Vale do Douro, “um excesso da natureza”
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- joaquimnery
- 9 de julho de 2022
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Dia 11 de abril de 2022
Um circuito pelo Vale do Rio Douro
Peso da Régua é uma localidade estratégica para o Vale do Douro. Funciona como um ponto de partida para as visitações à principal área de produção dos vinhos da região do Douro, sobretudo os Vinhos do Porto. Estávamos hospedados no Hotel Régua Douro. Saímos para um recorrido pelas encostas do Vale do Douro e começamos pela vila de Pinhão. O roteiro que escolhemos era uma sugestão do Guia Visual da Folha de São Paulo para Portugal e Açores.

Sabrosa, a cidade de Fernão de Magalhães
De Pinhão, subimos as encostas do Douro até a cidadezinha de Sabrosa. Uma pequena aldeia com pouco mais de 5 mil habitantes e casas do século XV, onde nasceu o navegador e explorador português Fernão de Magalhães, por volta de 1480. Foi o primeiro navegador a fazer a circum-navegação de volta ao mundo, entre 1519 e 1522. Foi morto nas Filipinas, antes de concluir a viagem.

Chuva e frio no Vale do Douro
O dia estava muito frio e chuvoso, mas fizemos uma parada técnica em Sabrosa para circular pela cidade, encontrar a casa onde nasceu Fernão de Magalhães e saborear um pouco do clima e magia dessa região do Douro.

Miguel Torga
Na Vila de São Martinho de Anta, que pertence ao conselho de Sabrosa, nasceu o escritor português Miguel Torga (1907 a 1995), um dos grandes expoentes da literatura portuguesa e que foi candidato ao prêmio Nobel de literatura por várias vezes. Miguel Torga é considerado o maior poeta do Douro e traduziu de forma exemplar a paisagem do Vale do Douro, como “um excesso da natureza”.

Douro, “um poema geológico”
Em um dos mirantes da estrada, encontramos uma placa em homenagem ao poeta. Nas palavras de Miguel Torga o Douro é: “Um excesso da natureza”. “Um poema geológico”. “A beleza absoluta mostra nas suas páginas, também, o sofrimento imenso das gentes do Douro na produção do vinho”. Apelidou o Vinho do Douro de “Sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo.”

A poesia de Miguel Torga
A poesia de Miguel Torga sobre o Douro continua: “Não é descer de Sabrosa para o Pinhão, estacar em São Cristóvão e abrir a boca de espanto. Não é ir a São Leonardo de Galafura ou ao Miradouro de São Brás, olhar o caleidoscópio e ficar maravilhado. É compreender toda a significação da tragédia, desde a tentação do cenário, à condenação de Prometeu, ao clamor do coro.”

Alijó
Continuamos a viagem pela estradinha sinuosa das encostas do Douro, pela rodovia N212, até a cidadezinha de Alijó, fundada em 1226. Hoje, com pouco mais de 10 mil habitantes, é uma das principais bases de apoio aos pequenos produtores das vinícolas da região.
A Reserva Natural de Tua
De Alijó seguimos para a Reserva Natural de Tua. Uma área preservada com pouco mais de 25 mil hectares, no meio da região vinícola, produtiva do Vale do Douro, na margem direita do Rio Tua, um afluente do Rio Douro. Existem vários mirantes com vistas espetaculares na Reserva do Tua. Paramos no Miradouro do Ujo para algumas fotos.

Perdidos em São Mamede de Ribatua
Quando tentamos voltar para a rodovia N214, que nos levaria de volta a Peso da Régua, nos perdemos e entramos numa vilazinha muito pequena. São Mamede de Ribatua, com pouco mais de 700 habitantes e uma aparência de cidade medieval. A estrada foi ficando cada vez mais estreita e acidentada. Não deu para passar e tivemos que voltar. Não foi fácil, mas aproveitamos o “perrengue” para interagir um pouco com os camponeses da vila. A gente do Douro. A sensação é que estávamos numa cidadezinha medieval das encostas do Rio Douro.


A Barragem de Valeira
Começamos a viagem de volta e passamos em frente à Barragem de Valeira, construída em 1976 para corrigir um trecho acidentado do Rio Douro e tornar possível a navegação nessa parte do curso do rio, conhecida como Cachão da Valeira. Foi nesse local, onde existiam fortes corredeiras, que morreu afogado, o Barão Forrester, o inglês que impulsionou a produção e o comércio do Vinho do Porto, no século XIX.

A Quinta do Vallado
Começamos a voltar para Peso da Régua, pois tínhamos agendado uma visita à vinícola Quinta do Vallado. Esse é um dos programas favoritos para os turistas que visitam o Vale do Rio Douro. Existem várias vinícolas que podem ser visitadas, com ou sem degustação.

Degustando vinhos na Quinta do Vallado
A Quinta do Vallado é uma das vinícolas mais procuradas pelos brasileiros. A sua origem data do século XVIII e pertence à família Ferreira, uma das mais tradicionais produtoras do Vinho do Porto. O fato de ficar ao lado de Peso da Régua, facilita o acesso e deslocamento, depois de degustarmos alguns vinhos. Voltamos para Régua e Jantamos mais uma vez no excelente Restaurante Castas e Pratos.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.