Uma live sobre a geografia e o turismo da França, parte I
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- joaquimnery
- 14 de agosto de 2020
- Europa França Super Destaque
07 de maio de 2020
A geografia da França
Essa foi a quinta live que fizemos durante o período de quarentena da pandemia do coronavírus em 2020. Foi um projeto da página do instagram @umpouquinhodecadalugar que objetivava levar para o público que acompanha a rede social, um conteúdo de entretenimento, sobre geografia e turismo de alguns destinos especiais do mundo.
Abrimos a live sobre a França falando da posição geográfica do país e dando ênfase às características do seu relevo. Destacando as cordilheiras de montanhas do sul da França. Os Alpes, que fazem fronteira com a Suíça e Itália e os Pirineus que fazem a fronteira com a Espanha. Toda a região norte e noroeste do país é formada por grandes planícies fluviais bastante férteis, que estimularam a ocupação territorial dessa região.
Na definição dos climas da França os principais elementos de influência são a latitude que possibilita a predominância dos climas temperados, a grande Corrente do Golfo, que banha a costa noroeste amenizando os climas e levando grande umidade para a costa atlântica do país e a proximidade com o Saara que interfere nos climas do sul da França, possibilitando climas temperados mediterrâneos.
O Turismo na França
Começamos a destacar as atrações turísticas da França, pela costa da Normandia no norte do país onde ficam as áreas que se destacaram no episódio histórico do Desembarque da Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial. Antes de chegar por lá, porém, passamos pela charmosa cidade de Giverny, famosa, sobretudo, por ter sido a cidade escolhida pelo pintor impressionista Claude Monet, para viver, desde 1883 até a sua morte, aos 86 anos.

A casa onde Monet viveu e serviu de inspiração para algumas das principais obras do artista, hoje sedia a Fundação Claude Monet. A principal atração da Casa de Monet são os seus magníficos jardins, que podem ser visitados. Os jardins ficaram famosos pois inspiraram Monet em muitas das suas obras e temas de estudo. O jardim é grande e divididos em duas partes. Numa delas a presença da água e das pontes, cercadas de uma vegetação muito bem distribuída, fortalece as imagens.

Pouco a norte de Giverny fica a cidade de Rouen, localizada nas margens do Rio Sena. A cidade foi bastante castigada na Segunda Guerra Mundial, mas preservou o seu maior patrimônio, a Catedral Gótica de Notre Dame. A Catedral de Rouen serviu de estudos para Monet, na última década do século XIX, que fez vários desenhos acompanhando as mudanças da luz em momentos diferentes na fachada da Catedral.

A outra atração de Rouen é o fato de ter sido aqui, na Praça do Mercado, que Joana D’Arc, foi queimada viva em 1431. Hoje, depois de canonizada e se tornar a Santa Joana D’Arc, ganhou uma Praça e uma Igreja na cidade. É a maior heroína francesa. Jovem guerreira, foi decisiva para expulsar os ingleses do território francês na Guerra dos Cem Anos. Atendendo a “chamado divino”, ela liderou a defesa do confuso e frágil Rei Carlos VII, que quase perde a França para uma aliança anglo-borgonhesa. Em 1430 foi presa e entregue aos ingleses que a condenaram por bruxaria. A pena foi a morte queimada na fogueira em Rouen em 1431, aos 19 anos de idade. Na Praça Joana D’Arc, hoje existe o mercado público da cidade.

Etretat e as falésias do Canal da Mancha
Continuamos a apresentação rumo ao norte, em direção ao Canal da Mancha, que separa a França da Inglaterra, onde fica Etretat, uma pequena cidadezinha litorânea, que aparece escondida num vale, cheia de charme e que teve seu papel em vários momentos da história do país, mas hoje é famosa por ser local de veraneio para os parisienses e pelas maravilhosas falésias que possui. A mais famosa delas é a Falaise d’Aval, cuja forma lembra um elefante com a tromba dentro d’água, no Canal da Mancha. Essas falésias foram esculpidas pela ação da água do mar (ondas e marés), sobre rochas de fácil desgaste erosivo.

Seguimos até Deauville, uma cidade balneário no litoral do Canal da Mancha e que faz o maior sucesso com os franceses. Deauville é uma cidade de verão. A proximidade com Paris atrai uma multidão nesse período.

