Frida Kahlo, um símbolo do México
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- joaquimnery
- 3 de dezembro de 2019
- América Destaques México
02.11.2019
O Museu Frida Kahlo
No dia anterior, tentamos ir ao Museu Frida Kahlo, porém não tivemos sucesso. O Museu é uma das principais atrações da Cidade do México e por ser pequeno, possui uma capacidade limitada de público. Uma multidão vai ao Frida Kahlo todos os dias, mas nem todos conseguem acesso. É muito importante adquirir os ingressos antecipadamente e não fizemos isso. Quando tentamos, já não havia mais disponibilidade para a venda on line. Decidimos tentar novamente nesse dia.

A Cidade do México estava lotada de turistas, por conta do Dia dos Mortos que acontece nessa época do ano. O Museu Frida Kahlo abre às 10h. Decidimos chegar às 9H, pois sabíamos que haveria fila. Quando chegamos por lá, fomos os últimos que eles permitiram na fila, pois avisaram que a partir dali a previsão seria de filas com seis horas de duração. Ficamos atordoados, estávamos pensando em desistir.

Após uma hora de espera na fila, apareceu uma solução. Observamos que uma garota que havia chegado depois, ficou conversando com o funcionário do Museu, e descobriu que havia um pacote envolvendo dois museus. O Frida Kahlo e o Museu Mural de Diego Rivera. Esse pacote envolvia um translado de ônibus entre os dois e os ingressos ainda seriam disponibilizados para venda, e não havia fila. Seguimos essa dica e conseguimos entrar no Museu, pouco depois das 10h da manhã.

A Casa Azul
O Museu Frida Kahlo fica no distante bairro de Coyoacán, na Cidade do México, na casa em que ela nasceu, viveu a maior parte da sua vida e morreu. Algumas das suas obras foram pintadas ali e o Museu ainda preserva parte do seu ateliê, bem como objetos e documentos inéditos, além de fotografias, desenhos, vestidos e livros.

Frida viveu de 1907 a 1954. Foi a pintora mais original e importante do México. Teve uma vida de muita energia e sofrimentos. Quando criança, sofreu com uma paralisia infantil, que deixou sequelas no seu pé direito. Frida recebeu o apelido de “Frida pata de palo”, ou Frida perna de pau.

A vida de Frida Kahlo
Depois, com 18 anos, sofreu um acidente de trânsito, onde quebrou a coluna e ficou estéril. O ônibus em que estava se chocou com um trem. A coluna quebrada lhe deu dificuldades de locomoção e dores terríveis que lhes acompanharam até a morte. Essas dificuldades e as dores foram fonte de inspiração para boa parte da sua obra. As pinturas de Frida são agressivas e perturbadoras. Em muitas delas produziu autorretratos deixando transparecer o seu sofrimento. Foi o caso de “A Coluna Quebrada” de 1944, que está em exposição no Museu Dolores Olmedo. Uma obra impactante que mostra a espinha dorsal de Frida representada como uma coluna jônica quebrada, com o seu corpo aberto, numa alusão às sequelas do acidente de bonde que sofreu em 1925. Frida tem um olhar penetrante e algumas lágrimas nos olhos. A tela é de uma representação intensa da sua dor e sofrimento.

Frida enquanto se recuperava dos traumas do acidente, começou a pintar e não parou mais. Quando voltou a andar, teve a oportunidade de mostrar o seu trabalho para o famoso muralista mexicano Diego Rivera, com quem teve uma paixão avassaladora.

Em 1929 Frida se casou com Diego Rivera, o mais importante artista plástico do México. Personagem polêmico da história do país no século XX. Rivera era boêmio e namorador. Teve vários casos extraconjugais. Frida também teve os seus, tanto com homens como com mulheres.

Um dos amantes famosos de Frida foi o russo Leon Trotsky, que havia fugido da União Soviética, onde estava sendo perseguido por Stalin, seu rival, na disputa do poder deixado no país com a morte de Lênin. Recebeu asilo político no México. Viveu no bairro de Coyoacán, com Frida e Rivera. Teve um caso com Frida. Depois foi assassinado por mexicanos simpatizantes de Stalin.

Frida se separou de Diego em 1939, porém casaram-se novamente no ano seguinte. Passaram a viver em casas separadas. A vida do casal foi uma epopeia constante de amor e ódio.

O Museu
Além de muitas pinturas de Frida Kahlo, o museu possui inúmeros objetos do seu cotidiano e da vida com Diego Rivera. A casa foi doada ao governo do México, por Diego Rivera, em 1955, após a morte de Frida. O Museu é bonito e muito bem preservado.

A tela “As Duas Fridas” é uma das suas obras-primas, que retrata a sua dor e sofrimento em função do acidente e da vida conturbada, mas ao mesmo tempo deixa expor a Frida de personalidade forte que lutava contra seus problemas.

Quando Diego Rivera foi contratado para produzir murais nos Estados Unidos, Frida foi com ele. Engravidou por lá. Ser mãe era um sonho, mas um aborto natural trouxe ainda mais trauma e sofrimento para a vida de Frida Kahlo. Foi aí que ela soube que definitivamente estava estéril.

Frida Kahlo passou uma boa parte da sua vida deitada numa cama, com dores terríveis que eram amenizadas com o uso de muita medicação. Sobre a cama, montou um cavalete, com um sistema de espelhos que lhe permitia continuar produzindo. Foi assim, deitada na cama, que fez muitos dos seus autorretratos.

No jardim da casa-museu Frida Kahlo, havia uma grande oferenda em homenagem ao Dia dos Morto, cujo tema central era a própria Frida. Foi uma sorte termos ido ao museu nessa data.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.