Palenque, a cidade perdida dos Maias
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- joaquimnery
- 12 de janeiro de 2020
- América Destaques México
A estrada para Palenque
10.11.2019
Estávamos no Estado de Chiapas, na parte sul do México. Uma região montanhosa cortada pela cordilheira das Sierras Madres del Sur e coberta por florestas tropicais. Saímos da charmosa cidade de San Cristóbal de las Casas em direção a Palenque, na base da cordilheira. A estrada corta uma região montanhosa e bastante povoada. Por esse motivo é cheia de quebra-molas. São 215 km de distância, que fizemos em 5 horas de viagem por causa dos mais de 300 quebra-molas e das curvas da estrada.

No caminho, paramos na localidade do Parque Nacional de Água Azul, onde ficam algumas das mais belas cachoeiras do México. São Mais de 500 cachoeiras e pequenas quedas d’água que variam entre 3 e 30 metros de altura. Entre as quedas d’água aparecem várias piscinas naturais com água azul cristalina.

Na entrada do Parque Nacional existe um centro de recepção para os turistas, com uma série de barracas e lojinhas com artesanatos do México.

Cinco horas depois de sair de San Cristóbal de las Casas, chegamos no Hotel Boutique Piedra de Água. Localizado na estrada secundária que dá acesso às ruínas de Palenque. O hotel é uma opção alternativa de hospedagem, mas é o que existe de melhor por lá. Na beira da estrada, mas possui todo o conforto necessário, inclusive um Spa, que combina muito bem com um final de viagem cansativo, como o que tivemos.

À noite fomos até o excelente Restaurante Bajlum, localizado a 200 metros do nosso hotel, que possui uma cozinha experimental pré-hispânica, de culinária maia. Eles tentam recuperar ingredientes usados pelos maias na sua culinária diária e conseguem dar aos pratos, um toque de modernidade. Uma bela experiência gastronômica.

11.11.2019
A cidade perdida dos Maias
Palenque é uma das cidades Maias mais enigmáticas que existe. Fica no meio da selva tropical, no Estado de Chiapas, no sul do México. Hoje é um sítio arqueológico misterioso que vem sendo desvendado ano após ano. Os Maias se instalaram ali por volta do ano 100 a.C., e a cidade atingiu o seu apogeu entre os anos 600 e 800 d.C., quando foi uma espécie de capital regional.

Viveram na América Central e no México. Os seus principais vestígios culturais aparecem no sul do México, Honduras, Guatemala e El Salvador. Onde foram encontradas várias cidades e construções dessa civilização, que dominou a região desde 1800 a.C., até o século XIII d.C.

Palenque foi abandonada por volta do século X d.C., quando voltou a ser invadida pela floresta. Muitas das suas construções ainda se encontram por dentro da mata tropical.

O mais alto edifício de Palenque é o Templo das Inscrições, onde foi encontrado o túmulo de Pakal, um dos mais importantes governantes da cidade. Erguido durante os 68 anos do seu governo. A sua cripta funerária foi encontrada no interior da pirâmide. Muitos dos objetos e joias encontradas na tumba, estão no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México.

Ao lado do Templo das Inscrições fica o Palácio, localizado numa construção retangular com 100 metros de comprimento por 80 metros de largura e 10 metros de altura. O Palácio foi resultado da interferência de vários governantes maias. As construções mais antigas correspondem ao reinado de Pakal. Existem muitas esculturas no interior do Palácio.

A Civilização Maia
A Civilização Maia desenvolveu um conhecimento espetacular na escrita, na matemática, na medicina, na arquitetura, nas artes e em especial nos sistemas astronômicos, o que possibilitou o domínio de informações essenciais para o desenvolvimento da agricultura, como: o calendário anual, a sequência das estações do ano e consequentemente as informações sobre o clima.

A escrita Maia era quase tão avançada quanto a europeia e permitia uma transcrição completa da fala. O sistema numeral também tem semelhanças e permitia aos Maias as quatro operações da matemática: Somar, subtrair, multiplicar e dividir. Isso foi fundamental nos estudos astronômicos, na arquitetura e na engenharia Maia.

Quando os espanhóis chegaram às Américas no século XVI, a Civilização Maia já não mais existia. As cidades Maias tinham sido abandonadas e o conhecimento civilizatório tinha desaparecido. As informações sobre esses conhecimentos, porém, estavam vivas nos monumentos e na arquitetura das cidades abandonadas.

O povo Maia, porém, nunca desapareceu, continuou vivendo na América Central, de forma tribal e não mais dominando os conhecimentos dos seus antepassados. As atuais populações Maias preservam tradições, crenças, algumas delas ainda falam o idioma original. Muito dessa cultura atual já está fundida com culturas europeias, em especial nas questões religiosas, fundamentalmente católica.

Existem muitas teorias que tentam explicar o fim da Civilização Maia. As cidades foram abandonadas e não se sabe ao certo o porquê. Superpopulação e incapacidade de alimentar a todos, invasões de povos estrangeiros, revoltas camponesas, desastres ambientais, secas prolongadas, doenças epidêmicas e mudanças climáticas são algumas das hipóteses já levantadas. Existem evidências de esgotamento do solo que corroboram com algumas dessas hipóteses. O certo é que a população Maia excedeu a capacidade de sustentação do meio ambiente ao seu redor.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.