A Zona Franca e o Porto de Manaus
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- joaquimnery
- 14 de junho de 2015
- Amazonas Brasil
24 de abril de 2015.
Na chegada a Manaus, a visão do porto impressiona. No porto principal, vários navios cargueiros de tamanhos diferentes aguardam a vez para embarque de mercadorias produzidas pela Zona Franca de Manaus.

A Zona Franca de Manaus foi implantada nos arredores de Manaus. Foi idealizada na década de 50, mas somente implantada em 1967. Na época o Brasil vivia uma situação de forte protecionismo comercial, quando era proibido a importação de inúmeros produtos industrializados. O projeto implantou na Amazônia, um polo industrial com fortes incentivos fiscais e isenção de impostos para empresas que quisessem se instalar na Amazônia.

Surgiu um grande centro de industrias de “maquiagem”, que montam produtos a partir de peças importadas e uma zona de livre comércio para esses produtos. Até o final da década de 80, muitos brasileiros viajavam para Manaus para comprar produtos industrializados de alta tecnologia, pois os preços por lá eram muito menores do que em qualquer outro lugar do país, em função das isenções fiscais. Chegava a existir cotas de importação para os brasileiros que visitavam Manaus.
Atualmente a Zona Franca de Manaus possui cerca de 720 indústrias de alta tecnologia, concentradas nos setores de televisão, informática, motocicletas, telefonia celular, áudio e vídeo, etc.

No caminho para o porto, também chama a atenção as balsas que funcionam como postos de combustível, mostrando a importância do transporte fluvial para a região. Algumas balsas são utilizadas para transporte de óleo diesel com o objetivo de abastecer as termoelétricas das cidades do interior e de outras capitais da Amazônia. A maior parte da energia produzida na região se dá através das termoelétricas, criando uma forte dependência da energia pelas fontes térmicas, e portanto, pelo óleo diesel.

A Zona Franca de Manaus serviu para justificar a construção da hidrelétrica de Balbina, que passou para a história como uma grande catástrofe ambiental, é criticada por gerar pouca energia para o investimento que foi feito e para o custo ambiental. A hidrelétrica foi construída num rio de pouca declividade, resultando num lago gigantesco e desproporcional à quantidade de energia produzida.
Passamos pelo porto secundário, onde centenas de barcos de transporte de carga e de passageiros ficam ancorados e circulam por ali, num movimento frenético de pessoas e produtos.

Os barcos sobem e descem os rios. As pessoas se amontoam nas embarcações, dormem em redes penduradas no convés das embarcações. Alguns possuem camarotes, que facilitam as viagens mais longas. De Manaus até Belém, alguns barcos levam 5 dias descendo o rio e até 7 dias em sentido contrário.

Voltamos para o porto onde estava ancorado o Grand Amazon e seguimos para o aeroporto. O Cruzeiro pelo Rio Negro estava chegando ao fim.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.