O espetacular Monte Saint-Michel
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- joaquimnery
- 6 de maio de 2013
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- Destaques Europa França
Depois de uma longa estrada, finalmente chegamos à região do Monte Saint-Michel. Passei a vida inteira ensinando geografia e a imagem do Monte Saint-Michel sempre me acompanhou com um misto de desejo e fascínio. Nessa região do Canal da Mancha, existe uma das maiores marés do mundo. A amplitude pode chegar a 15 metros em alguns meses do ano nas marés de sizígia. Isso transforma o Monte Saint-Michel num híbrido de ilha e península. Ilha quando a maré sobe bastante e península quando a maré desce.

Começamos a avistar o monte a 20 km de distância. Quando nos aproximamos um pouco mais, a bruma envolvia toda a estrutura do Monte Saint-Michel e aumentava a áurea de encanto e mistério. Parecia algo divino, feito numa outra dimensão. A torre mais alta do mosteiro onde aparece a imagem do Arcanjo Miguel, se ergue como que querendo tocar o céu. Aumentou a ansiedade para chegarmos logo ao destino.

Ficamos hospedados no Hotel Mercury, localizado dentro do Parque que dá acesso ao Monte Saint-Michel. O hotel é simples, mas possui uma localização espetacular. Na chegada ficamos parados numa barreira que dá acesso apenas aos hóspedes desse e de alguns outros poucos hotéis que existem por aí, mas não foi difícil entender como entrar, pois da barreira avistamos o Mercury e concluímos que estávamos no lugar certo.

Jantamos no interior do Monte Saint-Michel, num restaurante para turistas em cujos pratos principais constam o omelete e o Cordeiro Pré Salé, típicos dessa região da Normandia. O cordeiro das fazendas vizinhas se alimenta das pradarias inundadas pela maré alta e acredita-se, que por isso, tenha uma carne pré-salgada naturalmente. Não foi um jantar especial, apesar do ambiente maravilhoso.

Ao sair do Monte Saint-Michel vimos uma cena encantadora e indescritível. Pena que não estava com o tripé da máquina fotográfica para gravar uma das mais bonitas imagens que já vi. A lua tinha um rasgo de “unha” minguante, quase desaparecendo, porém intensamente brilhante, atrás do mosteiro. Servia para emoldurar, na noite estrelada, o monte iluminado por uma luz tênue. A beleza da imagem era algo abençoado. Fotografei com a retina, retinei. Só não posso reproduzir. Fica na imaginação.

Saímos pela manhã para conhecer o Monte Saint-Michel. Existe um Shuttle Bus que faz o trajeto, de dez em dez minutos, entre o núcleo onde fica os hotéis e o monte. O Monte Saint-Michel fica numa elevação granítica próxima ao litoral, na foz do Rio Couesnon, que em determinados momentos do dia, em função do movimento e da amplitude das marés, se transforma numa ilha. O assoreamento intenso na beira do rio ameaça as características naturais do Monte. Hoje o governo francês está fazendo uma obra para diminuir essa ação do assoreamento garantir a preservação das características do seu sítio histórico.

A história do lugar começou no século VIII, em 708, quando o Bispo de Avranches (Aubert), após uma visão milagrosa, mandou construir sobre o Monte Tombe, nome original do lugar, um santuário em homenagem ao arcanjo Miguel. O santuário se tornou ponto de peregrinação, fazendo um eixo religioso com outras cidades francesas como Carcasone e Avignon.

A partir do século X, os beneditinos se instalaram na abadia e na base do morro surgiu uma aldeia. Hoje em dia nesse local aparece uma única rua, cheia de lojinhas de suvenires, pousadas e restaurantes. A abadia do Monte Saint- Michel é o segundo mais importante ponto de visitação turística da França.

O Monte Saint-Michel se tornou uma fortaleza impenetrável. Resistiu a todas as tentativas de invasão dos ingleses na Guerra dos Cem Anos. Os cavaleiros franceses sitiados no interior da abadia contaram com a formação geográfica e com a fortaleza que é um exemplo de arquitetura militar.

Na estrutura do complexo que envolve o Monte Saint-Michel, existem vários museus que mostram roupas e pertences de cavaleiros medievais, mas o imperdível é conhecer a abadia, os seus detalhes arquitetônicos pendurados no morro granítico.

Lá de cima da abadia pudemos ver a chegada de turistas que atravessavam a Baía de Saint-Michel, cumprindo a rota dos peregrinos. O detalhe é que nesse dia, como a maioria deles, na Normandia, estava muito frio e chuvoso. Se você for ao Monte Saint-Michel, a chance de estar chovendo é muito alta, os normandos perderam a noção do tempo e não sabem o que é primavera. Muito frio e muita chuva em meados de abril, mas relaxe, pois o que você vai ver por lá é algo, literalmente de “outro mundo”.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comments (4)
joaquimnery
12 jan 2017Obrigado Noélia,
O local é imperdível.
Noélia Amado
09 jan 2017REALMENTE, A DESCRIÇÃO INDÚS O LEITOR A VISITAR O LOCAL. PARABENS E OBRIGADA
antonio
26 jan 2015estive la em fins de dezembro/14 ,so indo para sentir a magia do local.vale muito a pena.
Moysés Fraga
15 maio 2013Meu velho, a sensação que a gente tem é de estar viajando junto com você! Seu texto é envolvente e as fotografias são simplesmente mágicas! Parabéns mais uma vez por este magnífico trabalho!