A cidade de Piranhas, em Alagoas
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- joaquimnery
- 5 de junho de 2022
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17 de março de 2022
Três dias no Sertão de Alagoas, Sergipe e Bahia
Depois de três dias de visitas ao sertão de Alagoas, Sergipe e Bahia, onde conhecemos a Rota do Cangaço, fomos à Cachoeira de Paulo Afonso e tomamos banho no Lago de Xingó contemplando os cânions do São Francisco, chegou a hora de voltar. Decidimos fazer a viagem de volta, com uma parada estratégica em Aracaju. Antes de pegar a estrada, decidimos passar a manhã visitando o centro histórico de Piranhas.

O Mirante Secular
Como estávamos hospedados no hotel Pedra do Sino, na parte alta da cidade, começamos a visita pelo Mirante Secular, ao lado do Restaurante Kactus, próximo Hotel Pedra do Sino onde estávamos hospedados e que pertence ao mesmo grupo empresarial. Lá do alto do Mirante Secular existe um obelisco construído para a comemoração da virada do século XIX para o século XX e uma vista privilegiada da cidade e do Rio São Francisco. Muitos dos visitantes que vão a Piranhas, chegam ao Mirante Secular, subindo os 364 degraus de uma longa escadaria que liga o centrinho da cidade ao obelisco.

O pórtico das torres
Em seguida descemos as ladeiras de Piranhas, uma charmosa cidade localizada na margem esquerda do Rio São Francisco, que possui um grande valor histórico representado por um casario colonial colorido, bem preservado. A entrada da cidade histórica é marcada pelo portal das torres, que são réplicas da Torre do Relógio localizada em frente à antiga Estação de Trem da cidade.

A estátua do Padre Cícero
Logo após o pórtico das torres que marca a entrada da cidade antiga, existe uma pracinha com uma estátua do Padre Cícero. Passamos lá para uma foto.

O Museu do Sertão
Seguimos até a antiga estação de trem, onde funciona o Museu do Sertão, com um acervo ligado à história do cangaço, fotos e objetos de época. O cangaço no Nordeste aconteceu do final do século XIX ao início do século XX. Foi um movimento de banditismo que se espalhou pelas diversas cidades do interior do Nordeste durante aproximadamente 100 anos.

A história do cangaço
A história do cangaço é recheada de lendas e narrativas que criaram realidades desiguais. Existem, no imaginário popular do Nordeste, aqueles que cultuam os cangaceiros como heróis protetores dos pobres e esfomeados da zona rural nordestina da época. Outros veem e citam relatos das atrocidades feitas pelos cangaceiros, que levaram medo e terror para as cidades do interior.

Heróis ou bandidos?
Existem relatos sobre distribuição de dinheiro e alimentos para os mais pobres, mas existem também aqueles falando de cangaceiros que jogavam crianças para o alto para serem aparadas pelas pontas dos seus punhais. Chacinas e práticas de estupro coletivo nas fazendas e cidades por onde passavam. O espírito do cangaço ainda provoca polêmicas, estudos e discussões. Existem aqueles que os veem como heróis levados ao banditismo por questões de adversidades sociais e aqueles que os veem como bandidos sanguinários que amedrontaram o sertão por aproximadamente 100 anos.

O Lampião
O mais famoso de todos os cangaceiros foi Virgulino Ferreira da Silva, que recebeu o apelido de Lampião, por ter sido capaz de iluminar a noite com os tiros de sua espingarda. Liderou um grande bando e atravessou o Nordeste, desde o Maranhão até a Bahia.

O fim do cangaço
Lampião foi morto pela volante de Piranhas, no dia 28 de julho de 1938, na localidade da Grota de Angico, em Poço Redondo, Sergipe. Estava na companhia de Maria Bonita e mais 33 cangaceiros. Onze deles foram mortos na emboscada e tiveram as suas cabeças decepadas. Após a morte de Lampião, Corisco continuou com as atividades do cangaço e como líder do que restou do grupo. A morte de Corisco em 1940 marcou o fim do cangaço no sertão do Nordeste.

Joaquim Nery Filho é geógrafo, agente de viagens e empresário do showbusiness. Apaixonado por viagens e fotografia.