Monte Etna, a “oficina” de Vulcano
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- joaquimnery
- 13 de dezembro de 2014
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- Destaques Europa Itália
06/10/2014
No planejamento dessa viagem, uma das maiores expectativas que tínhamos era conhecer o Monte Etna. Durante toda a minha história de vida como professor, fui marcando no “caderninho”, lugares que deveria conhecer. Um deles era o Etna, o vulcão mais alto da Europa e um dos mais ativos do Mundo.

Depois de dois dias de muita chuva na região de Taormina, amanheceu um dia lindo. O céu aberto com excelente luminosidade, o Etna apareceu por completo. Da varanda do hotel onde tomamos café-da-manhã podíamos ver a montanha imponente emoldurando a paisagem. As inúmeras vilas nas encostas do Etna confirmam o fascínio que os vulcões exercem nas pessoas. Por que morar tão perto do perigo? Solos férteis e o calor divino são as explicações. Os romanos consideravam o Etna como a “Oficina de Vulcano”, o Deus do fogo.

Seguindo a orientação de um brasileiro que havíamos encontrado alguns dias antes, decidimos contratar uma van com motorista para nos levar até a cratera do Etna, assim não iríamos dirigir e aproveitaríamos melhor a subida de uma estrada íngreme e sinuosa até o alto da montanha.

Os vulcões podem ser classificados em ativos, inativos e extintos. Os extintos são aqueles cujas últimas erupções aconteceram a milhões de anos atrás, em períodos geológicos anteriores e que não têm mais chances de entrar em erupção, pode confiar. Os inativos estão adormecidos há alguns anos, mas por estarem em áreas geologicamente instáveis, podem entrar em erupção há qualquer momento. Os ativos têm erupções frequentes, esse é o caso do Etna, cuja última erupção aconteceu em novembro de 2013. A população que mora nas encostas do vulcão vive permanentemente sobressaltada e pode precisar se deslocar sempre que o vulcão ameaçar uma erupção, com mais ênfase.

Normalmente, os vulcões de grande atividade, como o Etna, são mais suaves e pouco destrutivos, pois a sua chaminé permanece sempre aberta, liberando a pressão que vem das entranhas da terra, não oferecendo grande risco para a população local. Ocasionalmente pode haver uma erupção maior.

A fertilidade dos solos vulcânicos atrai agricultores e cria uma grande densidade demográfica ao redor. Vinhedos e hortas são vistos por todos os cantos.

Os vulcões também podem ser classificados de acordo com o material liberado nas suas erupções, em sólidos, líquidos e gasosos, a depender de qual seja o material predominante liberado pela erupção. O Etna é um vulcão líquido, apesar de lançar na atmosfera cinzas e gases, mas predomina a lava vulcânica. Quando entra em erupção, um rio de lava se forma e desce lentamente por parte do cone vulcânico, danificando estradas e plantações.

Os vulcões ainda podem ser classificados em suaves e explosivos. Os vulcões explosivos permanecem muito tempo com a chaminé vulcânica bloqueada e quando entram em erupção, podem explodir o cone, provocando grandes tragédias, como a que aconteceu com o Vesúvio, na própria Itália. A maioria dos vulcões de grande atividade são suaves, pois permanecem com a chaminé vulcânica aberta o que diminui a pressão interna. O Etna é um vulcão suave, quando entra em erupção derrama a lava lentamente sobre a superfície do cone vulcânico.

A ocorrência de vulcões no sul da Itália, deve-se ao fato de ser esta uma área instável geologicamente, onde as placas tectônicas da África e da Europa se encontram e exercem uma pressão que fez surgir montanhas e tornar essa área susceptível a ocorrência de vulcanismos e terremotos.

Na subida até a cratera do Etna, lentamente a vegetação vai desaparecendo e dando espaço para grandes áreas de cinzas e lavas vulcânicas solidificadas. Podemos observar essas formações bem ao lado da estrada. A última grande erupção do Etna ocorreu em 2001, apesar do que ele entra em erupção quase todos os anos, como em 2013.

A estrada segue até 2000 metros de altitude, onde fica o centro de visitantes, com restaurantes, lanchonetes e lojas de artesanato, além de estacionamento para carros, vans e ônibus de turismo. Aí pegamos um teleférico que nos leva até 2.500 metros de altitude, onde fica a segunda base.

Aí na segunda base pegamos um micro-ônibus adaptado para andar em terreno acidentado e sobre as cinzas vulcânicas e seguimos por uma estrada sinuosa, onde apenas esses veículos estão autorizados a passar. Os ônibus nos levam a 3.000 metros de altitude, na terceira base.

A partir da terceira base seguimos a pé até a borda das crateras secundárias que são mais de trezentas. O Etna possui 4 crateras principais e centenas de crateras secundárias resultantes de chaminés adjacentes às chaminés principais.

O Etna está a 3.350 metros de altitude e o perímetro do seu cone possui cerca de 200 quilômetros, superando em quase três vezes o tamanho do Vesúvio. As condições atmosféricas mudam com muita rapidez. Pegamos um dia excelente. Pela manhã o tempo estava bom e a visibilidade era total, mesmo da cidade de Taormina. Quando começamos a subir, a neblina cobria as crateras principais, mas como num passe de mágica, quando nos aproximamos da terceira base o tempo abriu e novamente tivemos uma visibilidade total.

Caminhar a 3.000 metros de altitude exige um esforço muito grande. Falta de ar e cansaço são comuns por causa da baixa pressão atmosférica, apesar disso, algumas pessoas seguem a pé desde a primeira base, deixando o teleférico e os ônibus para trás. Chegamos a encontrar alguns ciclistas que estavam no alto da montanha e venceram toda a subida.

Fizemos uma visita mágica e inesquecível nas crateras do Etna.

Retornamos e passamos na cidade de Zafferana, onde degustamos doces, azeites e azeitonas preparadas das formas mais variadas possíveis, patês e licores, produtos naturais locais que se beneficiam da fertilidade e do clima das terras nas montanhas ao lado do Etna.

Voltamos ao hotel Capotaormina com uma boa sensação de que tínhamos feito um excelente passeio nesse dia. Jantamos em Taormina no restaurante Nettuno da Siciliano – muito bom.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comments (2)
MARCIA PERES
07 jun 2017TALVEZ NUNCA TEREI OPORTUNIDADE DE IR A UM LUGAR COMO ESSE MAS A INTERNETE PÔDE ME TRAZER ESSA BELEZA E A VISÃO DE JOAQUIM NERY FILHO, QUE PELA FOTO PARECE SER UMA PESSOA APAIXONADA POR ESSAS VIAGENS. OBRIGADO PELA OPORTUNIDADE.
Vitoria Andrade
25 ago 2015É simplesmente fascinante !!!!!! É uma Jornada para quem quer viagem cultural e ver beleza inigualável……