“Onça, onça, onça…”
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- joaquimnery
- 25 de julho de 2023
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13 de junho de 2023
Seguindo atrás da Onça
Começamos o dia com uma nova tentativa em um safari fluvial para encontrar as onças-pintadas da região de Porto Jofre, no Mato Grosso. No dia anterior o frio tinha sido intenso e não estávamos devidamente preparados para ele. Hoje foi um pouco diferente. Nos preparamos para o frio, pois deveríamos ficar navegando pelos rios e corixos o maior tempo possível, para aumentar as chances de observação das onças.

Encontramos uma ariranha
Começamos a subir o Rio São Lourenço procurando onças-pintadas. Encontramos uma ariranha, lontra-gigante ou lobo-do-rio. O predador voraz pode chegar a 1,7 metros de comprimento. Em geral é um animal pacífico, porém territorialista, podendo às vezes defender o seu território de forma agressiva.

A ameaça de extinção
A ariranha sempre foi um animal bastante caçado pelo homem, por conta do alto valor comercial que tem a sua pelagem aveludada. Chegou a estar listada como animal ameaçado de extinção. O Pantanal é um dos últimos redutos nativos da ariranha no Brasil. Nessa região do Parque Estadual do Encontro das Águas, ainda existem alguns grupos que podem ser observados, mas depende de um lance de sorte. Tivemos.

O “lobo-do-rio”
Se alimenta basicamente de peixes. É uma excelente pescadora. As que encontramos estavam se deliciando com um banquete à base de peixes, na beira do rio.

A emoção do encontro com a Onça-pintada
Quatro horas depois de iniciarmos a procura às onças-pintadas, já estávamos quase desistindo, circulando pelo Corixo Negro, quando decidimos voltar para a Pousada Santa Rosa. Talvez tentássemos mais uma vez à tarde. Quando começamos a fazer o caminho de volta, de repente, o “piloteiro” do nosso barco, Waldo, começou a gritar: “onça, onça, onça…”, fez uma manobra brusca e deu meia volta. Com o seu olhar experiente, tinha visto o animal. Nós estávamos incrédulos e ainda não conseguíamos ver direito. Quando Waldo se aproximou, ela estava lá.

Encontramos o “Ousado”
Uma bela onça-pintada, na margem do rio, nos presenteou com imagens espetaculares, poses e cenas. O mais fantástico foi que encontramos uma onça famosa. O Ousado. Um macho que foi resgatado após o gigantesco incêndio que aconteceu no Pantanal em 2020, o maior já registrado no bioma. O Ousado teve queimaduras de terceiro grau nas suas quatro patas. Foi resgatado e ficou 36 dias em tratamento intensivo longe da natureza para depois poder retornar à vida selvagem. Durante o tratamento, foi constatado desidratação profunda e alterações renais, em função da fumaça que inalou. O Ousado sobreviveu e hoje anda livre pelas matas na beira do Rio São Lourenço.

O colar de identificação
Tivemos a sorte e a emoção de encontrar o Ousado. Ele foi solto na região de Porto Jofre, município de Poconé, na mesma região que havia sido resgatado. Hoje, ainda usa um colar de identificação para que possa ser monitorado via satélite. É um animal saudável e já completamente integrado ao ambiente dessa região do Mato Grosso. As onças chegam a habitar áreas de até 100 quilômetros quadrados, portanto encontrar o Ousado foi sim um momento de sorte.

A onça é uma excelente nadadora
A onça ficou passeando pela margem do Corixo Negro e depois decidiu atravessá-lo. É um animal solitário e assim ele estava. Foi outro momento mágico ver o Ousado nadando com muita agilidade e facilidade. A sua desenvoltura no nado facilita muito a adaptação ao bioma do Pantanal.

O terceiro maior felino do mundo
A onça-pintada ou jaguar é o terceiro maior felino do mundo, perdendo para o tigre e para o leão. Pode chegar a 150 quilos e alcançar um comprimento de até 1,85 metros, sem a cauda. Aparece no continente americano. Originalmente era encontrado desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Se parece muito com o leopardo, que é encontrado no continente africano. O desenho das manchas é um dos diferenciais entre as onças e os leopardos.

A ameaça de extinção
É um animal ameaçado de extinção, sobretudo por conta da diminuição do seu habitat natural. A população continua em declínio. No Pantanal foi bastante caçada, pois era considerada uma ameaça para os fazendeiros, pois os bezerros eram presas fáceis para esses predadores. Hoje a caça é proibida e o turismo de observação desses animais abre uma esperança preservacionista. Muitos fazendeiros, exploram o turismo de observação das onças-pintadas e isso acende uma chama de esperança.

O Martim-pescador
Depois do show com a primeira onça-pintada que encontramos, começamos a voltar para a Pousada Santa Rosa. Para fechar esse safari fluvial de forma especial, ficamos contemplando o Martim-pescador-grande que nos acompanhava. O Martim-pescador-grande pode chegar a 42 centímetros de comprimento é o maior dessa espécie, existente no Brasil. Vive em áreas de lagoas e rios, por isso se adapta tão bem ao Pantanal. Mergulha de forma certeira em busca da sua presa.

A sensação maravilhosa de objetivo alcançado
Deixamos o Corixo Negro para trás, navegamos por mais uma hora e meia e voltamos para a Pousada Santa Rosa com uma sensação maravilhosa de termos tido um dia proveitoso e que já justificava a ida ao Pantanal. Amanhã vamos subir o rio mais uma vez e o desejo de encontrar com as onças é ainda maior.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.