Campeche, uma excelente parada no Golfo do México
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- joaquimnery
- 13 de janeiro de 2020
- América Destaques México
Campeche, uma surpresa agradável
11.11.2019
Depois de visitar o Parque Arqueológico de Palenque, pegamos a estrada para Campeche. São 370 km de viagem, numa estrada muito melhor que as que tínhamos pego nas montanhas de Chiapas. A partir de Palenque, as estradas começam a ser planas e em vias duplicadas. A quantidade de quebra-molas diminui significativamente. O problema nesse trecho é que tivemos muitas paradas por conta de obras na estrada. Algumas dessas paradas foram longas. Fizemos a viagem em pouco mais de 5 horas.

Campeche, uma surpresa agradável. Não sabíamos muita coisa sobre a cidade e ela nos encantou desde a chegada. Surgiu como um povoado espanhol erguido numa antiga aldeia de pescadores Maias em 1540. Já foi o porto mais importante da Península de Yucatán, no sul do México. Atraiu piratas ingleses, franceses e holandeses, que saquearam a cidade inúmeras vezes. Os diversos ataques sofridos por Campeche, fez com que os espanhóis erguessem muralhas de proteção para a cidade. Campeche surgiu dentro das muralhas, como uma cidade fortificada.

Existem oito baluartes ao redor da cidade que foram construídos para protege-la dos ataques de piratas. Alguns deles hoje têm função turística. Museus e centros de visitação.

Fomos direto para o excelente Hotel Boutique Casa Dom Gustavo. O hotel fica num antigo casarão do século XVIII, muito bem preservado, localizado na Rua 59. A decoração é encantadora e o serviço excelente. A Rua 59 é de pedestres, cheia de bares e restaurantes com mesinhas na calçada. A Casa Dom Gustavo também tem o seu.

A cidade murada de Campeche
A cidade murada de Campeche tem dois grandes portões de entrada. O Portão do Mar e o Portão da Terra. A Rua 59 liga esses dois portões. Ao longo da rua existem vários casarões coloniais restaurados e pintados com cores fortes.

Deixamos as malas no hotel e saímos para dar uma volta na cidade que tanto nos encantou. Fora dos muros de Campeche existe uma orla maravilhosa. Uma bela Avenida cheia de atrativos. Logo em frente ao Portão do Mar, existe uma praça avançada sobre o mar, de onde pudemos contemplar um belo por do sol de um lado e o nascer da lua cheia do outro. Foi um momento mágico para nós que estávamos há 15 dias passando pelas montanhas do México em climas frios e secos. O calor e a brisa do mar deram um novo ânimo à viagem.

À noite saímos em busca de um restaurante internacional. Foi difícil encontrar. Os muitos restaurantes da cidade serviam fundamentalmente comida mexicana. Nos rendemos ao La Maria Cocina Peninsular que tinha uma boa recomendação no Trip Advisor. Foi uma boa opção.

O centro histórico de Campeche
12.11.2019
No dia seguinte deixamos o Hotel Boutique Casa Dom Gustavo, de Campeche e antes de sair da cidade, decidimos dar uma volta para fazer fotos. Nos surpreendemos mais uma vez. A orla estava maravilhosa. Um belo dia, com céu azul e bem iluminado possibilitou belas fotos e saímos de Campeche com a vontade de ficar um pouco mais.

Seguimos andando até o Parque Principal, a praça central da cidade, cercadas por um casario colonial muito bem preservado, além de dois grandes prédios laterais com elegantes arcadas. Num deles, uma galeria com lojas e casas de artesanato, no outro, uma série de repartições públicas.

No meio da Praça. Um coreto moderno e numa das suas esquinas, a Catedral da cidade. Uma das primeiras igrejas erguidas em Yucatán, com duas torres grandes no seu frontal.

Finalmente saímos de Campeche em direção a Cancun. Tínhamos uma longa estrada pela frente. Felizmente estradas de excelente qualidade. A de Campeche para Cancun pega longos trechos de retas e é totalmente plana, além de ser duplicada e pedagiada em toda a sua extensão.

Fomos extorquidos no México
O ponto chato da “Road Trip” pelo México é que fomos extorquidos na saída de Campeche. Fomos parados numa fiscalização rodoviária. O guarda da polícia rodoviária que nos abordou foi de um cinismo bandido incrível. Pediu os nossos documentos e eles estavam ok. Começou com uma fala calma dizendo que tínhamos passado por algumas faixas de sinalização de pedestres na orla de Campeche cuja velocidade obrigatória era de 20km/h e não teríamos respeitado isso. Depois disse que, isso em Campeche era uma falta gravíssima e que gerava uma multa muito alta, além do que a minha carteira de motorista teria que ficar retida por 3 dias. Nesse instante ele já sabia que três dias depois estaríamos de volta para o Brasil. A distância entre Campeche e Cancun é de pouco mais de 500 km. Estávamos na estrada e não teríamos como nos deslocar para nenhum lugar. Continuando a abordagem bandida ele disse que a única solução era se pagássemos a multa ali, em espécie e que ele não poderia dar recibo. Era uma extorsão. A “multa” que ele arbitrou, na realidade uma extorsão, foi de 3.000 pesos mexicanos, algo como aproximadamente U$200,00. Tínhamos que pagar em dinheiro e não levar recibos. Não tivemos outra alternativa. A dor de sermos submetidos a uma extorsão nos acompanhou até o fim da viagem. Impossível não lembrar do Brasil. Esse tipo de extorsão é uma prática muito comum nas estradas e nas cidades do México.

Chateados, continuamos a viagem pelas excelentes estradas da Península de Yucatán. Os pedágios são caros e talvez por isso as estradas tenham pouco movimento. Quanto mais nos aproximávamos de Cancun, mais a chuva aumentava. Pegamos uma tempestade tropical na reta final da viagem e tivemos que dirigir com a máxima precaução. Chegamos a Cancun com muita chuva.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.