Vila de Igatu, um museu a céu aberto
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- joaquimnery
- 14 de maio de 2023
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30 de abril de 2023
Xique Xique de Igatu
Como no primeiro dia na Chapada fizemos a trilha para a Cachoeira do Buracão, decidimos, nesse segundo dia, fazer um programa mais leve. Seguimos para a vila de Xique Xique de Igatu, localizada a 25 km de Mucugê. A estrada que sai de Mucugê, até o acesso para Igatu é sinuosa e precisamos dirigir com cuidado. O acesso que leva a Igatu já é impactante. A estrada é secular e foi construída com pedras retiradas pelos garimpeiros da região. Obriga os carros a seguirem muito lentamente. Parece que é de propósito para que possamos nos deliciar com a paisagem encantadora do vale que dá acesso à vila.

Um Patrimônio Histórico Nacional
A Vila de Igatu, antigamente era denominada de Xique-Xique de Igatu. É um distrito do município de Andaraí, apesar de estar pertinho de Mucugê. Já foi um povoado próspero na época áurea do garimpo de diamante na região, no século XIX. Chegou a possuir mais de 9.000 habitantes, mas hoje possui pouco mais de 450 moradores. É um lugar mágico e encantador. Atualmente se encontra tombado pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico Nacional.

A “Machu Picchu” da Chapada
Os garimpeiros e outros moradores de Igatu, no passado faziam as suas casas com as pedras retiradas dos garimpos e essa é uma das principais características da vila, por esse motivo ela é apelidada de: “Machu Picchu” da Chapada. Um exagero. Com o fim do ciclo do diamante em Igatu, os garimpeiros abandonaram a cidade, porém antes de sair, reviraram as próprias casas em busca de resíduos do minério e transformaram a vila, num conjunto de ruínas, que dá o aspecto atual do local.

A Serena Kombi
Chegamos a Igatu, estacionamos o carro na única praça da vila e caminhamos um pouco em direção à trilha das ruínas. Passamos pelo cemitério local, que lembra um pouco as estruturas do Cemitério Bizantino de Mucugê. Em frente à Igreja de São Sebastião, paramos para conhecer e interagir com um casal que viajava o Brasil em uma kombi adaptada, a @serenakombi. A Serena tinha tudo que eles precisavam para rodar pelo Brasil e a Mari, do instagram @amariviajar produz colares, pulseiras e outros adereços artesanais, para conseguir o dinheiro necessário para seguir em frente.

A Galeria Arte e Memória
Depois de um bom papo com o casal, seguimos na trilha das ruínas até a Galeria Arte e Memória, que possui um museu a céu aberto no meio das ruínas. No museu, existem muitas obras do artista plástico Marcos Zacariades, que mora em Igatu.

A vista do Rio Paraguaçu
Igatu fica no alto de uma colina. No final da trilha conseguimos ver o Rio Paraguaçu, o maior rio totalmente baiano e motivo de orgulho regional. O Paraguaçu nasce no alto da Chapada Diamantina, na Serra do Cocal em Barra da Estiva e segue por aproximadamente 600km, cortando metade da Bahia até desaguar na Baía de Todos os Santos.

A Pousada Pedras de Igatu
Na volta em direção a Igatu, paramos na Pousada Pedras de Igatu, para visitar as amigas Sônia, Luiza e Vânia Bicalho, pioneiras no serviço de hospedagem da Vila de Igatu que que fazem isso com carinho e paixão. Almoçamos no bom restaurante da Pousada e pudemos desfrutar um pouco mais de um bom papo com quem vive em Igatu.

A Mina do Brejo-Verruga
Depois do almoço seguimos em direção à Mina do Brejo-Verruga, uma espécie de museu em seu próprio sítio. É uma antiga mina reestruturada para visitação turística. As casas típicas dos garimpeiros e alguns artefatos utilizados na época do garimpo, ainda podem ser encontrados por lá. A Mina é considerada uma “gruna”, gruta escavada pelo homem e não pela natureza. Na entrada da mina existe um poço, onde alguns visitantes se aventuram a tomar um banho.

A “Gruna”
Descemos para o interior da gruna acompanhados por um guia loca, uma espécie de guardião da mina. Hoje, no interior da gruta, destacam-se, no salão principal, algumas esculturas que representam homens que trabalharam no local e homenageia aqueles que morreram no trabalho da mineração. A escultura foi feita por ex-garimpeiros, sob a coordenação do artista plástico Marcos Zacariades.

De volta a Mucugê
Após a visita à gruna Mina do Brejo-Verruga, voltamos para Mucugê, uma das cidades mais antigas da Chapada Diamantina. Foi fundada no século XVIII. A descoberta das jazidas de diamante na região aconteceu em 1844. Quando a notícia chegou na capital, houve uma corrida do ouro para a região de Mucugê e os garimpos começaram a se estabelecer. Em 1948, a cidade já tinha cerca de 30.000 habitantes. A maioria trabalhava com o ouro e os garimpos se espalhavam pelos Rios de Contas e Paraguaçu. Mais tarde, a descobertas dos ricos garimpos de Lençóis espalharam a população por toda a região. À noite, jantamos no Restaurante Paraguassu, da excelente Pousada Refúgio da Serra.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.