As civilizações da Mesoamérica
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- joaquimnery
- 15 de dezembro de 2019
- América Destaques México
04.11.2019
O centro histórico de Puebla
Estávamos no Hotel Cartesiano de Puebla, no centro-sul do México. Como o hotel ficava na entrada do centro histórico da cidade, contratamos um guia privativo para um city tour a pé pelas charmosas ruas do centro. Começamos pela colorida Rua dos Sapos. Puebla foi a primeira cidade construída pelos espanhóis, no México, logo após a vitória de Hernán Cortés sobre os astecas em 1521. Como a cidade foi planejada do ponto de vista arquitetônico, as suas ruas seguem um traçado ortogonal. Ruas paralelas, que se distribuem de leste a oeste e de norte a sul. A Rua dos Sapos é uma das poucas que tem um traçado diagonal, pois seguia o caminho de um antigo brejo. Daí o nome Cajón de Sapos.

O Museu Casa del Mendrugo
Seguimos até o Museu Casa del Mendrugo. Os mexicanos são aficionados por Museus. Vimos isso na Cidade do México e também em Puebla. Existem dezenas deles espalhados pela cidade. O Museu Casa del Medrugo fica num antigo casarão colonial (eles chamam de casonas), que funciona como hotel e restaurante, e possui o museu anexo à sua estrutura.


A Casa del Mendrugo expõe uma coleção espetacular de objetos e achados dos povos pré-hispânicos da região de Oaxaca. O diferencial do museu são os crânios decorados encontrados em tumbas espalhadas pelos achados arqueológicos do país. Faziam parte dos rituais funerários dos zapotecas. Somente os nobres tinham a honra de terem os seus crânios esculpidos em baixo relevo.


Nessa época do ano, havia também uma bela exposição temporária de “catrinas”, feitas por artistas plásticos e artesãos de Puebla. La Catrina foi o nome dado aos esqueletos bem-vestidos desenhados pelo artista José Guadalupe Posada que ajudou a fomentar a fascinação mexicana pela morte.

O Museu Amparo
Seguimos adiante até o espetacular Museu Amparo, com um acervo dos povos antigos da Mesoamérica. O Museu é moderno e segue padrões de excelência. Foi implantado no edifício de um antigo hospital do século XVIII, restaurado para esse fim. Possui um dos mais importantes e belos acervos de arte pré-colombiana e colonial do México.

Logo na entrada do Museu aparece um grande painel apresentando uma cronologia que consegue comparar as civilizações da Mesoamérica com outras civilizações dos diversos continentes do mundo na mesma época.

O acervo do Museu conta com obras de arte das diversas civilizações que viveram no México no período pré-colombiano. A história da Mesoamérica data de 3 mil anos antes da chegada dos espanhóis ao México. Impérios poderosos habitaram e se desenvolveram nessa região. O mais famoso foi o Império Asteca, pois ocupava a região quando os espanhóis chegaram. Foi contra os astecas que os espanhóis lutaram para ocupar o território onde hoje fica o México.

A expressão Mesoamérica é utilizada para definir uma região que vai desde a metade do território mexicano até o sul da América Central, nos atuais territórios de Belize, Guatemala, Honduras, El Salvador, Costa Rica e Nicarágua. O território possui uma grande diversidade topográfica e climática. Predominam áreas montanhosas de grande instabilidade geológica. Duas cordilheiras de montanhas se estendem de sul a norte. No centro um grande vale fértil contribuiu para a fixação e desenvolvimento das civilizações.

As civilizações da Mesoamérica
Os primeiros habitantes devem ter chegado ao México há 20 mil anos, atravessando o Estreito de Bering, da Ásia para a América, numa das últimas eras glaciais. Uma das primeiras civilizações da região foram os Olmecas, que implantaram as primeiras aldeias agrícolas na costa do Golfo do México, por volta de 1.500 a.C.. Os Olmecas desenvolveram técnicas para trabalhar a cerâmica e outros materiais como o jade. Deixaram um forte legado cultural.

Ao longo dos séculos, desde os Olmecas até os Astecas, várias civilizações se revezaram na disputa e ocupação do poder. A cultura desses povos era similar. Apesar das pequenas diferenças, adoravam os mesmos deuses, possuíam o mesmo calendário e os mesmos conhecimentos civilizatórios que incluía técnicas de construção e da prática agrícola. Falavam línguas diferentes e cada uma tinha as suas próprias tradições. Olmecas, Mixtecas, Zapotecas, Maias, Toltecas, Tarascanos e Astecas se revezaram no domínio da região.

Os Maias surgiram por volta do ano 500 a.C. e ocuparam uma boa parte da Mesoamérica, sobretudo a Península de Yucatán no sul do México e na região onde hoje fica a fronteira com a Guatemala. A civilização Maia dominou boa parte do México até aproximadamente o ano 900 d.C..

A grande metrópole da Mesoamérica, porém, foi Teotihuacán, que dominou os planaltos do centro do México entre 200 a.C e 600 d.C. e exerceu influência até a região da Guatemala. Chegou a ter cerca de 125 mil habitantes. Era uma das maiores cidades do mundo naquela época. Por volta do ano 650, Teotihuacán perdeu a capacidade de sustentar a sua população, se enfraqueceu e foi invadida por tribos nômades vindas do norte.

Com a queda de Teotihuacán, prosperaram os Toltecas que dominaram e se estabeleceram no Vale do México. Eram povos guerreiros. Impuseram o seu poder em todo o México Central.

O último grande Império da Mesoamérica foi o Asteca que também ocupou o vale central, onde fica a cidade de Puebla. Chegaram na região como tribos nômades pobres vindas do Norte. Se organizaram politicamente e desenvolveram técnicas agrícolas que lhes deram poder sobre os demais grupos. Dominaram o Vale do México de 1420 até a chegada dos espanhóis em 1521.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.