O Caxixi high tech
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- joaquimnery
- 2 de junho de 2013
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O aeroporto Tambo, em Johanesburgo, na África do Sul é um grande “hub” de distribuição de voos para todos os cantos da África. Moderno e cheio de lojas, destacam-se as de artesanato, pois vendem produtos de todo o continente. A maior delas chama-se “Out of Africa”, nome título do maravilho filme inspirado na vida da escritora dinamarquesa, Karen Blixen, no Brasil traduzido como “Entre Dois Amores”.
Perdido num emaranhado de CD’s de música africana e peças de artesanato de qualidade, saí de lá com algumas recordações. Na hora “H”, quando ia embarcando, corri de volta à loja e comprei o que estava faltando: Uma vuvuzela decorativa. Trouxe como um troféu de passagem pela África.

Um ano atrás li uma matéria sobre um instrumento criado por Carlinhos Brown para a Copa de 2014. No dia seguinte liguei para a produção de Brown pois queria conhecer o produto. De imediato eles me levaram umas amostras da caxirola. Me apaixonei pela caxirola desde a primeira vez que vi. Fiquei encantado com tudo: Com a ideia, com as cores, com o formato e vi na caxirola um forte sentimento de baianidade.

Imaginei que a ideia de Brown era transformar a caxirola no mesmo sucesso de marketing e venda que a vuvuzela teve na Copa da África. O som da vuvuzela era insuportável, mas o mundo inteiro jamais esquecerá dela e quem usou se divertiu bastante.
Quando li sobre a ideia de Carlinhos Brown fazer uma “caxiraula” na Fonte Nova em dia de Ba-Vi, ensinando o povo a tocar a caxirola, mas uma vez, achei a ideia genial. Não avaliei os riscos. O grande erro de Brown foi lançar a caxirola num Ba-Vi, distribuindo gratuitamente com os torcedores. Ele também não avaliou o risco. A tragédia aconteceu e a caxirola foi parar no gramado, sob a observação de uma FIFA cuidadosa, intervencionista e intransigente. A caxirola não agrediu ninguém, mas serviu de desabafo para uma torcida sofrida, que luta para poder participar das decisões sobre os destinos da sua maior paixão.
O futebol conquistou o mundo, movimenta multidões e opiniões. Está cada vez mais profissional, participativo e democrático.
Quem assistiu ao filme “Bahia Minha Vida”, sabe da paixão que o clube desperta na multidão, que tem pelos seus símbolos um “fanatismo religioso”. O Bahia que desperta essa paixão não pode ser comandado pela vontade de uns e sim, da de todos. O BAHIA É DA TORCIDA.
Os organizadores da Copa escolheram acertadamente o tatu-bola como mascote para a Copa de 2014. A escolha de um símbolo da fauna brasileira que se transforma em bola quando ameaçado, é genial, mas dá ao tatu-bola o nome de “Fuleco” é de um mau gosto terrível.
Os turistas que virão nos visitar na Copa, voltarão para casa com lembranças da Bahia. Espero que não seja um chaveirinho do “Fuleco” e sim uma caxirola verde e amarela, que remete ao samba e à capoeira e desbanca a vuvuzela.
Para mim a caxirola é um caxixi “high tech”.
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comment (1)
Éder Ramos
02 jun 2013Belo Texto! Reforçando a minha Ideia de que a Caxirola não pode ser culpada pela má educação de muitos em suas respectivas insatisfações, porém como a Vuvuzela que também caso fosse atirada ao campo faria um estrago ainda maior. Acredito que foi muito inflexível a determinação da Fifa. As Vuvuzelas se tornou eternamente símbolo da Alegria dos Africanos. A nossa Caxirola seria a presença de uma cultura dos africanos e descendentes desse continente rico aqui no Brasil tornando um País com Identidade e com capacidade de demonstrar que seremos capazes sim de eternizar algo que nos representaria muito bem. Viva a Caxirola! Viva o Tatu-Bola! Nada de Fuleco.