A Gruta da Lapa Doce, na Chapada Diamantina
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- joaquimnery
- 4 de julho de 2021
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12 de junho de 2021
O caminho para a Lapa Doce
Esse foi o nosso segundo dia na Chapada Diamantina em 2021. Decidimos fazer um passeio mais curto, pois estávamos esperando Dr. Nery e Dra. Marise que vinham de Vitória da Conquista e iriam nos encontrar em Lençóis para seguirmos juntos por mais seis dias entre Lençóis e Mucugê.

Escolhemos um passeio mais simples, para a Gruta da Lapa Doce. Nesse ano de 2021, estava trabalhando na construção de um novo livro de fotografias e textos de viagens. O Cem Destinos, que dessa vez trará algumas páginas e conteúdos sobre o Brasil. A Chapada Diamantina será um dos destinos em destaque. Queria aproveitar a viagem para atualizar fotos sobre alguns lugares inesquecíveis nesse recanto do Brasil, por isso escolhi a Gruta da Lapa Doce.

Saímos de Lençóis e pegamos a BR 242 em sentido oeste, até a entrada para a cidade de Iraquara, a cidade das grutas. São 68 km a partir de Lençóis, A Lapa Doce é uma das mais famosas do município, que possui dezenas de outras grutas e cavernas. O complexo fica numa fazenda que explora a visitação e é responsável pela conservação da gruta. Existe um centro de recepção para os visitantes, onde paga-se uma tarifa para ter acesso à gruta. Em 2021, o ingresso custava R$40,00 por pessoa. Todos os grupos precisam descer acompanhados por um guia da gruta. Caso você prefira seguir em grupos menores, é possível, mas nesse caso paga-se uma tarifa um pouco maior.

Chamou a nossa atenção, no centro de visitantes, um viveiro de “suculentas”, pequenas plantas artesanais, típicas dessa região da caatinga brasileira.

A grande gruta da Chapada Diamantina
A Lapa Doce é a terceira maior gruta do Brasil, possui cerca de 17km mapeados, mas a área visitada é de pouco mais de 850m. O seu salão principal, chega a 70m de altura.

Essas grutas surgiram a partir do trabalho de lençóis de água subterrânea, que escavaram a rocha calcária por milhões de anos e formaram os caminhos no subsolo. Quando o teto do rio subterrâneo ficou muito fino, ele entrou em colapso, caiu e surgiu uma das entradas da gruta.

Na Lapa Doce existem inúmeras formações típicas como estalactites, formações que pendem do teto da gruta pela consolidação do carbonato de cálcio que vem sendo dissolvido pela água que infiltra na caverna e estalagmites, que são as formações que se elevam no solo da gruta pela consolidação do mesmo carbonato de cálcio que cai na sua base.

É comum a presença de “colunas”, quando as estalactites e as estalagmites se encontram.

E de cortinas, um conjunto integrado de estalactites, além de outras formações exóticas.

Na Gruta da Lapa Doce são oferecidas três opções de roteiros para visitação. O mais curto e mais comum tem 850 metros de caminhada, existe um outro com 2.5 km de extensão e outro com 3 km. O mais longo, onde são visitadas as pinturas rupestres encontradas na região. Durante essa nossa visitação, encontramos com um casal de paleontólogos que estavam trabalhando na retirada de um fóssil de uma preguiça gigante que viveu por ali há mais de 10 mil anos.

A gruta possui formações coloridas e muito bonitas. Algumas são lembradas pelos visitantes pela semelhança com algumas formas, como leão, coruja, catedral, etc.

A visita à Gruta da Lapa Doce começa com uma trilha que desce rapidamente por entre pedregulhos e escadas. O trajeto não é difícil e pode ser percorrido por qualquer visitante sem dificuldade de locomoção. Depois que se chega à boca da gruta passa-se a andar pelo seu interior em busca das maravilhosas formações de estalactites e estalagmites. A visita é sempre acompanhada de um guia com lanternas individuais para que cada visitante observe as belezas no tempo que desejar. As lanternas possibilitam brincar com as sombras nas paredes da gruta.

O percurso dentro da caverna começa com uma descida de aproximadamente 70 metros. Logo depois os visitantes chegam a um amplo salão. O lugar é todo sinalizado, com trilhas demarcadas por cordas e o percurso é feito para evitar que os visitantes causem impacto nas formações calcárias que foram esculpidas durante milhões de anos.

A saída acontece por uma outra abertura da gruta, no final da trajetória. É uma subida um pouco mais íngreme e que exige um pouco mais de esforço. Sempre que faltar fôlego, dê uma parada para fazer mais algumas fotos do lugar. A trilha, em geral, é fácil de ser percorrida.

Saímos da Gruta da Lapa Doce e começamos a voltar para Lençóis. Paramos no caminho para fazer umas fotos essenciais. A primeira foi na beira da estrada, onde se tem a melhor vista do Morro do Camelo.

O Morro do Pai Inácio
Depois paramos um pouco mais adiante para uma bela vista do Morro do Pai Inácio, um dos principais pontos turísticos da região. O Morro do Pai Inácio é uma formação típica da Chapada Diamantina. São grandes blocos rochosos que resistiram ao processo de erosão e se destacam na paisagem, como “testemunhos” geológicos do passado.

A vista é deslumbrante. De um lado o Morro do Pai Inácio com a sua formação perfeita e do outro a Serra do Sincorá, e no meio, o vale onde fica o conjunto dos morros denominados Três Irmãos.

Dessa vez não tivemos tempo suficiente para subir o Morro do Pai Inácio, mas lá de cima se tem uma vista estonteante dos vales ao redor e da Serra do Sincorá, com destaque para o Morro do Camelo e para o Morrão (o terceiro dos Três Irmãos).

O nome do Morro do Pai Inácio é explicado por uma lenda local que fala de um escravo que namorava a filha do coronel e que foi perseguido pelos seus capangas. Sem saída pulou do alto do morro com um guarda-chuva. dizem os crentes na lenda que o escravo já foi visto várias vezes correndo pela região.

Quando chegamos de volta a Lençóis, encontramos com Dr. Nery e Dra. Marise e fomos almoçar no excelente restaurante da Pousada Canto das Águas, onde estávamos hospedados. Jantamos por aí também. À noite fomos passear pela cidade.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.