Uma parada em Lisboa a caminho da Escandinávia
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- joaquimnery
- 23 de agosto de 2020
- Europa Portugal Super Destaque
15 e 16 de junho de 1996
Chegando a Lisboa
Preparamos essa viagem com um carinho especial. O objetivo era fazer um giro pela Escandinávia, com destaque especial para a região da Lapônia, onde iríamos ver o “Sol da Meia Noite” e conhecer os fiords da Noruega. Iniciamos a viagem pelo Aeroporto 2 de Julho, em Salvador, com um voo direto da TAP com destino a Lisboa, onde passamos um dia inteiro, como cortesia da TAP, que fazia parte do pacote aéreo.

Chegamos em Lisboa às 6h da manhã e o nosso voo para Estocolmo só sairia no dia seguinte. Pegamos um transfer para o Hotel Roma, localizado no centro da cidade. Ainda no aeroporto encontramos uma amiga dos tempos de vestibular, Dra. Luzia Arlinda, que estava indo para um congresso de medicina em Amsterdã e que também passaria um dia inteiro em Lisboa. Como ficamos hospedados no mesmo hotel, combinamos em fazer juntos um passeio para alguns lugares próximos a Lisboa.

Alugamos um carro com motorista e saímos do hotel ao meio-dia para fazer uma maratona turística. O objetivo era conhecer o máximo que pudéssemos no pouco tempo que tínhamos. Tiramos partido dos dias longos do verão e fizemos o impossível. Seguimos para a cidade sagrada de Fátima, localizada a 128 km de Lisboa. No caminho, as boas estradas de Portugal já impressionavam. Na paisagem destacavam-se os vinhedos e os bosques de sobreiros, as árvores de onde são extraídas a cortiça usadas para a fabricação das rolhas.
O Santuário de Fátima
Conhecemos o Santuário de Fátima, o maior centro de peregrinação de católicos em Portugal, formado por um imenso pátio para peregrinações dos fiéis. Nos dias 12 e 13 de maio, uma multidão de peregrinos, do mundo inteiro vêm a Fátima para comemorar a aparição da Virgem Maria aos Três Pastorinhos, em 1917. O santuário de Fátima é gigantesco e suporta milhares de visitantes todos os dias. Demonstrações da fé católica estão presentes a todo momento.

Como o nosso tempo era super escasso e queríamos conhecer o máximo possível, fizemos algumas fotos no santuário, compras de souvenires e seguimos viagem para Batalha, localizada a 25 km de Fátima.

Batalha e Alcobaça
A cidade de Batalha tem seu nome em homenagem à batalha de Aljubarrota, no século XIV, que garantiu a soberania portuguesa sobre os invasores espanhóis da época. A visita a Batalha se justifica pela abadia de Santa Maria da Vitória, considerada uma obra prima da arquitetura gótica portuguesa.

Depois de visitar o mosteiro de Batalha, seguimos para a cidade de Alcobaça, localizada a 24 km de Batalha, onde visitamos o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, que possui uma arquitetura medieval simples, mas impressiona pela grandiosidade.

É no Mosteiro de Alcobaça que está o tumulo de Inês de Castro e do Rei Pedro. Pedro era apaixonado por Inês, mas por acordo político foi obrigado a casar com Constança, a princesa de Castela. Quando Contança morreu Pedro foi viver com Inês em Coimbra. O rei Afonso IV, pai de Pedro, com receio da família de Inês, mandou matá-la. Quando o rei Afonso morreu, Pedro mandou matar os assassinos de Inês, exumou o seu corpo, a fez rainha e obrigou a corte a ajoelhar-se a sua frente e beijar a mão de Inês, já decomposta. Foi dessa história que surgiu a expressão: “Agora não adianta mais. A Inês já é morta”.

Óbidos
Saímos de Alcobaça e fomos até a encantadora cidade de Óbidos, localizada 40km mais a sul. Óbidos é uma cidadezinha encantadora, totalmente cercada de muralhas do século XIV. Foi um presente do Rei Dinis a sua esposa, Isabel de Aragão. A cidade está bastante preservada e possui inúmeras ruas estreitas totalmente tomadas por lojas de artesanato, restaurantes e pousadas.

A entrada em Óbidos se dá pela Porta da Vila com um excelente painel de azulejos portugueses na parte interna. O Castelo, hoje transformado em pousada domina a colina mais alta da cidade. Perto dali a Igreja de Santa Maria foi testemunha do casamento do futuro rei Afonso V, que se casou com a sua prima Isabel, quando ele tinha 10 anos e ela 8.

Lisboa
Depois de passear por Óbidos, voltamos a Lisboa e fomos direto para o bairro de Belém, onde começamos a visita pelo Mosteiro dos Jerônimos, que domina a paisagem do bairro de Belém. O Mosteiro foi mandado construir por D Manoel I, como forma de comemorar a descoberta do caminho marítimo para as Índias. É a mais representativa obra da arquitetura manuelina e a maior relíquia da epopeia marítima dos grandes descobrimentos. No interior da igreja fica o túmulo de Luiz de Camões.

Atravessando a praça em frente ao Mosteiro dos Jerônimos fica o rio Tejo, a ponte 25 de abril e o Padrão do Descobrimento, um imponente monumento em forma de caravela, edificado em 1960 para homenagear aqueles que participaram das aventuras dos descobrimentos portugueses. À frente do monumento está o Infante D. Henrique e na base aparece uma enorme Rosa dos Ventos com um mapa mundi onde se identifica os descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI. Do alto do Padrão dos Descobrimentos se tem uma bela vista do bairro de Belém e do Rio Tejo.

A Torre de Belém fica ao lado, construída em 1515 para proteger a entrada da cidade, de visitante inoportunos que viessem pelo rio. A Torre é uma fortificação que ficava mais afastada da margem do rio, porém hoje está interligada a ela. É lindíssima, em estilo manuelino, faz um conjunto harmônico com o Mosteiro dos Jerônimos, que fica no mesmo bairro.

Seguimos pela margem do Rio Tejo até o bairro D’Alfama, onde visitamos o Castelo de São Jorge, um antigo castelo mouro, que tem uma vista espetacular de Lisboa e do estuário do Rio Tejo. O castelo foi parcialmente destruído pelo terremoto de Lisboa do século XVII. É um bom local para se passear e lá de cima pode-se contemplar um belo por do sol. Dentro das muralhas do castelo existe um bairro com casas antigas que está integrado ao bairro D’Alfama, o mais antigo de Lisboa.

Terminamos aquele longo, cansativo e proveitoso dia, numa casa de fado do bairro Alto, o Machados, onde jantamos ao som de fado e retornamos para o hotel.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.