Os leões e os Masai
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- joaquimnery
- 11 de novembro de 2015
- Tanzânia
12 de agosto de 2015
Na Cratera do Ngorongoro, na Tanzânia, existem riachos, fontes e lagos que fornecem água suficiente para os animais que vivem aí. Quando saímos do local de almoço, seguimos para um dos lagos salgados no fundo da cratera, onde havia uma grande quantidade de albatrozes.

Encontramos um grupo de avestruzes circulando pela savana. Os avestruzes completaram o safari do fim da tarde. O avestruz é a maior ave existente no mundo. Alguns machos podem chegar a 150kg e 2,7m de altura. Os machos têm plumagem preta e as fêmeas cinzas. Os avestruzes não voam, mas correndo podem chegar a 80km/h.

Na sequência nos deparamos com um rebanho de búfalos-africanos. Esses animais aparecem nas savanas e praticamente em todos os países da África subsaariana. É um animal grande, maior que os de criação encontrados no Brasil. Os machos podem chegar a 900 kg.

O búfalo-africano é forte e temido pelos animais e homens das savanas africanas. É considerado um dos “big five”, denominação dada aos cinco animais mais respeitados pelas tribos africanas.

Deixamos os búfalos para trás e encontramos um grande grupo de zebras.

Um chacal cruzou em nosso caminho.

Uma das cenas mais inusitadas que vimos nesse dia de safari no Ngorongoro, foi quando encontramos dois leões, machos, adultos deitados no capim. Do outro lado da estrada vinha um grupo de Guerreiros Masai, conduzindo algumas cabeças de bois, até o lago salgado, para que os animais pudessem ter essa complementação alimentar.

A cena era tensa, pois o rebanho vinha em direção aos leões. De repente os leões se levantaram e recuaram, posicionando-se escondidos atrás de uns morros, de onde continuavam a observar o grupo que se aproximava. Daniel, o nosso guia, nos explicou, que os leões têm uma memória genética, da época em que eram caçados pelos Masai e portanto, temem a sua aproximação. Procuram evitar o contato e por isso recuaram.


Outro momento espetacular aconteceu logo a seguir, quando encontramos um grupo de carros de safari que pararam para observar dois leões jovens. Fazia muito calor e os leões procuraram a sombra de um dos carros e deitaram-se ao lado do pneu, de forma que impediam a saída do veículo. Dava para ver a aflição dos turistas que estavam dentro do carro.

As patas dos leões obstruíam qualquer movimento, pois estavam ao redor do pneu. Depois de muito tempo, o motorista/guia do carro passou a acelerar bastante, produzindo barulho tentando incomodar os animais para que eles saíssem do lugar onde estavam.

Quando os leões, finalmente se afastaram, um outro carro se posicionou no mesmo lugar. Os leões voltaram e deitaram ao redor do pneu desse novo carro. A cena se repetiu.

Do outro lado da estrada uma bela leoa adulta. Mãe dos dois leões adolescentes, observava tudo com atenção e preocupação redobrada.

O safari estava cheio de momentos de emoção. O próximo encontro especial foi com um Rinoceronte Negro. Estava distante, mas deu para observar com a lente da câmera e com binóculos, a carreira que ele deu num rebanho de zebras e depois, num grupo de hienas. Foi maravilhoso. A partir de um certo momento, as hienas pararam e enfrentaram o gigante. Não deu em nada. Cada um foi para o seu canto e nós nos deliciamos.

Os rinocerontes estão seriamente ameaçados de extinção. Na Cratera do Ngorongoro existem cerca de 40 desses animais. Todos eles são rinocerontes negros. O branco é mais raro. Os rinocerontes brancos e os negros, são, ambos cinza. A cor é a mesma e a denominação não tem nada a ver com a cor do bicho, foi um erro de interpretação no início da sua denominação pelos povos europeus. O rinoceronte branco tem uma boca maior, pois come capim, e por isso mais assustadora que o rinoceronte negro, que come arbustos e possui uma boca menor. O primeiro naturalista a descrever a diferença, chamou o rinoceronte branco de “Wild Rhino”, (rinoceronte selvagem), pois tinha uma boca mais assustadora. Na Europa, aqueles que ouviram, entenderam como “White Rhino” (rinoceronte branco), em consequência, o outro passou a ser chamado de rinoceronte negro. Estórias da África, mas ambos são cinza escuro. Dos dois, o rinoceronte negro é menor e o mais agressivo.

Saímos da cratera no final da tarde. Na saída ainda pudemos admirar a floresta de acácias amarelas, que é um dos símbolos dessa região da Tanzânia.

Hoje em dia já existe um caminho pavimentado com piso intertravado na subida para a borda da Cratera. No caminho belos mirantes.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.