O Centro Histórico do Cairo
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- joaquimnery
- 7 de agosto de 2019
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27 de abril de 2019
A Cidadela do Cairo
Estávamos no Cairo, no Hotel Meridien Pyramid. Saímos pela manhã para um dia intenso de visitações. Começamos o dia com a visita à Cidadela de Saladino. A sede do governo egípcio por mais de 700 anos. A Cidadela, ou Al-Qalaa foi fundada em 1.176 e é um dos principais lugares de visitação do Cairo. Lá no alto existem mirantes com belas vistas da cidade.

A Cidadela foi fundada pelo líder muçulmano Saladino, o principal comandante árabe na resistência aos Cruzados. Venceu o Rei Ricardo Coração de Leão da Inglaterra e fez um acordo de paz, acabando com a última das Grandes Cruzadas que a Europa mandou a Jerusalém.

Saladino construiu no Cairo, uma grande fortificação murada que ajudou a proteger a cidade por séculos. Lá dentro existem mesquitas, palácios, museus e prédios públicos históricos. A antiga mesquita de an-Nasr Mohammed é um belo exemplo de arquitetura árabe. Divide o espaço religioso com a grande Mesquita de Mohammed Ali, do século XIX, a maior atração do interior da Cidadela.

A Mesquita de an-Nasr Mohammed possui uma estrutura mais simples. Foi construída entre 1318 e 1335. Fica logo atrás da grande atração da Cidadela, a Mesquita de Mohammed Ali.

A Mesquita de Mohamed Ali
A Mesquita de Mohamed Ali foi construída em estilo turco, com uma grande cúpula central e dois grandes minaretes laterais. A sua grandiosidade marca a paisagem do Cairo. Tem capacidade para receber até 10 mil fiéis. Foi construída entre 1830 e 1848, por ordem do líder reformista Mohammed Ali, considerado o fundador do Egito moderno. Quando ele assumiu o governo, em 1805, o país era uma província atrasada do Império Turco Otomano. Quando morreu em 1849, o Egito já era, de novo, uma potência regional.

Mohamed Ali foi um general Albanês que chegou ao Cairo no comando de mercenários que lutavam ao lado dos exércitos turcos em 1805, contra os líderes das tribos nômades do deserto. Foi colocado no poder pelos turcos. Fez um governo longo e com grandes mudanças econômicas. Depois que se consolidou no poder, traiu os turcos e passou a governar por conta própria até a sua morte em 1849.

A Velha Cairo
Visitamos o bairro antigo do Cairo, onde cristãos, muçulmanos e judeus conviveram durante séculos entre becos e ruelas. Hoje é uma área protegida pelas forças de segurança, talvez pelo potencial explosivo que tenha em função da convivência com esses três grupos.

Depois do declínio das religiões do Egito Antigo, o cristianismo predominou no país por muitos séculos. A cidade do Cairo surgiu nessa área, ao sul da Ilha de Roda, nas margens do Nilo. Na época o cristianismo predominava no país, por esse motivo ainda existem tantas igrejas cristãs nessa parte da cidade, também chamada de Cairo Copta.

A Igreja Copta é a Igreja Cristã do Egito e o Cairo Copta é essa parte mais antiga da cidade. É um local formado por ruelas e muitos locais sagrados. A principal atração do Centro Antigo é a Igreja de São Sérgio, construída onde supostamente, a Sagrada Família, José, Maria e o Menino Jesus, se esconderam, numa gruta, fugindo da perseguição de Herodes. A Igreja é simples, mas é um local de peregrinação para os cristãos.

Quando Jesus nasceu, Herodes mandou matar todos os bebês recém-nascidos, pois havia a notícia que o “Rei dos Hebreus” teria chegado ao mundo naquele momento. A fuga da Sagrada Família para o Egito teve como objetivo proteger o Menino Jesus contra o “Massacre dos Inocentes”. Entre 3 e 7 anos, Jesus, Maria e José fugiram para o Egito e viveram por lá. Atravessaram o Deserto do Sinai e retornaram a Nazaré após a morte de Herodes.

“Depois de haverem partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, dizendo: Levanta-te, toma contigo o menino e a mãe, foge para o Egito, e fica ali até que eu te chame; pois Herodes há de procurar o menino para o matar. José levantou-se, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito, e ali ficou até a morte de Herodes; para que se cumprisse o que dissera o Senhor pelo profeta: Do Egito chamei a meu filho.” – Mateus 2:13-15, citando Oseias 11:1.

Uma outra atração do Centro Antigo do Cairo é a pequena Sinagoga de Bem Ezra, que não funciona mais para cultos religiosos. A Sinagoga é bem decorada, foi originalmente uma igreja cristã e posteriormente transformada em Sinagoga, após ter sido adquirida por um rico judeu. Hoje existem pouquíssimos judeus no Egito, em função das guerras que aconteceram entre Israel e Egito.

A Igreja de Santa Bárbara fica ali perto. É um santuário, que localizado onde a Santa está enterrada. É também local para peregrinação dos cristãos, no Egito.

A Praça Tahrir
Saímos do Cairo Copta e fomos até a Praça Tahrir, o grande centro das manifestações políticas da Primavera Árabe no Egito. A Primavera Árabe foi o nome dado a uma série de revoluções que aconteceram nos países árabes do norte da África em 2011. As manifestações e movimentos revolucionários começaram na Tunísia e se espalharam rapidamente contra as ditaduras árabes da região.

A Praça Tahrir, a mais importante do país, no centro do Cairo foi o símbolo das manifestações. No Egito foi um caos. O governo foi deposto e o país passou aproximadamente dois anos sem governo. Aconteceram milhares de mortes e o turismo, que é uma das principais fontes de renda do país, praticamente foi a zero, o que gerou um desemprego em massa no setor. Toda a confusão que se seguiu à Primavera Árabe, somente começou a adquirir ares de normalidade, nos últimos dois anos, quando gradativamente o Egito está voltando a ser um destino turístico visitado, mas o fluxo ainda é muito menor que já foi no passado. Hoje a Praça Tahrir é um local calmo e as manifestações políticas são proibidas aí.
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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.