O Vale do Loire e o Castelo de Angers
- 2947 Views
- joaquimnery
- 11 de maio de 2013
- 1
- Destaques Europa França
Saímos cedo pela manhã pois tínhamos uma viagem longa pela frente, aproximadamente 350 km até Blois no Vale do Loire. Na saída ainda buscamos pontos estratégicos para fazermos as últimas fotos do Monte Saint-Michel. O dia estava favorável, tinha uma boa luz, ao contrário do dia anterior que passamos por lá.

Ainda na região, seguimos as placas na estrada para conhecer o Cemitério Alemão da Segunda Guerra Mundial na Normandia. É muito mais simples que os outros que visitamos (americanos e canadenses). Na realidade são criptas coletivas, dispostas num formato circular onde estão os restos mortais de soldados alemães mortos na região.

Seguimos por estradas secundárias, passando por vilarejos típicos e pela zona rural da Normandia, com belas paisagens emolduradas pela estrada. Na região, a pecuária se destaca, além da produção de maçã.

Entramos na Região do Vale do Loire pela cidade de Angers. Escolhemos Angers pela estratégia dos caminhos e da estrada. A cidade que possui cerca de 170 mil habitantes, é um polo industrial e fica numa das extremidades da área conhecida como Vale do Loire. Angers é a histórica capital dos Duques de Anjou e berço dos Plantagenetas.

O Rio Loire corre de leste para oeste, em direção ao Oceano Atlântico e ao longo do seu caminho existe uma grande quantidade de castelos, são mais de 300, que foram instalados aí pela corte francesa ao longo da sua história, desde a Idade Média.

As cidades do Vale foram beneficiadas pela implantação dos castelos e transformadas em polos importantes de atração turística na França, dentre elas destacam-se: Blois, Amboise, Angers, Orleans e Tours.

Os castelos mais antigos foram construídos como grandes fortificações a partir do século X. Quinhentos anos depois a arquitetura desses castelos foi se transformando, ganhando mais leveza e luxo, deixando de ser uma máquina de guerra e sendo transformado em palácios, com ênfase em design e paisagismo.

A partir do século XVI, o centro do poder na França deixou o Vale do Loire e se transferiu para Paris. Com a construção do Palácio de Versalhes nos arredores de Paris o Vale do Loire perdeu em importância, mas mesmo assim a alta burguesia francesa continuou a recuperar palácios existentes e a construir novos, como residência de verão.

A Revolução Francesa destruiu muitos castelos e palácios e saqueou os seus tesouros. O empobrecimentos dos nobres depostos fez com que muitos castelos fossem demolidos, mas os que sobreviveram contam uma história de riqueza e poder.

Durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial, alguns foram transformados em Quartéis-generais militares e continuam a ser utilizados dessa maneira até hoje, porém muitos servem como propriedades privadas, habitação, albergues, hotéis e outros são abertos a visitação pública, atraindo milhares de turistas todos os anos.

O Castelo de Angers fica no alto de uma colina na beira do Rio Maine, um dos afluentes do Rio Loire. É um típico castelo medieval, que remonta à época inicial de implantação dessas estruturas no Vale do Loire. Possui uma muralha fortificada cercada por fossos.

O Castelo de Angers é chamado Château du Roi René (Castelo do Rei Renato) e foi construído num dos locais ocupados pelos romanos em território francês, em função da sua localização estratégica sobre a colina na margem do rio.

A origem do Castelo data do século IX, mas a fortaleza com o formato atual somente começou a ser construída a partir de 1230. As muralhas do Castelo possuem cerca de 800 metros de comprimento e é cercado por 17 torres, com alta capacidade de defesa.

Na base das tores um grande fosso cercando toda a estrutura que hoje possui jardins em estilo medieval.

Hoje o Castelo pertence ao município de Angers e foi transformado em museu. O seu principal acervo é a mais antiga e maior coleção de tapeçarias medievais do mundo, com destaque para a “Tapeçaria do Apocalipse”, o seu maior tesouro. O tapete possui 70 cenas do apocalipse, com cerca de 100 metros de comprimento, por 4,5 metros de altura. A tapeçaria foi encomendada para Luís I Duque d’Anjou em 1373 e conta a história do apocalipse segundo São João.

Deixamos o Castelo de Angers e seguimos viagem. Chegamos a Blois no final da tarde, onde ficamos hospedados, por três noites, no Holliday Inn. O hotel é bastante razoável, com um quarto confortável e uma boa localização, nada além disso.

- Amboise
- Angers
- Blois
- Castelo Chambord
- Castelo Chaumont
- Castelo Chenosceau
- Castelo de Angers
- Castelo de Cheverny
- Cemitério Alemão
- Château du Roi René
- Duques de Anjou
- Europa
- França
- Idade Média
- Monte Saint-Michel
- Normandia
- Orleans
- Paris
- Plantagenetas
- Revolução Francesa
- Rio Loire
- Rio Maine
- Segunda Guerra Mundial
- Tapeçaria do Apocalipse
- Tours
- Vale do Loire
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comment (1)
Moysés Fraga
15 maio 2013Magia, beleza e História viva!!! Parabéns!