Um tour a pé por Cartagena
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- joaquimnery
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08 de dezembro de 2022
O “Free Walking Tour”
Começamos o dia em Cartagena das Índias participando de um Free Walking Tour pelo interior da “cidade amuralhada”. Esse é um serviço disponibilizado pelo departamento de turismo de Cartagena. Seguimos andando do nosso hotel, o Bantú by Faranda até o ponto de encontro no Baluarte San Francisco Javier, ao lado da muralha da cidade. O guia era facilmente identificado por uma peculiar sombrinha amarela.

A cidade fortificada
Cartagena é conhecida com a cidade fortificada, pela imensa muralha que circunda todo o centro histórico. O casario colonial é Patrimônio Mundial da UNESCO. A localização estratégica, na costa do Mar do Caribe e perto do istmo que interliga a América do Sul à América do Norte fez de Cartagena o porto mais importante da América Espanhola no Caribe, durante o período colonial. A cidade era a guardiã de todo o ouro que vinha da Bolívia e do Peru e precisava atravessar o Atlântico em direção à Europa. Como consequência era uma cidade constantemente atacada por piratas e corsários que objetivavam saquear o ouro guardado ali.

Piratas e Corsários
Os espanhóis construíram uma muralha ao redor da antiga cidade para proteger Cartagena dos constantes ataques que sofria. Os piratas agiam por conta própria e avançavam sobre a cidade e os navios que saiam de lá. Os corsários eram bancados por governos e usavam bandeiras dos seus países. Normalmente dividiam os saques com os reis. Hoje, no interior da muralha, o centro histórico continua preservado e os palácios, igrejas e casarões com sacadas floridas, espalhados pelas ruelas são testemunhas dos tempos áureos do lugar.

Francis Drake
As histórias épicas das batalhas ao redor de Cartagena e do Mar do Caribe envolvem personagens famosos, como o corsário inglês Francis Drake, que realizou façanhas, lendárias para os ingleses, mas que sempre foi considerado como ações de pirataria, pelos espanhóis.

As batalhas navais
Um dos episódios mais importantes daqueles tempos ficou conhecido como, “A Guerra da Orelha de Jenkins”, entre Inglaterra e Espanha, que terminou com o cerco a Cartagena das Índias em 1741 quando a frota britânica com 186 navios e 27 mil homens foi derrotada por uma guarnição espanhola com 3.500 homens e apenas 6 navios. Foi a maior batalha naval da história, até o “Desembarque da Normandia”, na Segunda Guerra Mundial.

A Guerra da Orelha de Jenkins
O nome curioso de “A Guerra da Orelha de Jenkins” aconteceu em função do aprisionamento de um navio britânico, por um barco-patrulha espanhol, na costa da Flórida, quando Robert Jenkins, o capitão do navio britânico, Rebecca, teve a sua orelha cortada pelo capitão da embarcação espanhola, La Isabela, que teria ameaçado fazer o mesmo com o Rei da Inglaterra, caso as ações de pirataria continuassem a acontecer no Mar do Caribe. Jenkins relatou a ameaça espanhola e expôs a sua orelha no parlamento britânico. A repercussão desse episódio deu origem à guerra, em 1739.

O Galeão San José
Na costa do Mar do Caribe, em frente a Cartagena existem centenas de navios naufragados e muitos ainda para serem descobertos. O mais famoso deles é o Galeão San José, afundado há mais de 300 anos. Foi um dos naufrágios mais importantes do mundo por conta do tesouro que conduzia com cerca de 200 toneladas de ouro. A sua riqueza é estimada em mais de 17 bilhões de dólares, em ouro, prata e pedras preciosas. A história do San José virou lenda no Caribe.

Uma disputa internacional
O San José foi encontrado por uma empresa especializada em caçar tesouros no fundo do mar. Hoje é objeto de disputa jurídica internacional, pois alguns países reivindicam o seu conteúdo bilionário. A Colômbia argumenta que o navio está no seu mar territorial. A Espanha argumenta que o galeão era espanhol e, portanto, o seu conteúdo também. A Bolívia argumenta que o ouro foi retirado das suas minas nos Andes. Empresas inglesas e americanas são as detentoras da tecnologia que encontrou o San José. Por enquanto o galeão continua repousando, intocado, no fundo do mar, a mais de 600 metros de profundidade.

O Santuário San Pedro Claver
Depois de ouvir as histórias sobre pirataria e tesouros escondidos no Mar do Caribe, começamos o passeio no centro histórico, pela praça do Santuário San Pedro Claver, uma igreja católica do século XVII, dedicada ao santo colombiano cujos restos mortais encontram-se no interior da igreja construída em sua homenagem.

Pedro Claver
Pedro Claver foi um padre jesuíta e missionário espanhol, que teve um papel muito importante na catequese dos escravos africanos levados para a Colômbia durante o século XVII. É o santo padroeiro dos escravos da Colômbia. Estima-se que tenha batizado mais de 300 mil pessoas em grupos de 10, e ouvido confissões de mais de 5 mil escravos. É também santo padroeiro dos marítimos. Viveu e trabalhou em Cartagena das Índias.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.