior da Capela existe um poço, supostamente milagroso. O seu contorno lembra uma elipse. A Capela também está afundando, bem como uma boa parte do complexo do Santuário da Virgem de Guadalupe.

O fato de a Cidade do México ter sido construída sobre áreas de manguezais e pântanos aterrados da antiga capital Asteca, Tenochtitlán, cria um problema gigantesco para algumas das suas estruturas históricas. É o caso da Capela do Poço que está afundando e um grande esforço de fixação tem sido feito pelo governo do México em parceria com organismos internacionais. O Excesso de peso e o terreno instável tem provocado um afundamento parcial da sua estrutura.

A Basílica de Guadalupe
O Santuário fica na base do Cerro del Tepeyac. A Basílica original, ou Basílica Velha, começou a ser erguida em 1709. A fachada barroca possui duas belas torres laterais. O problema do afundamento das grandes estruturas da Cidade do México também acontece aqui. Grandes esforços são feitos na tentativa de estabilizar a Basílica, mas a inclinação de algumas das suas estruturas e do piso é visível, sobretudo na fachada.

O Carrilon do Santuário de Guadalupe é um belo monumento localizado no meio da praça central, em frente às Basílicas Velha e Nova. Possui um belo relógio astronômico e um grande campanário com 19 sinos e um calendário asteca

A Basílica atual é gigantesca e moderna. Foi construída para atender à grande demanda dos peregrinos e também pelo fato de a Basílica Velha estar afundando pouco a pouco e ter um risco de colapso a qualquer momento. Possui um formato circular e pode acomodar até 10 mil pessoas. No seu interior fica a túnica do índio Juan Diego, onde a imagem da Virgem teria ficado impressa, como prova do milagre que ele presenciou.

No dia 12 de dezembro, cerca de 50 mil pessoas visitam a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe para comemorar o aniversário da última vez que a Virgem apareceu para o índio Juan Diego, naquela região.

Atrás do altar fica o poncho de Juan Diego com a imagem da Virgem de Guadalupe. Os peregrinos e visitantes podem ver de longe. Existe uma esteira rolante para que as pessoas não fiquem paradas em frente à relíquia.

Depois de visitar o complexo de Nossa Senhora de Guadalupe, voltamos para o centro da Cidade do México e ficamos na loja de departamentos Liverpool, para trocar os ingressos que havíamos comprado pela internet na Ticket Master para assistir a Lucha Livre. Saímos caminhando pela rua de pedestres do Centro Histórico onde turistas e mexicanos já estavam caricaturados com máscaras para comemorar as festas do Dia dos Mortos. Seguimos até o excelente Restaurante Limosneros no Centro Histórico.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.