A Casa de Jorge Amado
A Casa do Rio Vermelho
11 de agosto de 2019
Há algum tempo, vinha adiando uma visita à Casa de Jorge Amado no bairro do Rio Vermelho em Salvador, onde viveram Zélia Gattai e Jorge Amado, desde 1964 até 2003, quando Zélia se mudou e a casa permaneceu fechada. Fica na Rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. Foi transformada em memorial para a obra do casal e começou a ser visitada a partir de 2014.

A visita ao Museu custa R$20,00 a inteira ou R$10,00 a meia. A estrutura principal da casa foi mantida, mas foram feitas intervenções para adaptação ao projeto do Memorial. Em todos os cômodos existem exibições de áudio e vídeo, o que permite uma grande interação com os visitantes. São mais de 30 horas de conteúdo audiovisual. Quando chegamos ao Museu, soubemos que existe uma visita guiada, que se repete duas vezes ao dia e leva aproximadamente uma hora de apresentação. Iria começar em 10 minutos. Decidimos esperar e pegar a visita guiada. Foi espetacular. A guia muito bem treinada vai contando a história da casa e histórias do casal.

Hoje, A Casa do Rio Vermelho agregou um conteúdo importante ao turismo de Salvador. Aqueles que visitam a cidade têm mais uma atração imperdível e muitos têm ido. Nesse dia a casa estava lotada. O grupo guiado estava completo.

O casal Zélia Gattai e Jorge Amado viveram aí por 40 anos. Quando começaram a ocupar a casa, o bairro do Rio Vermelho era uma área de veraneio e poucas pessoas moravam ali. Para eles era como um refúgio inspirador que, sem dúvidas, ajudou muito na criatividade de ambos. Na casa de “veraneio”, Jorge e Zélia recebiam muitos amigos e muitos iam passar os finais de semana ou mesmo temporadas. O casal recebeu inúmeros presentes para a casa. Pinturas, esculturas, objetos, livros, etc. Muitos deles estão expostos nos diversos cômodos possíveis de serem visitados.

A visita guiada
A visita guiada é gratuita, está incluída no preço de entrada do museu. A guia nos reuniu na varanda principal, onde existem duas atrações de áudio-vídeo. Uma janela mostra o interior de um quarto com uma maquete que simula a cidade de Ilhéus, nos tempos em que Jorge Amado nasceu e cresceu. Jorge nasceu em uma fazenda perto da atual cidade de Itabuna e depois seguiu para Ilhéus. Outra janela dá acesso a um quarto com inúmeras fotos e objetos expostos que contam as histórias das muitas viagens do casal. Foram 110 países dos quatro cantos do Mundo. Jorge tinha medo de avião. A maior parte das viagens foram feitas de navio ou trem.
A visita continua pela sala principal da casa, onde Jorge e Zélia faziam as refeições e onde ele costumava sentar para escrever os seus textos. A máquina de escrever de Jorge Amado continua exposta nessa sala. Ao lado da máquina, um fragmento de texto original rabiscado, testemunha a forma como os textos eram corrigidos.

Nas paredes estão expostos objetos, pinturas e esculturas recebidas dos amigos artistas. A porta de entrada foi criada e executada pelo amigo Carybé, os detalhes da janela de ferro foram feitos pelo amigo Mario Cravo e na parede uma cerâmica feita pelo amigo Picasso.

Ao lado da sala fica o pequeno quarto de hóspedes. O áudio fala sobre os amigos, dentre eles Pablo Neruda, Picasso, Glauber Rocha, Tom Jobim, Polanski, Sartre e Simone de Beauvoir. Muitos passaram pela Casa do Rio Vermelho. A cama de alvenaria é decorada com azulejos criados por Carybé, que homenageiam os Santos Orixás de Jorge e Zélia.

Saímos pela pequena cozinha original, em forma de “L”. Como a casa e a cozinha ficaram pequenas para Jorge, Zélia, filhos e amigos, o casal comprou a casa ao lado e incorporou esse outro imóvel à primeira casa. A cozinha foi ampliada com a nova casa. Na nova cozinha estão expostos pratos típicos da culinária baiana, que foram descritos nos diversos livros de Jorge Amado, além dos principais temperos utilizados. Um vídeo com a “chef” Dadá, ensina a preparar alguns pratos e em especial, o acarajé. As receitas estão disponíveis em um tablet e o visitante pode enviar para o seu próprio e-mail.

O quarto de hóspedes da segunda casa foi transformado em quarto de leituras. Nesse ambiente são projetados vídeos com artistas e personalidades lendo trechos dos livros de Jorge Amado. Quando estávamos no quarto assistimos a uma leitura com a Mariana Ximenes.

O antigo escritório foi transformado em biblioteca e expões uma grande quantidade de livros de Jorge Amado e Zélia Gattai, escritos e editados em vários idiomas.

Na área externa da antiga casa destaca-se o Lago dos Sapos, construído pelo memorial no local onde havia uma pequena piscina. Jorge era apaixonado por sapos. Os curadores do Museu tentaram fazer uma homenagem a essa faceta do escritor, criando o Lago dos Sapos. A presença da dengue inviabilizou essa característica. Os sapos foram retirados e uma bomba passou a movimentar a água para evitar a dengue.

Num outro cômodo mais adiante existe um enorme gaveteiro com centenas de cartas trocadas por Jorge e Zélia com amigos ou entre eles, nos momentos em que estiveram separados por algum motivo. Jorge se exilou por duas vezes e viveu 19 anos entre países como França, Chile, Rússia, Polônia, Uruguai e Argentina. Passamos pelo estúdio fotográfico de Zélia Gattai, onde destacam-se os bonecos feitos por ela com rostos em tecido impresso com as fotos dos familiares. Os bonecos estão expostos representando uma árvore genealógica da família. No estúdio aparece também os detalhes da vida de Zélia Gattai, desde a imigração dos seus pais.

No quarto do casal, o mobiliário tenta reproduzir a realidade da época. Mais uma vez, objetos e obras de arte doados pelos amigos.

Saindo da casa aparece uma outra varanda com uma coleção incrível de objetos de arte popular trazidos das viagens que fizeram pelos quatro cantos do mundo. Os sapos predominam.

Saímos da casa e fomos para o jardim, a parte preferida do casal. Foi aí, na sombra de uma mangueira frondosa, que não existe mais, que as cinzas do casal foram depositadas. Um banquinho decorado com azulejos era o lugar preferido por eles para uma prosa no jardim.

Um exu de ferro protege o jardim. Esse era o orixá preferido de Jorge Amado.

Dois gazebos completam a visita aos jardins. Em ambos existem audiovisuais completos. Um deles sobre a relação de Jorge Amado com o candomblé e o outro reúne seis horas de conversas com amigos famosos como Caetano Veloso, Jards Macalé e Sônia Braga.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
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ESPAÇOS DE VISITAÇÃO | Pearltrees
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