A Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá
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- joaquimnery
- 5 de junho de 2016
- 2
- Brasil Paraná
14 de maio de 2016
Programamos um passeio que desejava fazer há vários anos. Descer a Serra do Mar pela Ferrovia Curitiba-Paranaguá. Desde os tempos em que dava aulas de geografia, a imagem do desafio dos trens passando por esta estrada única me acompanhava e estimulava a curiosidade. Programei a passagem por Curitiba, como uma desculpa para tornar realidade esse desejo.

A Via Alegria providenciou tudo para nós. Um guia nos pegou no hotel às 7h e seguimos para a estação Rodoferroviária na região central de Curitiba de onde sai o trem. A ferrovia atende sobretudo ao transporte de carga até o porto de Paranaguá, mas permanece com algumas locomotivas de passageiros para atender ao fluxo turístico que busca conhecer essa maravilha da engenharia do transporte ferroviário.

Originalmente o passeio turístico ia até Paranaguá, hoje vai até Morretes, na base da Serra do Mar. De Morretes até Paranaguá seriam mais duas horas de viagem, sem grandes atrativos, por isso o trem para em Morretes e os visitantes podem aproveitar um pouco da atmosfera dessa cidadezinha encantadora.

O trem parte da estação às 8:15h. São três horas e meia de viagem. Tentamos pegar o Trem de Luxo da Litorina, que é o melhor, mas não conseguimos reservas, então fizemos a opção pelo Trem Executivo, que possui janelas maiores e um serviço simples de bordo. Ainda existe a opção turística, mais barata. O pacote inclui a viagem de trem, com guia acompanhante, um almoço em Morretes o retorno de van, pela estrada da Graciosa.

O trem inicia a viagem passando pelos bairros de Curitiba e pela região metropolitana, até chegar na região da Serra do Mar, quando ele se joga pelas encostas das montanhas. A decida é bem lenta, o que possibilita belas fotos das paisagens.

A ferrovia Curitiba – Paranaguá é uma extraordinária obra da engenharia do século XIX. A construção era improvável, o objetivo era fazer o contato entre as cidades do litoral, onde foram construídos os portos, sobretudo o de Paranaguá e a capital do estado do Paraná. O foco era a exportação do chá-mate. Possui 110Km. Começou em fevereiro de 1880 e durou cinco anos.

A estrada possui muitas pontes, túneis e viadutos. Foi a primeira obra com essas características a ser construída no mundo. Alguns pontos de destaque são a Ponte São João, com 55 metros de altura e o Viaduto do Carvalho. Uma situação de frustração para quem viaja de trem, é que, quem vai de trem não vê o trem, portanto a visão da estrada, das pontes e viadutos fica prejudicada. Fica na memória as fotos promocionais da Curitiba-Paranaguá.

No final, o passeio chega a Morretes. Uma bela cidadezinha colonial no litoral do Paraná. A programação em Morretes começa com o almoço, onde degustamos o excelente “barreado”, o prato típico do lugar. O “barreado” é um cozido de carne que originalmente era preparado para os tropeiros.

Depois do almoço, circulamos pelas ruelas de Morretes visitando as lojinhas de artesanato e galerias de arte do lugar. Após o almoço, voltamos de van pela Estrada da Graciosa. É melhor e mais rápido.

Na saída de Morretes seguimos até a cidade de Antonina, que também possui uma arquitetura típica do final do século XIX. Antonina fica na base da Estrada da Graciosa e possui uma bela baía. É local de veraneio para os curitibanos.

O Caminho da Graciosa é calçada com paralelepípedos, possui curvas sinuosas e é um tanto perigosa, sobretudo se estiver chovendo. Nas encostas da Serra do mar chove bastante e os nevoeiros são comuns. A Graciosa foi inaugurada em 1873, possui 33 quilômetros e alguns mirantes ao longo do seu percurso.

Chegamos em Curitiba no final da tarde. Ainda fomos ao Shopping Batel, o melhor da cidade e à noite jantamos um fondue no excelente restaurante Chateau Gazon. No dia seguinte voltamos para Salvador.


Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comments (2)
joaquimnery
21 jun 2017Olá Viana,
A Ferrovia foi projetada e executada pelos irmãos André Rebouças, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças. Segue um texto do wikipedia sobre os irmãos:
Biografia[editar | editar código-fonte]
André Rebouças era filho de Antônio Pereira Rebouças (1798-1880) e de Carolina Pinto Rebouças. Seu pai, filho de uma escrava alforriada e de um alfaiate português, era advogado autodidata, deputado e conselheiro de D. Pedro II (1840 – 1889).
Dois dos seus seis irmãos, Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças, também eram engenheiros. André ganhou fama no Rio de Janeiro, então Capital do Império, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade.
Servindo como engenheiro militar na guerra do Paraguai, André Rebouças desenvolveu um torpedo, utilizado com sucesso.[3]
Em 1871, André e seu irmão Antônio, também engenheiro, apresentaram ao Imperador D. Pedro II o projeto da estrada de ferro ligando a cidade de Curitiba ao litoral do Paraná, na cidade de Antonina. Quando da execução do projeto, o trajeto foi alterado para o porto de Paranaguá. Até hoje, essa obra ferroviária se destaca pela ousadia de sua concepção.
Um abraço,
Joaquim Nery
viana
21 jun 2017Faltou dizer quem foi o Engenheiro desta extraordinária obra.