O Pantanal do Mato Grosso
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- joaquimnery
- 18 de junho de 2023
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10 de junho de 2023
Fomos atrás da onça-pintada
O Pantanal do Mato Grosso sempre foi um destino desejado e que fazia parte da minha lista dos preferenciais. Tomei a decisão de ir para visitar um sobrinho e afilhado querido que está morando em Bodoquena, no Mato Grosso do Sul. Quando comecei a construir a viagem, aumentou o desejo de encontrar e fotografar as onças-pintadas do Pantanal. Descobri que as maiores chances de ficar cara a cara com o bicho, estariam no Mato Grosso, nas imediações da localidade de Porto Jofre, nas margens do Rio Cuiabá, no Parque Estadual do Encontro das Águas.

A onça estava me chamando
Mudei a viagem. O foco agora passou a ser Porto Jofre e o encontro com as onças. Vou deixar a visita a Lucas em Bodoquena para uma próxima oportunidade. A onça estava me chamando.

De Salvador para Cuiabá
Saímos de Salvador, num voo da madrugada do dia 10, da Latam para Brasília, com conexão para Cuiabá. São 2 horas de voo para Brasília, mais 2 horas de conexão e uma hora e meia de voo para Cuiabá, que possui uma hora a menos que o fuso de Brasília. Aí estaria começando a nossa aventura. No aeroporto de Cuiabá, encontramos com o Hélio (65) 99983-3328, que seria o nosso guia, professor e companheiro pelos próximos 7 dias que passaríamos no Pantanal. O Hélio foi uma indicação do Fabiano, da Biodiversity Tour (65)98123-9897, uma operadora de Cuiabá especializada em turismos ecológico, que por sua vez, nos foi indicado por uma aluna querida, bióloga e ativista ambiental, a Luciana Leite. Tudo deu muito certo. O Hélio nos ensinou bastante sobre o Pantanal e suas peculiaridades.

O ouro do Pantanal
A parir do aeroporto, pegamos a estrada que segue em direção a Poconé (105 Km), a cidade mato-grossense mais próxima da entrada do Pantanal. A viagem começa pela BR 070, que liga Cuiabá a Cárceres, no Mato Grosso e depois segue pela MT 060 que dá acesso a Poconé, a partir daí ela passa a se chamar Transpantaneira ou Estrada Parque Transpantaneira. No caminho paramos para fotografar uma das minas de ouro que se espalham pela borda do Pantanal e ameaçam o frágil ecossistema local.

Poconé
Poconé é uma cidade com aproximadamente 35 mil habitantes e teve sempre a sua história ligada ao ciclo do ouro do Mato Grosso. A exploração teve início no século XVIII e continua até os dias atuais, quando é realizada por grandes empresas e de forma mecanizada e industrial. Fica na entrada do Pantanal do norte.

O Pantanal do Mato Grosso
O Pantanal é uma extensa planície fluvial localizada na região central do Brasil (75% da sua área) e com áreas no leste da Bolívia e do Paraguai. No território brasileiro, está dividido entre o Mato Grosso (35% do território do estado) e o Mato Grosso do Sul (65% do território do estado). Possui 195 mil quilômetros quadrados de extensão, sendo que a maior parte, localizado em território brasileiro.

A maior planície alagada do planeta
A região é considerada pela UNESCO, como Patrimônio Natural Mundial. É a maior planície alagada do planeta. A sua área extremamente plana, tem altitude média de 100 metros. A drenagem central do Pantanal é feita pelo Rio Paraguai e a sua origem está relacionada ao aumento do volume das águas desse rio e dos seus afluentes. Quando o Rio Paraguai transborda, ele represa os seus afluentes, que transbordam também, inundando uma área espetacular. Como a planície é muito plana, as águas demoram a escoar e o fenômeno geográfico se forma.

A Rodovia Transpantaneira
A Rodovia Transpantaneira surgiu da tentativa dos governantes, durante o regime militar, num período conhecido como “Milagre Econômico Brasileiro”, a partir de 1972, de criarem uma estrada cortando o Pantanal, que fizesse a ligação entre Cuiabá no estado do Mato Grosso e Corumbá, no Mato Grosso do Sul. A princípio a rodovia deveria ter 397 Km. Jamais chegou a Corumbá. Termina nas margens do Rio Cuiabá, na atual fronteira entre os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, na localidade de Porto Jofre, onde seria necessário a construção de uma grande ponte. Como o investimento seria alto, o projeto foi abortado.

O aterro de cascalho e argila
A princípio a estrada foi construída sobre um extenso e contínuo aterro. Deveria servir para a integração dessa área do oeste brasileiro, facilitar o transporte de gado e estimular o desenvolvimento regional. O aterro criou uma barragem de cascalho e argila, isolando áreas de escoamento das águas do Pantanal e criando grandes diques, lagoas artificiais e um enorme problema ambiental. A solução encontrada foi “rasgar” a estrada para que a água pudesse escoar e nessas passagens seriam construídas as pontes, a maioria delas de madeira.

As pontes da Transpantaneira
Hoje são 146 km de estrada de barro sobre aterros, com aproximadamente 120 pontes, sendo 37 de concreto e 83 de madeira, que precisam frequentemente de manutenção. É a estrada com o maior número de pontes do mundo. As pontes são ainda excelentes pontos de observação da fauna do Pantanal.

A “farra” da vida
Por outro lado, os diques facilitaram a retenção da água e auxiliaram, mesmo sem querer, na dinâmica e preservação ecológica do Pantanal, pois diminui os períodos de secas severas, ajuda na reprodução de peixes, que sevem de alimentos para pássaros, jacarés etc.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.