O Instituto Inhotim – Parte 2
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07 de agosto de 2021
As Galerias do Instituto Inhotim
O Instituto Inhotim possui onze galerias permanentes, quatro galerias temporárias e muitas outras obras de arte separadas pelo jardim. Estávamos acompanhados por um guia de Belo Horizonte, o Saulo. Pegamos o carrinho elétrico que nos acompanhou durante toda a visitação a Inhtotim e seguimos adiante para tentar ver o maior número de galerias possível. Em tempos de pandemia, algumas galerias estavam fechadas, sobretudo aquelas onde havia algum tipo de interatividade física.
A Galeria de Adriana Varejão
Muitas das galerias são exclusivamente dedicadas a alguns artistas especiais. Começamos a visita pela Galeria Adriana Varejão. A artista carioca foi casada com Bernardo Paz, o idealizador e empreendedor de Inhotim e viveu aí por 5 anos. A galeria fica num espaço construído com uma arquitetura arrojada, em formato geométrico, que lembra um imenso bloco de concreto e concentra várias obras da artista. É um dos símbolos de Inhotim.

Adriana possui uma galeria exclusiva. Logo na entrada, ao lado do espelho d’água, fica a “Panacea Phantastica”, um conjunto de azulejos com 50 tipos de plantas alucinógenas de diversas partes do mundo. O azulejo é um elemento recorrente na obra de Adriana Varejão e possivelmente inspirada pelos azulejos portugueses do barroco de Ouro Preto e Mariana.

A mais famosa é a obra “Linda do Rosário, de 2004, que fica no primeiro piso da galeria e que foi inspirada no desabamento do Hotel Linda do Rosário, no Rio de Janeiro, em 2002. No acidente, as paredes do hotel caíram em cima de um casal de amantes que estavam no local e decidiram não sair, mesmo sabendo da iminência do acidente. Acabaram morrendo sob as paredes que desabaram. A obra possui paredes de azulejos com as vísceras humanas por dentro.

No piso de cima da galeria fica a obra “Celacanto Provoca Maremoto”. Um conjunto de azulejos formando um imenso mosaico desordenado e que mais uma vez lembram os conjuntos de Ouro Preto e Mariana. Anjos e ondas marcam essa obra de Adriana Varejão.

O Desert Park de Dominique Gonzalez-Foerster
Saímos da Galeria de Adriana Varejão e passamos pelo “Desert Park”, uma obra da artista francesa Dominique Gonzales-Foerster. É mais um espaço permanente de Inhotim. Uma obra desconexa, em espaço aberto, que simula pontos de ônibus feitos em concreto, em tamanho real e “garimpados” de alguns lugares do mundo. Representa parte do mobiliário urbano modernista do período que vai dos anos 1940 a 1960. É uma obra que destoa do paisagismo tropical que predomina nos entornos.

A Galeria Psicoativa de Tunga
Seguimos para a Galeria Psicoativa Tunga, a maior galeria do Instituto, com 2.700 m2, uma das mais complexas e interessantes de Inhotim. O artista plástico pernambucano Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, conhecido como Tunga, foi um dos maiores companheiros, amigo e conselheiro de Bernardo Paz. Morreu vítima de um câncer, aos 64 anos. Deixou em Inhotim, dois dos seus trabalhos mais interessantes. A galeria Tunga começa com a obra “Luz de Dois Mundos”, onde aparecem algumas caveiras douradas e pretas, com um esqueleto sobre uma rede. Essa obra havia sido encomendada para o Museu do Louvre, para uma exposição temporária e ficou definitivamente em Inhotim.

A transparência da Galeria provoca uma perfeita integração com os jardins externos. Essa interação com a natureza sempre foi uma obsessão de Tunga. As obras de Tunga estão espalhadas pelos diversos espaços. Tranças, caveiras, móbiles e vasos se espalham pela galeria. Alquimia, filosofia, psicanálise, lendas, vida e morte, são temas apresentados por Tunga nessa galeria espetacular.

As tranças espalhadas pelo chão lembram a lenda difundida por Tunga, das “Xifópagas Capilares”. A lenda conta a história de duas meninas que nasceram ligadas pelo cabelo e foram consideradas uma maldição pelos habitantes da cidade. A história das xifópagas foi usada por Tunga para executar performances entre as suas criações, com o título de “Xifópagas Capilares Entre Nós”, obtendo uma enorme repercussão para o seu trabalho.

O Beam Drop de Chris Burden
Circulando pelos jardins de Inhotim, de repente aparecem obras de arte que se integram e fazem parte da paisagem. Uma das obras mais conhecidas da galeria de arte a céu aberto, é o “Beam Drop” do artista performático americano Chris Burden, executada no local em 2008. Foi uma recriação de um projeto originalmente executado no Art Park em Nova York e que foi destruído três anos depois.

A obra é o resultado de uma performance, onde um guindaste gigante de 45 metros de altura, lançou, durante 12 horas, 71 vigas de ferro, em uma imensa piscina de concreto fresco. As vigas ficaram enterradas no concreto e o artista concluiu a sua performance. A obra marca a paisagem do Parque de Inhotim.

Ttéia, a Galeria de Lygia Pape
A artista carioca Lygia Pape deixou em Inhotim uma obra que retrata as suas experiências com a observação de teias de aranhas na natureza. O que chamava a atenção de Lygia Pape era o fato de as teias aparecerem e desaparecerem rapidamente, quando observadas na natureza, em função da incidência da luz. A obra Ttéia de 2002 foi inaugurada na galeria que homenageia o seu nome em 2012. São fios metálicos que ressaem em função da iluminação, em tons de dourado, interligando os vários cantos da imensa sala escura.

Acompanhe no próximo post as outras galerias do Instituto Inhotim.
- Adriana Varejão
- Beam Drop
- Bernardo Paz
- Celacanto Provoca Terremoto
- Chris Burden
- Desert Park
- Dominique Gonzales-Foerster
- Galeria Adriana Varejão
- Galeria Psicoativa Tunga
- Inhotim
- Instituto Inhotim
- Linda do Rosário
- Luz de Dois Mundos
- Lygia Pape
- Minas
- Minas Gerais
- Panacea Phantastica
- Ttéia
- Tunga
- Xifópagas Capilares
- Xifópagas Capilares Entre Nós
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.