O Desembarque da Normandia
A viagem pela Normandia trás surpresas maravilhosas. Essa é a região onde aconteceu o desembarque das tropas aliadas no litoral europeu, durante a Segunda Guerra Mundial. Cada curva da estrada é uma aula de história e faz com que o visitante se sinta participante do cenário de um filme. A operação de Desembarque da Normandia aconteceu no dia 6 de junho de 1944, essa data ficou conhecida como o Dia D, termo utilizado para o dia do desembarque. A ação recebeu o nome de Operação Overlord.

Os 80 km de praia da costa da Normandia onde aconteceu o desembarque foram divididos em cinco setores que receberam os nomes de: Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. Essa região é cheia de museus e memoriais da Segunda Guerra Mundial. O Memorial Pegasus fica entre as cidades de Bénouville e Ranville. Resgata a história da Operação Pegasus, o primeiro objetivo alcançado pelas tropas britânicas no Dia D. O objetivo era tomar, sem destruir, a Ponte Pegasus (elevadiça), que liga a cidade de Bénouville a Ranville. A ponte sobre o Canal de Caen foi tomada de assalto por soldados britânicos que pousaram de planadores. A operação foi um sucesso e concluída em apenas 15 minutos. Os aliados perderam apenas dois homens. Hoje a ponte original foi desmontada e transferida para o memorial/museu que fica ao lado.

A cidade de Ouistreham, onde aconteceu a ação da Praia de Sword, nome de código dado pelos aliados para a ação dessa região possui um bunker alemão usado no local durante a Operação Overlord. O Bunker foi transformado em Museu, lá dentro havia toda a infraestrutura necessária para a sobrevivência, defesa e organização estratégica das tropas alemãs. A visitação do bunker nos permite entender um pouco mais da história da Segunda Guerra Mundial.

Uma das visitas importantes da região é a parada obrigatória para uma homenagem e contemplação no cemitério dos soldados canadenses mortos na Operação Overlord, aí nas proximidades da Praia de “Sword”.

A cidade de Arromanches-les-Bains é uma pequena vila no litoral da Normandia, onde existe hoje o Museu do Desembarque (Musée du Débarquement). Arromanches foi escolhida pelos aliados para a instalação de um dos portos artificiais (Mullberry) que foram utilizados para o Desembarque da Normandia. O museu é impressionante pois mostra a estratégia, o planejamento e a tecnologia utilizada pelos aliados para a operação Overlord.

Para viabilizar o desembarque em Arromanches, os aliados afundaram 18 navios mercantes antigos e um cruzador, nos recifes próximos da praia, que serviram como apoio para a atracação das primeiras embarcações menores que chegaram no Dia D. Logo depois, os primeiros portos artificiais, verdadeiros gigantes de concreto pesando entre 3000 e 6000 toneladas cada, com 220 pés de largura, 60 pés de altura e 52 pés de profundidade, foram chegando. Foram chamados de Fênix. Ainda hoje, partes remanescentes desses portos podem ser observados na Praia de Arromanches.

Dentre os diversos monumentos que existem na Normandia em homenagem e memória da Segunda Guerra Mundial, um dos mais impressionantes é o Cemitério dos Soldados Americanos localizado em Colleville-sur-Mer. O memorial fica na praia de Omaha, um dos pontos estratégicos do desembarque do Dia D. Milhares de cruzes estão dispostas simetricamente num lindo gramado e com um jardim muito bem cuidado, numa colina acima da praia de Omaha, uma das praias escolhidas para a operação do Dia D.

Omaha foi o local do desembarque da Normandia onde ouve o maior número de baixas para as tropas aliadas. Existem ali mais de dez mil cruzes, uma para cada soldado americano morto na operação. O drama de Omaha foi retratado nas cenas iniciais do filme O Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg. O filme começa e termina no cemitério de Omaha. No local, além do cemitério existe um memorial com histórias da Guerra.

Sainte Mére Eglise foi onde aconteceu a operação da Praia de Utah, o último destino nessa região do Desembarque da Normandia. A visita a Sainte Mére Eglise é obrigatória, pois esse foi um ponto estratégico da Operação Overlord. A batalha também ficou por conta dos americanos. Milhares de paraquedistas foram despejados na região pelos aviões e planadores que chegaram tentando surpreender, no silêncio da madrugada. A operação de tomada da cidade ficou por conta dos Airborne, a elite do exército americano da época. Hoje, na cidade existe um museu dedicado à memória da operação e dos Airborne.

A tomada de Sainte Mére Eglise e a epopeia dos Airborne foi contada na série produzida por Steven Spilberg e Tom Hanks, “Band of Brothers”. A tomada da cidade foi fundamental para dar suporte aos soldados que desembarcariam aí perto, na Operação Utah.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.