Os encantos do baixo curso do Rio Paraguaçu
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- joaquimnery
- 14 de junho de 2016
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- Bahia Brasil
13 de fevereiro de 2016
Saímos de Salvador com o objetivo de alcançar algumas praias nas margens do Rio Paraguaçu. Como a distância é grande, decidimos dormir numa pousada na Ilha de Itaparica. Essa foi a primeira dificuldade que tivemos. Existem pouquíssimas pousadas com qualidade razoável em Itaparica. Depois de muito procurar encontramos a Pousada Hotel Kirymuré, na praia de Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica.

A praia de Ponta de Areia possui águas paradas e quentes, fica a 4 quilômetros da cidade de Itaparica. O banho de mar é excelente. A pousada deixa a desejar e precisa de manutenções e reforma urgente, mas atendeu às nossas necessidades.

No dia seguinte pela manhã seguimos em direção à Barra do Paraguaçu. A entrada do rio é larga e navegável. Possui paisagens encantadoras.

O Rio Paraguaçu é o maior dos rios, totalmente baiano. Nasce no município de Barra da Estiva, na Chapada Diamantina, corre por 600 quilômetros até desaguar na Baía de Todos os Santos, na Barra do Paraguaçu. Já foi a mais importante via de transporte e comunicação entre o Recôncavo Baiano e a cidade de Salvador.

O Paraguaçu é navegável no baixo curso, desde a foz até as cidades de Cachoeira e São Félix. No caminho entre a foz e Cachoeira, passa por Maragogipe. Neste trecho possui um grande potencial turístico. A cultura, o folclore e as paisagens naturais fazem do Paraguaçu um local especial para se visitar. O acervo arquitetônico das suas margens é uma das suas grandes atrações.

A navegação comercial pelo baixo curso do Rio Paraguaçu sempre foi feita por saveiros, que entravam e saiam do rio circulando com mercadorias e fazendo a ligação entre o Recôncavo e Salvador. Hoje em dia os saveiros são mais raros, mas sempre aparecem ao longo do rio.

Logo na entrada do rio, nos deparamos com a obra abandonada do Estaleiro Paraguaçu. A enorme trave de 140 metros do estaleiro é o símbolo maior das obras paralisadas pela atual crise política e econômica do Brasil.

O estaleiro está com 80% das obras concluídas, porém paralisadas em função da crise instalada com as denúncias de corrupção da operação Lava Jato.

Nas vilas dos entornos é possível ver o abandono das casas e comunidades que estavam sendo recuperadas pela pujança econômica do estaleiro.

Seguimos adiante rio acima, passando por praias encantadoras e testemunhos de uma arquitetura colonial que mostram a importância estratégica do Rio Paraguaçu.

Quando subimos o rio, encontramos numa das suas curvas, o imponente Convento de Santo Antônio do Paraguaçu. A imagem do conjunto arquitetônico é arrebatadora e impressionante.

O Convento de Santo Antônio do Paraguaçu está localizado no povoado de São Francisco do Paraguaçu, no município de Cachoeira e pertence à Ordem Religiosa Franciscana. Foi um dos primeiros conventos franciscanos estabelecidos no Brasil. O convento levou 28 anos para ser concluído. A sua arquitetura e a profusão de detalhes das obras de arte, imagens, pinturas e móveis, impressiona a quem lhe visita.

Neste Convento funcionou um colégio religioso, onde os jovens eram admitidos para se tornarem novos frades e durante 43 anos, um pequeno hospital com enfermaria, chamado Hospital de N. Srª de Belém.

A partir de 1855, com a proibição do governo imperial, que extinguiu a admissão de novos noviços, vários conventos foram abandonados. Mais tarde o Convento e a igreja de Santo Antônio do Paraguaçu foram doados à Arquidiocese da Bahia.

O Convento foi abandonado, entrou em ruína e foi saqueado inúmeras vezes.

O imóvel foi finalmente tombado em 1941, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), mas os trabalhos de conservação, consolidação das estruturas e restauração das imagens são muito lentos. Enquanto isso, esse magnífico patrimônio vai se perdendo, escondido nas margens do Rio Paraguaçu.

O conjunto possui um cais, escadarias, terraço, um cruzeiro com decoração rebuscada, além da igreja e das ruinas do convento, propriamente dito. Todo esse patrimônio está harmonizado com o imponente Rio Paraguaçu, logo ali.

Vários elementos comuns à decoração barroca aparecem na decoração do Convento de Santo Antônio. As fênix em frente à escadaria são destaques.

Descemos o rio e paramos para um banho de água doce nas margens do Paraguaçu.

Seguimos até a Ilha de Maré, na localidade de Botelho, para um final de tarde inesquecível no excelente restaurante da Preta, com uma cozinha baiana moderna e um serviço impecável.


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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comments (2)
Gustavo Romero
17 jun 2016Parabéns Nery!
Presente a mais uma aula. Por sinal, muito boa! Agora com olhos não só de aluno, como também de velejador.
Sugiro dedicar um capítulo especial ao Paraguaçu no período da tradicional regata Salvador-Maragogipe. Vale a pena!
Anônimo
15 jun 2016Grata pelos belos pedacinhos de mundo que, gentilmente, nos vai mostrando.