O encontro com os Gorilas das Montanhas
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- joaquimnery
- 31 de agosto de 2015
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- Ruanda
05 de agosto de 2015
Saímos do Centro de Visitantes de Kinigi, em Ruanda (“Brieffing Point”) e pegamos o caminho até um vilarejo na base da montanha, a alguns quilômetros dali. Passamos por comunidades muito pobres. Os carros levantavam uma poeira intensa, que pintava de ocre as pessoas que caminhavam pela beira da estrada.

O carro nos deixou num vilarejo, na base de uma das montanhas vulcânicas que compõem o complexo denominado de Montanhas dos Gorilas. O Parque Nacional dos Vulcões de Ruanda está integrado territorialmente com um parque nacional em Uganda e outro no Congo, e os gorilas-das-montanhas vivem nesses três países. Toda essa região é conhecida como Parque Nacional Virunga.


Do vilarejo até a entrada do Parque, a subida é íngreme e cansativa, sobretudo por estarmos a três mil metros de altitude. Caminhamos por uma trilha que passa por áreas de cultivo, de pequenas propriedades de agricultura familiar. A rarefação do ar intensifica o cansaço, mas sabíamos que iria ser recompensador.


O Parque é cercado por um muro de pedra, com dois metros de altura. O objetivo é impedir que búfalos e elefantes, que também estão no Parque, saiam, e provoquem conflito com os camponeses que vivem nos arredores. Existem passagens estreitas pelo muro, que usamos para entrar.

Quando chegamos na borda do Parque, nos encontramos com os “trackers” avançados. São guias que chegam na madrugada, para localizar as famílias de gorilas e facilitar o trabalho dos turistas que vêm depois. Na subida já tínhamos recebido um rádio avisando sobre onde estava a família de Titus, o gorila que iríamos ver.

A vegetação é densa, porém não muito alta. É formada predominantemente de arbustos fechados, bambus, e cipós. Não existem caminhos, a solução é andar pelo meio do mato. A caminhada é difícil. Cerca de meia hora depois que entramos no Parque, o nosso guia localizou o grupo.

O encontro com o primeiro gorila foi de muita emoção, era uma fêmea adulta. Estava em nosso caminho. Parou para observar e depois avançou lentamente na nossa direção. Seguimos a orientação do guia, recuamos, e o gorila passou ao nosso lado, demonstrando curiosidade, mas com um comportamento bastante amistoso.

A vegetação fechada dificultava a visão dos gorilas, mas sabíamos que estavam ali. A impressão é de que estávamos sendo observados a todo momento. Seguimos pelo mato fechado, quando de repente nos encontramos com o macho dominante (The Big Boss), o chefe da família e descendente direto de Titus, bisneto de Digit, o gorila da Dian Fossey.

Os machos dominantes possuem as costas prateadas, “Silver Back”. Em cada família de gorilas existe apenas um líder. É quem comanda o grupo e a quem todos devem obedecer, inclusive nós. O “Silver Back” é o reprodutor. Somente ele pode procriar.

Quando um adulto jovem alcança a idade de reproduzir, pode tentar conquistar uma fêmea, nesse caso trava uma luta feroz com o “Silver Back”. O vencedor fica como líder da família e o perdedor abandona o grupo. Passa a peregrinar como um macho solteiro solitário, até encontrar um outro grupo onde possa mais uma vez disputar a liderança.

Os gorilas ficam de forma bem relaxada e se deslocam muito pouco, para isso precisam viver em áreas onde a alimentação seja abundante. Durante um dia inteiro, deslocam-se aproximadamente, apenas um quilômetro.

A família de Titus, com a qual estávamos interagindo era composta por 12 animais, entre bebês, jovens e adultos. O bebês são espertos e divertidos. Flagramos um que estava mamando e um outro que brincava insistentemente com a mãe.

Ficamos por mais de uma hora no convívio com os gorilas. Quando estávamos indo embora, eles nos presentearam com uma área descampada, onde pudemos fazer as últimas fotos e “selfies”.

Na saída ainda levamos um susto, pois um grande gorila estava obstruindo o caminho que deveríamos usar para sair da Reserva. Ele tinha saltado para cima do muro, exatamente no local da passagem para a saída do Parque. Depois de algum tempo, nos deixou passar sem problemas.

Alguns gorilas tinham saído da área do Parque Nacional e ficaram ali pela borda do muro, sendo observados pelos “trilheiros” e pelas crianças que pastoreavam algumas vacas e ovelhas.

Voltamos para o lodge e tivemos um final de dia de êxtase e regozijo, pois a experiência de estar lado a lado com os gorilas foi maravilhosa e única.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comments (3)
Irenita leite Barreto de Carvalho.
04 set 2015Valeu…….adorei o esconde-os com os gorilas……
joaquimnery
01 set 2015Valeu Belleza. Você iria adorar. Não te disse que ia???
Sérgio Belleza
01 set 2015Maravilha… Precisa ser homem com H maiúsculo – como se diz. Mulher… Bom, mulher geralmente é mais corajosa que muitos homens. Valeu Quinho e Mônica.