Subida ao vulcão Villarrica – por Maíra Nery
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- joaquimnery
- 18 de janeiro de 2015
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- América Chile Super Destaque
O Villarrica é um vulcão ainda em atividade. Com 2.843 m de altitude, sua última erupção foi em 1984. A cidade chegou a ser evacuada, mas não foi atingida. No centro da cidade há um painel de alerta de erupção vulcânica, com alertas vermelho, amarelo e verde. Segundo Suzi, dona da agência que contratamos, nos cerca de 15 anos em que está em Pucón, ela só presenciou 2 alertas amarelos e nenhum vermelho. O alarme sonoro de vez em quando soa, o que para quem não conhece é meio apavorante, mas não se preocupe, pois o corpo de bombeiros usa o mesmo alarme: um toque para bombeiro 3 toques para erupção!

Acordamos bem cedo e as 05:30 já estávamos a caminho da agência. É importante sair cedo porque quanto mais tarde fica, maior a intensidade do vento e nesse dia havia uma frente fria chegando. Corríamos o risco de não conseguir chegar ao topo em razão das condições climáticas. Já chegando ao cume do vulcão, pegamos ventos de 30 km/h!
O Villarrica ao amanhacer
Chegando na agência, vestimos as roupas, arrumamos a mochila com os equipamentos que seriam necessários para a subida e para a decida, comida e água e partimos em direção ao Villarrica. Éramos um grupo de 12 pessoas com 4 guias. Ao fechar o passeio com alguma agência, é importante verificar a quantidade de guias que irão com o grupo, uma vez que nem todos conseguem subir no mesmo ritmo. Eu mesma fiquei no último grupo (não é motivo de orgulho, mas rendeu umas fotos bem legais!) com a Kush do Zimbabue e o guia Carlos que foi essencial na motivação para que conseguíssemos chegar à cratera do vulcão.

Como dá pra ver nas fotos, o vulcão possui uma parte coberta de neve. Há um teleférico que leva até o início da neve, onde iniciamos a subida. Há quem opte por subir desde a parte de terra, mas acredite, a subida no gelo por si só já é extenuante. Toda energia poupada é válida.

Chegando na base da parte nevada, hora dos preparos finais: grampões nas botas para ajudar a subir na neve, uma espécie de picareta que te ajuda dando apoio na subida e serve como gancho no caso de perda do equilíbrio ou queda, e capacete. Vi alguns grupos subindo sem os grampões e achei um pouco perigoso e bem mais complicado.

São 7 km de subida e fizemos em mais ou menos 5 horas. O passo é lento e respirar é uma arte acima dos 2.000 m de altitude. São feitas duas paradas para água, descanso e comida. Paradas rápidas, de no máximo 10 minutos, por conta do frio e do vento. Um detalhe importante é deixar o protetor solar num lugar de fácil acesso: o meu se perdeu pela mochila e o resultado foi uma queimadura nos lábios. Levar um lenço para cobrir o rosto também ajuda a enfrentar o vento gelado.

Até a primeira parada o grupo permaneceu unido. Depois disso, nos separamos: foi um grupo maior na frente com 2 guias, minhas companheiras de viagem Marília e Mariana, dispararam na minha frente e ficamos eu, Kush e Carlos, nosso guia, seguindo o lema devagar e sempre! No entanto, não dá pra ser tão devagar, pois o primeiro grupo só pode nos esperar por meia hora, em razão dos ventos e do frio. Depois desse intervalo de tempo, todos devem descer.

A subida foi muito pesada, não tanto pelo cansaço, mas muito pela dificuldade em respirar. O ar simplesmente não chega aos pulmões. Os guias insistem em que a gente respire pelo nariz, mas para mim foi impossível. Quando faltava uns 15 minutos para chegar a cratera, medidas drásticas foram tomadas: o guia pegou nossas mochilas e o guia de minha irmã desceu para dar uma força extra. Fui praticamente arrastada até o cume, mas conseguimos! A sensação é maravilhosa e a vista de tirar o fôlego (que já tinha ido embora a muito tempo).

Como fomos as últimas a chegar, a parada no cume foi rápida: fotos e depois, vulcão a baixo. A descida é quase toda de ski-bunda, o que é uma delícia! Os mais experientes levaram a prancha de snow board para descer. Acredito que chegamos na base em 40 minutos. Não deu para tirar fotos porque a essa altura já estávamos congelando e fiquei com medo de cair e danificar a máquina, então ela foi para a mochila. Prometo levar uma gopro na próxima! 😉

Nunca tinha feito nada parecido e amei a experiência! Sem contar com a vista do alto do vulcão que é um detalhe a parte: a sensação é de caminhar nas nuvens! Depois de quase 6 horas, chegamos a base cansadas, congeladas e queimadas, mas com o sorriso estampado no rosto! Para quem não tem medo de altura e curte chegar ao limite, esse é um programa imperdível!

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comments (3)
joaquimnery
17 set 2016Olá! Se você tem experiência em subir montanhas e estiver em grupo, acredito que a subida poderá ser feita sem guia. No entanto, se você não tiver experiência é altamente recomendável contratar uma empresa especializada. Em Pucón existem várias empresas que prestam esse serviço. A subida é toda na neve então, além de roupa e botas especiais, são utilizadas garras para as botas para facilitar a subida e uma picareta para emergência. São itens de segurança importantes. As condições climáticas no vulcão mudam muito rapidamente, e alguém local com experiência sabe dizer melhor se é seguro subir ou não, se o vento está favorável ou se é preciso descer antes de chegar ao topo. Quando fomos, ficamos 5 dias na cidade e depois que subimos, ninguém mais conseguiu subir em razão das condições climáticas. Espero que tenha ajudado!
Anônimo
13 set 2016Olá, precisa de guia para subir? me parece ser um caminho tranquilo de fazer. e qual temperatura vocês pegarem?? grato por um eventual retorno.
Gbrlbrito
29 dez 2015Olá, daqui à uma semana estarei indo à Pucon e gostaria muito de subir o vulcão,contatei uma agencia de brasileiros, mas o preço está absurdamente caro! Você se recorda da agencia que fez a subida? O valor mais ou menos? Tem alguma dica? Rs! Obrigada!