E quando o Chiclete passar …
Quando o Carnaval chegar viveremos fortes emoções. Quando o Filhos de Gandhi descer a Castro Alves, o “mar” de branco tomará conta da praça, a troca de colares na busca de um beijo roubado mexerá com todos. Impossível ficar parado. O som cadenciado de atabaques e agogôs, criará uma magia, perfumada pelo aroma das alfazemas lançadas no ar.
Quando o Ilê Aiyê passar, a beleza negra estará no sorriso de cada folião. Vou ver a Deusa do Ébano. Dentre tantas será difícil decidir qual a mais bela. Para acompanhar os passos dos foliões, basta deixar o corpo fazer aquilo que tem vontade quando ouve e vê a passagem do Ilê.
Quando Daniela passar iremos nos surpreender com mais uma performance preparada com amor. A “Rainha” estará acompanhada por súditos encantados. A voz maravilhosa e a alegoria em cima do trio farão com que fiquemos boquiabertos. Estaremos emocionados.

Quando a Timbalada passar, a energia dos tambores contagiará a multidão. Corpos pintados e suados cantarão mais alto numa euforia total, acreditando estarem sendo ouvidos por todos que assistem ao carnaval.

Quando o Asa passar virá acompanhado por uma juventude dourada e enlouquecida. Os foliões, dentro ou fora das cordas, parecem personagens. Mais corajosos pronunciarão versos e frases de amor, improváveis em outras oportunidades. O objetivo é roubar um beijo, mas o momento é ideal para namorar.

Quando o Olodum passar, o estrondo do tambor orquestrará o Samba Reggae. Coisa da Bahia, criada por aqui e que só existe por aqui. Quem tá dentro dança, mas quem tá fora dança também. Os hits eternos serão cantados por todos. Dentro ou fora do bloco.

Quando Ivete passar todos os olhares estarão lançados para o alto. Linda, fantasiada, carnavalesca, uma das maiores cantoras do Brasil. A descontração imperará. Sorrisos, gargalhadas e uma intimidade entre o público e a estrela. A irreverência de Ivete faz parte da festa.

Mas, quando o Chiclete passar, aí a festa será total. Não preciso de videntes. Vou chorar. Faço isso todos os anos. A energia que acontece ao lado do trio do Chiclete com Banana é um resumo e ao mesmo tempo a expressão de tudo que acontece com o Carnaval. A multidão estará bebendo o suor de Bell Marques. Todos apaixonados e fazendo parte do show. Cada um querendo um sorriso e um segundo de atenção. É incrível como o Chiclete parece se comunicar com todos. Cada olhar e sorriso direcionado com precisão será uma flecha no coração do fã, que exibirá faixas e cartazes com mensagens simples ou simplesmente com o seu nome, na esperança, quase sempre atendida, de ser lembrado ao longo do desfile.

O Chiclete com Banana e a multidão vão se misturar. Povo e trio formarão um só corpo que sairá do chão em ondulações sonoras e uniformes. A multidão nos becos e ruas transversais correrá ao encontro do trio. O corpo aumentará de tamanho.

O Chiclete estará grudado no povo. E quando o Chiclete passar…

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comment (1)
Plínio Medeiros Filho
19 jan 2013Gostei da parte “ondulações sonoras e uniformes”!!! Faz-me lembrar um Tsunami, neste caso, um Tsunami de alegria!!! Parabéns!!!