Chico Rei e a Igreja de Santa Efigênia
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- joaquimnery
- 9 de outubro de 2021
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11 de agosto de 2021
A Igreja de Santa Efigênia
Uma das mais importantes igrejas de Ouro Preto é a dedicada a Santa Efigênia, construída em 1785 por ordem e financiamento do ex-escravo, alforriado, “Chico Rei”, com os recursos obtidos pelo ouro retirado da Mina da Encardideira.

A Igreja fica localizada no alto da Ladeira de Santa Efigênia e pode ser vista de vários pontos de Ouro Preto, por causa da sua localização privilegiada.

A riqueza da decoração banhada a ouro é justificada pela “lenda” de que os escravos escondiam o ouro, misturados aos seus cabelos e iam lavá-los no interior da Igreja, de onde conseguiam os recursos para a sua construção, bem como para a compra de alforrias de outros escravos.

A igreja tem uma grande importância para o Barroco Mineiro, que vivia naquela época a sua grande explosão criativa. O espetacular entalhe da Capela Mor é de autoria de Francisco Xavier de Brito, um famoso artesão da época, pai e instrutor do Aleijadinho. Os elementos e traços da cultura negra de Minas Gerais aparecem na sua decoração, como conchas, caramujos, chifres e outros elementos da religiosidade africana, inclusive a imagem de um Papa Negro.

A imagem de Nossa Senhora do Rosário, em pedra-sabão, que fica na fachada, foi esculpida por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Chico Rei
A história ou lenda sobre Chico Rei, fala sobre um grupo de negros capturados na região do Congo, que foram levados para o Rio de Janeiro. Nesse grupo estava Calanga, o Rei do Congo e sua família. Foram vendidos como escravos ao Major Augusto, para trabalharem na Mina da Encardideira, em Vila Rica. Calanga foi rebatizado e passou a se chamar Francisco. Trabalhou duro e pode comprar a sua liberdade. Comprou também a liberdade de outros escravos. Chegou inclusive a comprar a própria Mina da Encardideira. O seu povo libertado, muitos dos quais oriundos do Congo, passou a chamá-lo de Rei do Congo em Minas Gerais. A história de Chico Rei serviu de exemplo e orgulho para muitos negros de Minas Gerais, que trabalharam duro nas minas, muitos deles fizeram riqueza e puderam comprar as suas cartas de alforria.

Minas Gerais se tornou o lugar do Brasil onde havia a maior quantidade de negros livres. Muitos escravos negociavam a sua liberdade, com o ouro extraído das minas, com pagamentos em parcelas e valores futuros, muitas vezes pagas em ouro ou com a prestação de serviços nas próprias minas.

A Mina do Palácio Velho

Saímos da Igreja de Santa Efigênia e fomos até as Minas do Palácio Velho, uma das que existem no centro da cidade de Ouro Preto e podem ser visitadas. As Minas do Palácio Velho foram explorada em meados do século XVIII. Na visitação passamos pelos túneis subterrâneos e galerias de onde era extraído o minério no passado.

A visitação turística às Minas do Palácio Velho é recente e carece de uma infraestrutura melhor, mas fica no centro da cidade e possui acesso mais fácil que outras da região.

Depois de visitar as Minas do Palácio Velho, seguimos caminhando pelas ruas de Ouro Preto e paramos para almoçar num restaurante charmoso no meio das ladeiras da cidade. Almoçamos no Restaurante 7 de Ouro, com um bom buffet de comida mineira.

A visita a Ouro Preto continua no próximo post.
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.