Os Runs e Charutos Cubanos
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- joaquimnery
- 21 de setembro de 2019
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- América Cuba Destaques
26 de agosto de 2019
Saímos do Museu da Revolução caminhando pela região de Centro Havana em busca dos Runs e Charutos Cubanos, começamos pelo parque em frente ao museu, com uma bela escultura de José Martí. Chegamos até o Catillo de San Salvador de la Punta, uma fortaleza na entrada do Porto de Havana, onde começa o Malecón.

O Malecón é uma avenida e um grande calçadão a beira mar que se estende por 7 km, desde o centro histórico até o bairro de Vedado. Mistura o passado e o presente de Havana. Muitos eventos da cidade acontecem aí. Quando estivemos em Havana estava acontecendo o carnaval da cidade e o Malecón era o palco.

Um dos edifícios mais famosos do Malecón é o histórico Hotel Nacional, um belo edifício art déco, que foi local de encontro de milionários e gangsters americanos nos anos 40 e 50. No filme O Poderoso Chefão, Michael Corleone estava numa reunião no Hotel Nacional, quando a Revolução Cubana chegou a Havana.

Saímos do Malecón e voltamos caminhando pela Havana Velha. Paramos numa lanchonete que tínhamos visto no dia anterior e que nos chamou a atenção por ser um ambiente reformado, moderno e muito bem ambientado. Café del Angel. Diferente de tudo que estávamos vendo em Havana. Ar condicionado, uma boa música e atendimento de qualidade.

Depois de fazer um lanche, seguimos pelos becos de Havana Velha, que nos assusta, impressiona e encanta. Essa contradição de sentimentos está relacionada com os incríveis tesouros que os Palácios e casarões abandonados de Havana Velha representam. Por trás de cada fresta de portões destruídos é possível ver o movimento de “cortiços” habitados por inúmeras famílias, e de repente descobrimos que a escadaria em ruína é feita de mármore decorado com primor. Havana tem um grande desafio pela frente, que é recuperar e preservar o que for possível de um dos maiores patrimônios culturais das Américas e da humanidade.

O rum de Cuba
No caminho de volta para o hotel, já quase em nosso destino, paramos numa casa de rum, ao lado do famoso bar La Floridita. Entramos para comprar rum e charutos, dois produtos típicos de Cuba e que são obrigatórios para os que estão voltando para casa.

O rum é a bebida nacional. Praticamente surgiu aqui, como um subproduto da cultura da cana-de-açúcar. Surgiu no século XVI, como um destilado impuro da cana. É obtido a partir do melaço. A fama mundial do Rum cubano veio com a chegada de D. Facundo Bacardi a Cuba. Ele introduziu novas técnicas de destilação e apurou a qualidade do rum. O rum faz parte da vida do cubano. É bebido puro, com gelo, ou utilizado na produção dos principais coquetéis, como o daiquiri e o mojito.

O Silver Dry é o rum mais comum e utilizado sobretudo em coquetéis. Alguns são envelhecidos em barris de carvalho. Três anos em barris e chega-se ao Carta Blanca. Cinco anos é para o Carta Oro, sete anos ou mais para o Añejo. O rum mais velho deve ser tomado puro ou com gelo.

A família Bacardi era formada por patriotas fervorosos, que ajudaram nas lutas pela independência de Cuba. Mesmo assim não foram poupados pela Revolução Cubana, que os expulsou de Cuba. Levaram junto a marca mundialmente conhecida, que passou a ser produzida em outros países. Nas instalações da antiga Bacardi, próximo à cidade de Santiago de Cuba, a fábrica continua produzindo o mesmo rum, porém com o nome de Rum Santiago. Além dele, o mais famoso e popular é o Havana Club.

Os charutos cubanos
O outro ícone nacional e símbolo do país, é o charuto. Usados pelos indígenas no passado, se tornou o símbolo maior de Cuba. Cana-de-açúcar e fumo foram e são as duas maiores riquezas agrícolas do país. O tabaco foi levado para a Europa pelas expedições de Cristóvão Colombo. Para os europeus, o tabaco possuía qualidades medicinais, mas foi também associado a efeitos diabólicos e por isso proibido em determinados momentos. Ganhou popularidade na Espanha e chegou aos outros países europeus, se transformando numa das riquezas de Cuba.

Existem 33 marcas de charutos cubanos no mercado. Os mais famosos são: Cohiba, Monte Cristo e Romeo y Julieta. Os Cohiba ganharam notoriedade porque eram uma exclusividade do governo da Revolução. Somente Fidel Castro e os seus parceiros de governo podiam fumar o Cohiba até a década de 80. Era proibida a venda e exportação. Compramos alguns runs e charutos e seguimos para o hotel. Trouxemos uns Cohiba também. Hoje é permitido. Deixou de ser exclusividade do governo.

Por sugestão da concierge do hotel, à noite, fomos até o Restaurante Cinco Sentidos, localizado no coração de Havana Velha. Mais uma vez ela acertou. O restaurante é muito bom, numa cidade em que isso é um pouco raro. Combinou um atendimento simpático, eficiente, com comida de qualidade.

Fomos andando pelas ruelas estreitas, mal iluminadas e degradadas de Havana Velha. A população pobre e o ambiente de promiscuidade, assusta, mas não fomos ameaçados em momento algum. Na volta pedimos ao garçom, uma dica para um melhor caminho de volta e seguimos a sua orientação.

Durante o jantar, tivemos que explicar aos garçons sobre as queimadas na Amazônia. A propaganda política em Cuba não poupava o Brasil e o governo Bolsonaro. Os cubanos amam o Lula e o PT, por causa da enxurrada de recursos brasileiros que foram derramados ali. A propaganda política do governo cubano está ativa e a serviço da esquerda brasileira. Os garçons estavam certos de que o mundo estava se acabando. Que o fim do mundo começava pela destruição da Amazônia e que Bolsonaro tinha tocado fogo em tudo por lá. Consegui acalmá-los.

A propaganda política em Cuba é fortíssima. Imagens de Hugo Chavez e do ditador venezuelano Nicolás Maduro aparecem com frequência, consequência da parceria com a Venezuela de Hugo Chavez e com o Brasil do PT. Lula é um herói cubano.
27 de agosto de 2019
Saímos de Havana para Salvador, num voo da Copa Airlines, com escala na Cidade do Panamá. São 2,5 horas de Havana para o Panamá, uma conexão rápida, de apenas 50 minutos e um outro voo direto para Salvador, com 7,5 horas. As conexões rápidas são excelentes, mas costumam deixar os viajantes apreensivos. Qualquer contratempo curto, você perde o segundo voo. Deu tudo certo.

- Añejo
- Bacardí
- Café del Angel
- Carta Blanca
- Carta Oro
- Catillo de San Salvador de la Punta
- Charuto
- Cohiba
- Cuba
- D. Facundo Bacardí
- Fidel Castro
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- Havana Velha
- Hotel Nacional
- La Floridita
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- Michael Corleone
- Monte Cristo
- Museu da Revolução
- O Poderoso Chefão
- Restaurante Cinco Sentidos
- Romeo y Julieta
- Rum
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- Santiago de Cuba
- Silver Dry
Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.
Comment (1)
Miguel A. Gonçalves
22 set 2019Uma cidade tão interessante! Espero que um dia que se abra mais ao mundo exterior, não perca a sua essência fantástica de hoje em dia! 😉