O Museu do Egito
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- joaquimnery
- 11 de agosto de 2019
- África Destaques Egito
27 de abril de 2019
O Museu do Egito
A última grande visita que fizemos no Cairo foi ao Museu do Egito, o mais importante museu histórico do mundo. Foi inaugurado em 1863, a partir da persistência do egiptólogo francês Auguste Mariette. O objetivo do museu era reunir e preservar um imenso acervo de antiguidades faraônicas. Passou por duas casas, antes da sua instalação definitiva no local atual, ao lado da Praça Tahrir, a partir de 1902.

O museu possui 120 mil peças expostas que foram descobertas pelos arqueólogos a partir do século XVIII e mais 150 mil guardadas para posterior exposição. O acervo é gigantesco e impressiona. Uma boa parte da história e da mitologia egípcia está contada ali.

Existem peças e monumentos egípcios espalhados por várias cidades do mundo. Algumas estão em praças e avenidas, como o Obelisco da Praça de La Concordia de Paris, que foi doado ao governo francês em 1836, como reconhecimento pelo trabalho feito nas pesquisas arqueológicas no Egito. Outras peças ficam em museus, como o Busto da Nefertite, no Museu de Berlim. Nova York, Paris e Londres, são cidades que possuem grandes acervos de peças egípcias.
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As principais esculturas monumentais aparecem no primeiro piso do museu. Dentre as peças do Museu do Egito, destacam-se uma estátua de Ramsés II, com 8 metros de altura, localizado logo na entrada do primeiro salão.

Uma réplica da Pedra da Roseta, pois a original encontra-se no Museu Britânico de Londres. A Pedra da Roseta foi descoberta em 1799, pelo soldado francês Pierre-François Bouchard, na cidade de Roseta, no Delta do Nilo. Teve um papel fundamental na interpretação da escrita dos hieróglifos, feita pelos egípcios, pois ela representa um mesmo texto escrito em três idiomas. A comparação do texto escrito em grego antigo com o escrito em hieróglifos, permitiu a tradução.

Existe uma sala especial dedicada aos escribas, que tiveram um papel fundamental no desenvolvimento e preservação dos hieróglifos e possibilitaram a reconstrução da história do Egito. Eram cidadãos especiais, pois caminhavam lado a lado com os Faraós, contando os seus feitos. Alguns escribas estão representados de forma magnífica em esculturas perfeitas e detalhadas. O brilho dos olhos e a pintura das esculturas é uma prova disso.

Dentre os destaques do museu, aparecem adornos e decorações das paredes dos túmulos de Faium, com destaque para os incríveis Gansos de Meidum, com cores incríveis e muito bem preservados.

No piso térreo estão espalhadas várias estátuas de Hatshepsut, a única Faraona, Faraó Mulher, que governou o Egito. Esfinges, estátuas e objetos que foram retirados do seu túmulo, localizado no Vale dos Reis em Luxor, antiga Tebas. Hatshepsut foi a única mulher enterrada no Vale dos Reis.

Outro Faraó que tem destaque no Museu do Egito é Aquenáton, que tentou iniciar um movimento monoteísta no Egito, concentrando todas as divindades em apenas uma. Acabou com 2 mil deuses e preservou apenas o Deus Ra, ou Aton, o Deus do Sol. O movimento do Faraó Aquenáton e sua rainha Nefertiti nesse sentido acabou lhe enfraquecendo.

O Tesouro de Tutankamon
O maior destaque do Museu do Egito é o acervo de Tutankamon, um Faraó que morreu jovem, com apenas 19 anos de idade, reinou por pouco tempo, não deixou grandes realizações, mas a sua Tumba foi a única encontrada intacta pelos arqueólogos e por isso ele teve um papel fundamental na reconstituição de partes da história do Egito.

