Mar Morto, a mais profunda depressão do planeta
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- joaquimnery
- 29 de junho de 2019
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20 de abril de 2019
Saímos de Aqaba em direção ao Mar Morto, o destino do final do dia. Pegamos uma estrada que segue em paralelo à fronteira com Israel, são 200 quilômetros até a extremidade sul do Mar Morto. O nosso hotel ficava na zona hoteleira, na parte mais a norte, ao lado da foz do Rio Jordão, portanto um pouco mais distante, a 270 quilômetros de Aqaba.

A estrada passa por grandes áreas desérticas, até chegar ao Vale da Jordânia, onde o solo mais fértil e a possibilidade de captação de água no subsolo, cria um verdadeiro oásis agrícola no meio do nada. Uma agricultura variada que viabiliza a ocupação humana na região. No caminho passamos pelo Cânion de Wadi Al-Mujib, uma formação geológica exótica, de uma beleza profunda. A região é uma reserva natural do país. Apenas fotografamos da estrada. O Al-Mujib é uma reserva natural localizada na maior depressão do planeta. Começa a 416 metros abaixo do nível dos oceanos e sobe atá as montanhas de Karak, a 900 metros de altitude. O Rio Mujib desce das montanhas e deságua no Mar Morto.

Chegamos ao Mar Morto no início da tarde e a primeira visão que tivemos, estava carregada de expectativas. O Mar Morto fica entre a Jordânia, a Cisjordânia e Israel, na mais profunda depressão geológica do planeta, 400 metros abaixo do nível dos oceanos. Na realidade ele é um grande lago de água salgada. Essa característica lhe dá o status de mar fechado ou isolado, aqueles que não têm contato com os oceanos, pois a sua água não segue adiante.

O Mar Morto é o depositário final das águas do Rio Jordão, que nasce na fronteira de Israel com o Líbano, sendo esse rio, a sua principal fonte de realimentação, mas que não compensa o volume que perde por evaporação. Por esse motivo, o “lago” perde volume de água e aumenta a concentração de sal. A concentração de sal, média dos oceanos, é de 35 gramas por cada mil gramas de água, a do Mar Morto chega a quase 10 vezes mais. A salinidade excessiva, impede a existência de vida e esse é o motivo do seu nome.

O Mar Morto está secando rapidamente
As águas do Mar Morto são ricas em minerais como cálcio, magnésio, bromo, Iodo, etc. Logo na chegada já ficamos impressionados com a quantidade de campos de exploração mineral nas suas águas. Vários minérios são explorados aí, em especial o potássio. A exploração excessiva das águas do Mar Morto aumenta os danos ambientais, e o mar está diminuindo significativamente o seu volume. Os estudos indicam que o Mar Morto, que possui 650 quilômetros quadrados de área, já perdeu 40% da sua área original nos últimos 60 anos.

O Rio Jordão tem importantes projetos de irrigação ao longo do seu curso, na Jordânia, mas principalmente em Israel. Costumava depositar 1,3 milhão de metros cúbicos de água no Mar Morto anualmente. Hoje, 95% desse volume não chega mais. A escassez de água na região da fronteira entre Israel e Jordânia é o grande vilão dessa história.

Chegamos à área hoteleira do Mar Morto da Jordânia e fomos nos hospedar no Ramada Beach Resort. O hotel é antigo e ruim, está precisando de uma reforma e manutenção. Em toda a área hoteleira existem dezenas de resorts que atendem aos turistas do mundo inteiro que veem conhecer esse ambiente inusitado.

Deixamos as malas no quarto e seguimos para a praia para aproveitar as atrações do lugar. O banho de lama é uma das atrações do Mar Morto. a grande riqueza mineral faz com que a lama possua propriedades medicinais e atraia pessoas que veem ao Mar Morto para tratamentos terapêuticos e estéticos.

Além do banho de lama, a grande atração é tomar o banho de mar nas águas salgadas do Mar Morto. A salinidade excessiva e a sua correspondente densidade dá a esse mar uma incrível flutuabilidade e faz com que as pessoas não afundem no Mar Morto, e esse é o grande barato, que diverte os visitantes. Ler um livro deitado nas águas do Mar Morto.

Precisamos tomar alguns cuidados, pois a salinidade excessiva pode trazer alguns inconvenientes. Ter muito cuidado para a água não cair nos olhos e não se recomenda o banho para quem tem algum corte ou ferimento, pois o sal pode provocar dor nas lesões.

Depois do banho de mar, voltamos para o hotel e ficamos um pouco na piscina esperando o tempo passar, pois existem poucas opções para o turismo no lugar.

Leia mais sobre o Rio Jordão em: https://umpouquinhodecadalugar.com/asia/yardenit-onde-joao-batista-batizou-jesus-cristo/
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.