A Grande Travessia dos Gnus no Rio Mara, no Quênia
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- joaquimnery
- 21 de outubro de 2015
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- África Destaques Quênia
09 de agosto de 2015
Já estávamos na segunda metade da manhã e a chance de assistir ao espetáculo da Grande Travessia dos gnus no Rio Mara estava se esgotando. Existiam muitos carros de safari observando um leopardo do outro lado do rio, quando de repente vimos um grande grupo de gnus correndo em direção à margem do rio.

Estavam na margem oposta. Começavam a se organizar para iniciar a travessia. Preparavam a melhor estratégia para que um maior número de animais conseguisse chegar ao outro lado, buscando o melhor lugar e o melhor momento.

Esse fenômeno é consequência da Grande Migração. Um episódio cíclico que acontece entre o Quênia e a Tanzânia, nessa área do planalto africano. A Linha do Equador, quase que coincide com a fronteira entre os dois países. Como Quênia e Tanzânia estão em hemisférios opostos, quando chove no Quênia é a estação seca da Tanzânia e vice-versa. Os animais migram em busca das pastagens verdes dos períodos chuvosos, por isso estão o ano inteiro passando do Quênia para a Tanzânia e da Tanzânia para o Quênia.

Em agosto acontece a estação chuvosa no Quênia e seca na Tanzânia. Nessa época do ano, cerca de dois milhões de animais, entre gnus, zebras e topis migram da Tanzânia para o Quênia,

No meio do caminho aparece o Rio Mara. Profundo e infestado de crocodilos, que ficam ali à espera dos gnus, zebras e outros antílopes que arriscam a travessia. Os gnus sabem disso e portanto relutam muito até o avanço final. Aproximam-se cautelosamente do rio, mas a decisão de atravessar é inevitável.

Na travessia, muitos morrem afogados ou caçados pelos crocodilos. Alguns dos que conseguem atravessar são caçados pelos predadores que ficam circulando nos entornos do rio.

Depois da caça chegam os abutres, chacais, e maribus, que fazem o trabalho de limpeza da savana sem deixar cheiros ou vestígios.

Na subida das barrancas do rio, alguns se ferem, quebram pernas e se tornam presas fáceis. Os que conseguem passar ilesos, terão o prazer de comemorar a vitória ao conquistar as excelentes pastagens da Reserva Masai Mara.

Deixamos as margens do Rio Mara com uma sensação plena de conquista, pois conseguimos o nosso objetivo. Foi um ano de planejamento da viagem. Sabíamos que a travessia aconteceria em agosto, mas presenciá-la é um momento raro e emocionante.

No caminho de volta para o Ashinil Mara Camp, ainda fomos contemplados pelo show de alguns bebês girafas. O excelente guia de safari que nos acompanhou nessa aventura foi o queniano Kombo.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comment (1)
Beto Carlos
11 maio 2016natureza grandiosa