O Tesouro de Tutankamon era formado por 5 mil artefatos, dos quais, 1.700 estão expostos aí. Na chegada à Galeria de Tutankamon aparecem duas estátuas do rei em tamanho real, que ficavam na entrada do seu túmulo. Utensílios de caça, tabuleiros, divãs, camas, sarcófagos, além de uma fantástica máscara mortuária estão expostos aí.

A máscara de ouro maciço que cobria a sua múmia é o principal ponto de interesse do museu. O primeiro sarcófago no qual estava a máscara envolvendo a múmia do faraó, é também de ouro maciço e era o maior de todos. O segundo é de madeira folheada a ouro e além desses dois, existiam outros sarcófagos, cada um evolvendo o outro, como grandes caixas umas dentro das outras, até chegar à caixa maior.

A excitação e emoção dos arqueólogos e trabalhadores, quando encontraram a Tumba intacta de Tutankamon foi tão grande, que eles se precipitaram, a entrar na Tumba rapidamente, sem avaliar o ambiente que havia lá dentro. Os alimentos e bebidas que foram depositados no interior da Tumba, durante o funeral de Tutankamon, estavam hermeticamente fechados. Quando a Tumba foi aberta, liberaram fungos e gases tóxicos que envenenaram os trabalhadores e alguns deles morreram dias depois, gerando uma lenda sobre a Tumba: A Maldição de Tutankamon.

Leia mais sobre Tutankamon em: https://umpouquinhodecadalugar.com/africa/o-vale-dos-reis/
O Salão das Múmias
O Salão das Múmias é um dos lugares mais visitados do Museu. Precisa-se pagar um ingresso adicional para visitá-lo, mas vale muito a pena. São 22 múmias expostas nessa sala e dentre elas as de Faraós importantes como: Ramsés II, Hatshepsut, Tutmés II e Seti I. No Museu do Egito existe uma coleção impressionante de sarcófagos espalhados por todas as salas. Alguns ricamente decorados e outros mais simples. Alguns de pedra e outros de madeira.

Não é permitido fotografar dentro do salão das múmias. Elas estão em perfeito estado e a sua análise permitiu saber detalhes sobre a idade e causa da morte de cada uma delas. As múmias datam de mais de 3 mil anos.

O processo de mumificação dos Faraós era um ritual que levava 70 dias. Depois dos corpos serem lavados em óleo e azeite, o cérebro era retirado através de um furo na cabeça, depois as vísceras, que eram colocadas em potes, que por sua vez eram depositados em sarcófagos especiais, dentro dos túmulos sagrados. O corpo era finalmente envolvido em sal para sofrer desidratação e para que perdesse toda a sua água. Finalmente era enrolado em tecido de linho e colocado dentro do sarcófago real.

Um dos grandes tesouros do Museu é o conjunto de peças encontradas nas Tumbas do casal de nobres Yuya e Thuyu. Assim como na de Tutankamon, essa tumba estava bastante preservada e todo o acervo fica numa sala especial.

Saímos do Museu do Egito e fomos para o Mercado Khan el Khalili. No caminho, o trânsito estava um caos. Uma realidade comum nessa parte central da cidade. Incomoda, assusta e impressiona. Não existe regulamentação ou educação de trânsito. Engarrafamentos gigantescos. Todos buzinam sem parar e atravessam as pistas sem sinalizar ou respeitar os que nelas já estão.

O Mercado Khan el Khalili é colorido e movimentado. Existem centenas de lojinhas em ruelas estreitas, vendendo de tudo, mas sobretudo lembranças do Egito. Na praça em frente ao mercado, dezenas de bares e restaurantes vendem comidas típicas e fazem a festa com os turistas mais corajosos e locais.

Depois de uma hora visitando o Mercado e fazendo as últimas compras de lembranças do Egito, voltamos para o Hotel Le Meridien Pyramid e jantamos mais uma vez no restaurante italiano do hotel. No dia seguinte sairíamos de madrugada para Lisboa, iniciando a volta para casa.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.