Jerash, a maravilhosa cidade romana da Jordânia
16 de abril de 2019
Hoje foi um dia para conhecer algumas atrações nos arredores de Amã. Antes, porém, paramos num bairro de Amã para conhecer algumas lojas típicas. A primeira foi a Sufara Bakery, uma padaria onde são fabricados todos os tipos de pães e que virou um atrativo turístico para a cidade.

Em frente à Sufara Bakery fica uma loja fantástica de cafés, chás, castanhas, azeitonas e especiarias e uma outra com chocolates especiais.

Depois seguimos para Jerash, 50 km a norte de Amã. Na chegada a Jerash, entramos no sítio histórico pelo Jerash Visitor Center, onde existe um mercado de artesanatos e lembranças da Jordânia. É o lugar ideal para adquirir os lenços jordanianos ou uma garrafinha de areia colorida como lembrança da região.

Jerash é a maravilhosa cidade romana da Jordânia, uma das mais bem conservadas do mundo, fora da Itália. O Imperador Romano, Pompeu, a conquistou em 63 d.C. A origem, porém, é anterior aos romanos no Oriente Médio. Os primeiros habitantes, chegaram aí no século I a.C e deram à cidade o nome de Garshu, apesar de existirem evidências arqueológicas de ocupação humana a 6.500 anos. Os romanos mudaram o nome para Gerasha e os árabes adaptaram para Jerash.

Jerash estava ligada a outras cidades do Oriente Médio por grandes estradas romanas que serviam como rotas comerciais, como Damasco, Petra e Amã. Fazia parte das Decápolis, uma confederação das dez cidades romanas mais importantes do Oriente Médio. O Imperador Adriano visitou Jerash no ano 129 d.C., quando foi construído um grande Arco do Triunfo em sua homenagem.

A Porta de Adriano fica próximo ao maravilhoso Hipódromo, com 245 metros de comprimento e 52 metros de largura, que ainda se encontra de pé e em fase de restauração. Os hipódromos eram equipamentos quase obrigatórios nas principais cidades romanas e serviam para as corridas de bigas e quadrigas. O de Jerash podia acomodar até 1.500 espectadores nas competições esportivas.

Em sua época áurea, Jerash chegou a abrigar mais de 100 mil habitantes. A decadência começou no século III d.C, com as revoltas árabes contra a ocupação romana, que fizeram da região um local inseguro e afastaram as caravanas das rotas comerciais, impulsionando o comércio para o mar.

Invasões dos Persas e de outros povos muçulmanos no século VII iniciaram a destruição da cidade, que foi acelerada com grandes terremotos que aconteceram no século VIII. Quando os cruzados passaram por Jerash descreveram a cidade como um lugar desabitado. Foi redescoberta por um turista alemão, em 1806, que reconheceu o sítio histórico totalmente coberto de areia, o que ajudou na sua preservação. A partir daí, arqueólogos do mundo inteiro seguiram para Jerash e foram desenterrando grandes tesouros. Os arqueólogos descobriram casas de um período posterior ao neolítico, o que indica uma ocupação humana na região com mais de 6.500 anos.

A incrível cidade de Jerash encanta os visitantes pelo tamanho e pelos detalhes que carrega. Numa visita à cidade é fácil imaginar como era a vida dos habitantes há aproximadamente 2 mil anos.

Jerash começou a prosperar a partir do reinado de Alexandre Magno, da Macedônia, quando foi refundada por generais de Alexandre.

Principais monumentos de Jerash
O Templo de Zeus é do século I d.C. Fica sobre a praça onde está o Fórum Romano. Foi construído sobre ruínas de antigos lugares sagrados. O templo foi destruído por terremotos, mas as colunas continuam de pé.

O grande Fórum Romano é um dos lugares mais impressionantes de Jerash. A Praça é oval o que lhe dá uma característica única para as cidades romanas. Faz a ligação entre o Templo de Zeus e o Cardo, perfeitamente alinhados.

O Teatro do Sul é o maior de Jerash. Possui uma capacidade para 3 mil pessoas. Permanece em condições espetaculares. Os lugares eram numerados e as pessoas que frequentavam o teatro tinham um lugar específico para sentar.

A acústica perfeita e a construção, levava em consideração a incidência do sol para criar um bem-estar maior para os espectadores. Atualmente o Teatro ainda é utilizado para apresentações musicais e eventos especiais. No interior do Teatro Sul, encontramos alguns músicos animando os visitantes.

O Templo de Artemis, ou Diana, é maior que o Templo de Zeus, pelo fato de ser Artemis, a protetora de Jerash e uma das divindades veneradas pelos habitantes das Decápolis, o conjunto das dez grandes cidades do Oriente Médio, dentre as quais, Jerash fazia parte. Foi um dos Templos mais importantes das cidades romanas das províncias, construído entre 150 e 170 d.C.

O Templo de Artemis tem doze colunas coríntias que ainda permanecem de pé. Era um local para sacrifícios. É pequeno, mas as colunas são magníficas.

O Teatro do Norte foi construído na segunda metade do século II a.C. Tem características semelhantes ao Teatro do Sul. Originalmente tinha apenas 14 fileiras de assentos, mais tarde foi ampliado para o tamanho atual que comporta até 1.600 pessoas.

O Cardo é a avenida principal da cidade romana. É a avenida das colunas, que liga o Templo de Zeus ao Templo de Artemis. Algumas das suas colunas têm propositalmente tamanhos diferentes das outras, para mostrar as fachadas dos edifícios que ficavam por trás. Ao longo do Cardo é possível ver o sulco das rodas das carruagens que passavam por ali há 2.000 anos.

O estado de conservação do Cardo e das suas colunas é muito bom. Era a espinha dorsal da cidade e possuía uma extensão de 800 metros de comprimento. A presença de colunas Jônicas e Coríntias, indicam períodos diferentes de implantação do Cardo. No seu entorno existiam grandes calçadas com lojas e residências. Toda a extensão do Cardo era servida por uma rede de esgoto subterrânea, com bueiros que canalizavam a água das chuvas.

Um dos edifícios mais bonitos do Cardo é o Ninféu, construído em 191 d.C. e dedicado às Ninfas. Uma bela fonte central, bastante enfeitada com revestimentos de mármore, que jorrava água por dentro de pequenas bacias e corria para o sistema de drenagem.

Quando o Imperador Constantino converteu o Império Bizantino ao cristianismo, algumas igrejas foram construídas em Jerash, muitas delas, com pedras retiradas dos templos anteriores. No piso das igrejas bizantinas ainda existem mosaicos maravilhosos. O Cardo atravessa um conjunto com três igrejas bizantinas: São Cosme e São Damião, São João e São Jorge. Os muros das igrejas foram destruídos pelos terremotos, porém parte dos mosaicos permanecem preservados.

Num dos limites do Cardo fica a Porta Setentrional, que fazia a ligação com a antiga estrada romana em direção à cidade de Pella, uma das Decápolis.

Uma outra cidade romana que impressiona no Oriente Médio é Bet She-an, em Israel. Veja Bet She-an no post https://umpouquinhodecadalugar.com/2019/05/19/yardenit-onde-joao-batista-batizou-jesus-cristo/

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comment (1)
Anônimo
20 jun 2019Muito obrigada por mais uma bela dose de religião e arquitectura.
Cumprimentos.