As comitivas pantaneiras
12 de junho de 2023
Em busca da Onça-pintada
Estávamos no Pantanal do Norte, no Mato Grosso, na Pousada Aymara Lodge. Saímos pela manhã com destino à localidade de Porto Jofre, tentando encontrar as onças-pintadas. Esse era o nosso objetivo no Pantanal. Pegamos a rodovia Transpantaneira, uma estrada que surgiu na década de 70, com o objetivo de cortar o Pantanal fazendo a ligação entre Cuiabá no estado do Mato Grosso e Corumbá, no Mato Grosso do Sul. A princípio a rodovia deveria ter 397 Km. Jamais chegou a Corumbá. Termina nas margens do Rio Cuiabá, na atual fronteira entre os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, na localidade de Porto Jofre, onde seria necessário a construção de uma grande ponte. A ponte nunca foi construída e a estrada foi interrompida.
As Comitivas
Hoje, a Estrada Parque Transpantaneira possui 146 km com um piso de barro sobre aterros, com aproximadamente 120 pontes, sendo 37 de concreto e 83 de madeira, que precisam frequentemente de manutenção. É a estrada com o maior número de pontes do mundo. É pela Transpantaneira que passam as “Comitivas”, levando o gado do Pantanal do Norte em viagens que podem durar alguns dias, percorrendo longas distâncias.
O encontro com a boiada
Quando começamos a circular pela estrada rumo a Porto Jofre, vimos os primeiros sinais de que encontraríamos uma “boiada” pela frente. Minutos depois já foi possível ver a comitiva de gado. Os animais circulam entre as propriedades rurais da região, em busca de melhores pastagens. Durante as cheias, são conduzidos para as regiões mais altas. Fazem o caminho de volta durante as estiagens. Às vezes as comitivas acontecem por questões comerciais, para transportar os animais vendidos para outras regiões.
Os peões do Pantanal
São conduzidas pelos peões das fazendas, que se distribuem ao longo da boiada, dividindo as funções, ou por peões terceirizados, contratados para compor o grupo. Geralmente a Comitiva é acompanhada por um trator ou um caminhão, com cozinheiro e mantimentos utilizados para alimentar os peões durante os acampamentos nos longos percursos. O Arroz Carreteiro e o Macarrão de Comitiva, são dois pratos comuns, fáceis de serem preparados e servidos ao grupo durante a jornada.
Ponteiro, meeiro e culateiro
O “ponteiro” é o peão que segue à frente da comitiva. Está devidamente equipado com laços, chapéus, botas, arreios e leva o berrante, normalmente feito de chifre de boi, que quando tocado chama o gado para a jornada. Os carros respeitam a comitiva e aguardam os peões abrirem um caminho para que possam continuar a viagem. O “meeiro” é o peão que trabalha no meio da boiada e o “culateiro” vai controlando o final do rebanho.
O turismo das comitivas
Hoje as comitivas são utilizadas também como uma atração turística a mais e algumas operadoras vendem pacotes que incluem uma experiência numa Comitiva no Pantanal. O turista é estimulado a tocar o gado, cavalgar junto com os peões, dormir nos acampamentos e participar das refeições do grupo. A criação do gado bovino é uma das principais atividades econômicas do Pantanal, facilitada pela presença das grandes áreas de pastagens naturais.
Atoleiros no Pantanal
A boiada conduzida pela comitiva deixava um rastro de lama pela estrada, que dificultava o caminho dos carros. Grandes atoleiros foram se formando após uma noite de chuva no dia anterior. Os carros patinavam na lama e alguns ficavam parados pelo caminho.
Rebocando um micro ônibus
Paramos algumas vezes para ajudar alguns carros atolados na lama e até mesmo rebocar um micro ônibus que estava preso em um atoleiro. Somente carros com tração nas quatro rodas conseguem passar com mais garantia, mesmo assim exigem perícia dos motoristas.
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