O Cânion do Itaimbezinho
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- joaquimnery
- 18 de março de 2013
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- Brasil Destaques Rio Grande do Sul
No segundo dia dessa nossa estadia em Gramado, saímos bem cedo para conhecer o Cânion do Itaimbezinho, uma das maiores atrações naturais do Brasil e símbolo do Rio Grande do Sul e da Serra Gaúcha. Como professor, conhecer o Cânion do Itaimbezinho sempre foi um desejo e uma promessa a ser cumprida.

O cânion fica no Parque Nacional dos Aparados da Serra, na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na cidade de Cambará do Sul. A partir de Gramado pegamos uma boa estrada com 112km até Cambará do Sul e daí são mais 18km até a entrada do Parque Nacional.

A estrada é plana e charmosa, no alto do Planalto Meridional, na Serra Gaúcha, o Aparados da Serra é coberto por pastagens dedicadas à criação de gado leiteiro e possui ainda resíduos de araucárias que completam a paisagem.

O Planalto Meridional é uma estrutura basáltica, formado por rochas de origem vulcânica, com cerca de 130 milhões de anos. Essas rochas são de fácil processo erosivo, o que facilitou a construção do cânion, por ação exógena de origem fluvial. É o maior cânion da América do Sul, com 6km de extensão e até 720m de altura. Esta parte do território brasileiro, no passado geológico, já foi ligado ao continente africano.

Na área do parque Nacional existem duas trilhas mais simples, que podem e devem ser feitas. A Trilha do Cotovelo possui cerca de 6km e possibilita as melhores vistas do cânion. Lá de cima dá para compreender melhor o nome do Cânion. Itaimbezinho vem da junção das palavras do Tupi-guarani; “Ita” que significa pedra e “aibe”, que significa afiada. A abertura da parte mais alta do cânion mostra a “pedra afiada”.

A Trilha do Vértice possui aproximadamente 1,5km e leva o visitante para uma vista frontal à Cachoeira Véu de Noiva, formada pela queda do Rio Perdizes de uma altura de 700m até chegar ao fundo do cânion.

As paredes do cânion são cobertas por uma vegetação rasteira e na parte mais alta a araucária ou “Pinheiro do Paraná”, completa a paisagem.

A parte mais alta do cânion pertence ao estado do Rio Grande do Sul, as paredes e o vale ao longo do Rio do Boi, no centro do cânion, pertencem ao vizinho estado de Santa Catarina.

A terceira trilha do parque é a mais radical, a Trilha do Rio do Boi é longa e cansativa. É a única que permite acesso ao interior do cânion, pode durar mais de 7 horas de caminhada e só deve ser feita com um guia local. Ela parte da cidade de Praia Grande em Santa Catarina.

Um dos destaque do parque é a flora local. No passado, as araucárias dominavam toda a paisagem, porém a madeira excelente para a construção civil e para a indústria moveleira incentivaram os imigrantes a derrubarem a floresta. Hoje, ameaçada de extinção, as araucárias sobrevivem arduamente.

O Pinheiro-do-Paraná pode chegar a 50m de altura e o seu tronco pode ter um diâmetro de até 2,5m.

Existem araucárias macho e fêmea e a sua reprodução é complexa o que dificulta o reflorestamento na região com árvores nativas. A sua reprodução é ajudada por animais nativos da região, como os esquilos e a gralha azul, uma ave típica do sul do Brasil, que enterram os pinhões permitindo que a árvore se desenvolva.

As bromélias formam um espetáculo à parte.

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Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comments (2)
joaquimnery
21 fev 2015Obrigado Maria. Vou acessar o seu blog também
mariagbco
21 fev 2015Joaquim, amo seu blog…coisas do Brasil sempre me fascinam…