O Caminho Marítimo para as Índias
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- joaquimnery
- 2 de janeiro de 2021
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28 de junho de 1995
O Cabo das Tormentas
Saímos da Cidade do Cabo e estávamos na rodovia panorâmica, Chapman’s Peak Road, no sul da África do Sul, dirigindo em direção ao Cape Point, local onde convenciona-se ser o encontro entre os oceanos Atlântico e Índico. Um ponto geográfico e histórico da maior importância. Desde meados do século XV, quando os turcos conquistaram Constantinopla, a Europa, representada sobretudo, por Portugal e Espanha, tentou encontrar um caminho marítimo para as Índias, que lhes permitissem retomar o comércio das especiarias com o oriente, interrompido pelos turcos.

Portugal, com a Escola de Sagres, avançou bastante nas técnicas de navegação. A busca do caminho para as Índias deveria dar a volta no continente africano. Quando os portugueses navegavam para o sul, costeando o continente africano, ao passar pela linha do equador, começavam a pegar de frente os ventos alísios de sudeste e a Corrente de Benguela, que dificultavam a continuação da viagem.

O desenvolvimento de novos tipos de velas que permitiam aos navios, navegar contra os ventos e de novas técnicas de navegação que permitiam se afastar bastante do continente, fez com que os portugueses buscassem caminhos mais distantes da África, para evitar a Corrente de Benguela. Várias expedições foram feitas tentando encontrar a passagem para o oriente, mas quando seguiam para o leste, batiam direto em terras africanas.

O segredo seria navegar mais a sul. A expedição de Bartolomeu Dias, foi a primeira a encontrar a passagem que daria acesso ao Oriente. Ventos fortes (o Vento do Cabo), destruíram várias embarcações da expedição de Bartolomeu Dias, que batizou o cabo encontrado na passagem como Cabo da Tormentas.

Quando chegou a Portugal e contou a sua história, os portugueses vislumbraram a possibilidade de ser aquela a passagem que levaria às Índias, modificando o nome de batismo para Cabo da Boa Esperança, pois aí estaria a esperança de se chegar às Índias pelo mar.

O Cabo da Boa Esperança
A excursão de Vasco da Gama, entre 1497 a 1498 conseguiu finalmente vencer o extremo sul da África e seguir até às Índias. Uma revolução para a geografia e para a história da humanidade.

O Cabo da Boa Esperança é um promontório localizado no extremo sul do continente africano. É aí que se convenciona ser o encontro do Oceano Atlântico com o Oceano Índico, apesar do local exato estar um pouco mais a leste, na localidade de Cape Agulhas. No Cabo da Boa Esperança existe um observatório que permite boas vistas da região. Para chegar até lá, pegamos um teleférico e subimos uma escada até o ponto mais alto. Vale a pena. A vista lá de cima é tão grandiosa quanto a importância histórica e geográfica do cabo.

Após a visita ao Cape Point continuamos pela estrada onde flagramos uma cena inusitada e perigosa. Paramos para fotografar um grupo de babuínos que estavam no acostamento e eram alimentados por um casal de turistas desavisados. O líder do grupo chegou a entrar no carro dos turistas que levaram o maior susto.

Paramos para almoçar no restaurante Black Marlim, na beira da estrada e em seguida continuamos em direção a Simon’s Town. Uma cidadezinha na costa sul do Oceano Índico com uma forte influência inglesa em vários aspectos, sobretudo na arquitetura, pois serviu de base para a marinha real britânica por muito tempo. Possui um charme de balneário de veraneio.

Os pinguins da África do Sul
Em Simon’s Town paramos na localidade da Praia de Boulders para visitar a colônia de pinguins que existe aí, com mais de 2.300 aves. Os pinguins chegaram à costa da África do Sul pegando carona da Corrente Marítima de Benguela, que se origina na Antártida. Existem passarelas na área reservada à proteção dos pinguins, que nos permite chegar bem pertinho da colônia. Aí eles fazem os seus ninhos escondidos na vegetação das dunas.

Depois da visita a Boulders, seguimos para a Vinícola Constantia localizada na parte posterior da Montanha da Mesa. Constantia foi a primeira vinícola introduzida na África do Sul. A arquitetura da Casa Grande e dos outros imóveis é impecável. Degustamos vinhos e fomos visitar a casa do primeiro governador holandês de Cape Town que se transformou num museu com peças coloniais.

O tour terminou com uma parada no Waterfront, porém antes disso passamos pelo bairro mais nobre de Cape Town, o Bishopscourt. À noite jantamos no hotel.
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.